Porque o descontrole glicêmico pode
acarretar no emagrecimento não intencional
Atualmente milhares de pessoas estão na luta contra a balança, não somente
pela questão estética, mas também porque o excesso de peso é um fator para o
surgimento de diversas doenças. Na contramão dessa realidade existem também
aqueles que, involuntariamente, emagrecem com facilidade. Ainda que essa
condição pareça “sorte” para algumas pessoas, a perda de peso excessiva também
é uma questão de saúde: quando o emagrecimento acontece sem razão aparente, sem
que o indivíduo faça mudanças severas na dieta ou esforços físicos além do
habitual, é preciso ficar alerta. O emagrecimento não-intencional seguido de
alguns sintomas como sede em excesso, apetite exacerbado e desejo de urinar
constante podem indicar que a glicemia está muito acima do normal. Esse quadro,
além de representar um risco à saúde, é um dos principais indícios da diabetes
descompensada. Por se tratar de uma doença silenciosa, esses sinais podem
passar desapercebidos num primeiro momento e só despertar a preocupação dos que
convivem com o problema quando os sintomas já estão críticos. É de suma
importância que a hiperglicemia seja detectada e tratada, não somente para se
recuperar o peso do paciente, mas também para garantir sua saúde, uma vez que
este quadro pode levar à complicações severas no organismo.
Como ocorre
a hiperglicemia?
Obtida através da metabolização dos alimentos, a glicose tem um papel
substancial no organismo: é a principal fonte de energia rápida das células,
funcionando como um combustível para que o corpo possa desenvolver suas funções
normalmente. Porém, para que esse nutriente entre nas células é preciso que a
insulina – um hormônio produzido pelo pâncreas – “sinalize” a presença da
glicose, somente então é possível sua absorção e posterior transformação em
energia. Porém, quando o organismo sofre alguma alteração nesse processo, as
células não conseguem captar a glicose, resultando no acúmulo do açúcar circulante
no sangue – a hiperglicemia. Tanto a ineficiência na produção de insulina
(diabetes tipo 1) quanto à resistência ao hormônio (diabetes tipo 2) podem
acarretar em episódios de hiperglicemia.
Ainda que um dos principais fatores para o surgimento da diabetes seja a
dupla, obesidade e sedentarismo, isso não implica que somente pessoas acima do
peso estejam sujeitas a doenças. Fatores genéticos, histórico familiar e,
principalmente, o estilo de vida podem acarretar no desenvolvimento da
disfunção metabólica mesmo em pessoas magras – e quando o indivíduo passa a
perder peso de forma involuntária somada à sintomas como tontura, cansaço, fome
e sede constantes, seguidos da necessidade de urinar frequente, é preciso ligar
o alerta: esses sintomas podem ser sinal de que o indivíduo está com alta
concentração de glicose na corrente sanguínea.
Porque
acontece a perda de peso?
De acordo com a nutricionista Joanna Carollo da
Nova
Nutrii “Quando se trata da perda de peso relacionada à diabetes isso ocorre
pois, sem energia, o organismo precisa recorrer à outras fontes como as
reservas de gordura - levando a perda de peso não intencional “, ou seja, mesmo
que o indivíduo continue se alimentando normalmente, ou até mais, e continuará
perdendo peso devido à disfunção metabólica – “O indivíduo come mas a glicose
não chega às células, devido ao baixo nível de insulina no organismo,
levando à uma série de sintomas relacionados ao aumento da glicose no
sangue e à falta de energia.”
O apetite exacerbado é, inclusive, outra consequência da hiperglicemia: sem
energia, o corpo acionará os mecanismos de fome, aumentando o desejo por
alimentos especialmente ricos em glicose, como carboidratos simples. Contudo,
este sintoma é também uma armadilha: se não houver um controle da glicemia e da
dieta, a alimentação pode até mesmo agravar o problema, aumentando ainda mais a
glicose circulante.
Além de sintomas como mal estar, fraqueza e enjoos pela falta de energia, o
indivíduo com hiperglicemia passa a apresentar uma necessidade frequente de
urinar – conhecida como poliúria. Isso ocorre pois o organismo precisa eliminar
o excesso de glicose e passa a produzir mais urina afim de excretar o nutriente
– esforço que, consequentemente, leva à desidratação. Logo, o indivíduo também
passa a sentir uma sede intensa, denominada polidipsia.
Como evitar
a hiperglicemia e recuperar o peso?
A perda de peso não intencional deve ser sempre investigada, especialmente
quando acompanhada por sintomas relacionados à diabetes. Ainda que a princípio
os sinais da hiperglicemia pareçam brandos, o grande risco por trás do
diagnostico tardio é que o descontrole da glicemia acarrete em problemas renais,
da visão, circulação, doenças cardíacas e leve, até mesmo, ao coma.
Para que identificar a razão por trás da perda de peso involuntária é
fundamental o acompanhamento médico: quando decorrente da hiperglicemia,
atestada por exames laboratoriais, o indivíduo deverá adotar um novo estilo de
vida e novos hábitos alimentares afim de manter a glicemia sob controle.
“Pacientes diabéticos devem seguir uma dieta específica, que permita o
controle
glicêmico – tanto para evitar os altos níveis de glicose quanto a queda
brusca do nutriente na corrente sanguínea”. – explica Joanna. Algumas medidas
serão indispensáveis para tal: “Além de eliminar o uso do açúcar, o paciente
deverá incorporar hábitos como alimentar-se a cada 3 horas, ter um cardápio
balanceado e saudável – preferencialmente livre de alimentos industrializados –
controlar o consumo de carboidratos e dar preferência pelos integrais”.
Porém, a nutricionista complementa que quando se trata da recuperação da
perda de peso causada pelo diabetes, é preciso que a dieta contemple o estado
nutricional do indivíduo “Neste caso, a alimentação deve ser reforçada com
nutrientes que ajudem a recompor este peso – através de um cardápio específico,
de acordo com o caso do paciente, ou até mesmo da
suplementação
é possível aumentar a oferta calórica e proteica e, ao mesmo tempo, fazer o
controle glicêmico. Caso o profissional prescreva um tratamento medicamentoso
específico, mesmo os cuidados alimentares e a suplementação, este não deve ser
deixado de lado.” – explica Joanna. Não deve-se recorrer aos alimentos
gordurosos ou carboidratos refinados afim de ganhar peso, justamente porque
estes alimentos podem levar à novos episódios de hiperglicemia. Obviamente, o
acompanhamento de um nutricionista é indispensável para que as mudanças
necessárias no cardápio sejam identificadas e prescritas.
Fique
alerta!
A diabetes é conhecida como uma doença silenciosa pois o indivíduo pode
conviver por longos períodos sem ao menos desconfiar da doença, muitos,
inclusive, só descobrem que possuem a disfunção metabólica quando os sintomas
já estão críticos. Dados recentes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)
estimam que dos cerca de 14 milhões de brasileiros diabéticos, metade não sabe
que possui a doença.
Além de sintomas como a sede, fome, urina em excesso e a própria perda de
peso involuntária, outros sinais podem indicar que o nível glicêmico está acima
do normal: dores de cabeça, vômitos, sonolência, cansaço, visão turva, comichão
e hálito cetônico (com cheiro adocicado, semelhante ao de uma fruta) também
estão relacionados à hiperglicemia.
A adoção de um estilo de vida saudável, apoiado pela prática de exercícios e
uma alimentação balanceada são as principais armas para o controle dos níveis
de açúcar no sangue. Consultar-se regularmente com um médico e realizar exames
periódicos também é uma forma de prevenir e manter a diabetes sobre controle.
Seguindo os cuidados essenciais à risca, é totalmente possível ter qualidade de
vida e conviver com a doença sem grandes complicações.
Fonte: Nova
Nutrii
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