Número
de casos de câncer de tireoide esperado para 2016 é 5x maior em mulheres
do que em homens, aponta INCA
Segundo o órgão, tipo de câncer é o mais
comum na região da cabeça e do pescoço
Dos
mais de 500 mil novos casos de câncer estimados para 2016 pelo Instituto
Nacional de Câncer (INCA), 6.960 serão de câncer de tireoide. Esse 1% pode
representar pouco diante da incidência de outros tipos, porém é o necessário
para dar atenção a um problema que muitas vezes passa despercebido pela maioria
das pessoas, principalmente das mulheres.
De
acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM),
nódulos na tireoide irão afetar cerca de 60% da população brasileira durante
algum momento na vida. "Mesmo que 90%
desses nódulos tireoidianos sejam benignos, qualquer alteração deve ser
investigada. Havendo algum tipo de anormalidade, o paciente poderá iniciar o
tratamento necessário mais rapidamente", afirma Dra. Ana Hoff,
Chefe da unidade de endocrinologia do Instituto do Câncer do Estado de São
Paulo (ICESP) e endocrinologista do Centro de Oncologia do Hospital
Sírio-Libanês.
É
importante ressaltar que as mulheres são mais afetadas pela doença. Do total de
casos estimado pelo INCA para 2016, 84% dos casos acometerá o sexo feminino.
Aponta-se para 5.870 casos em mulheres, número cinco vezes maior do que o
estimado para os homens no período - 1.090.
A
tireoide é uma glândula situada na base da garganta e que produz e libera
hormônios responsáveis por regular a função de diversos órgãos, como rins,
cérebro, coração e fígado. Mesmo sem um estudo específico para isso, médicos
afirmam que este tipo de câncer é mais comum em mulheres do que em homens
devido aos fatores hormonais característicos do organismo feminino. Seu
principal grupo de risco são mulheres acima dos 35 anos, mas ele também pode
ser observado em jovens e em idosos - dos 25 aos 65 anos - e em pessoas
expostas à radiação no pescoço e na cabeça.
Diagnóstico
precoce aumenta chances de cura
Cerca
de 60% dos pacientes com câncer recebe o diagnóstico já em estágio avançado.
Isso porque, as vezes os sintomas acabam passando despercebidos ou confundidos
com outros problemas de saúde. "A investigação precoce de um nódulo
maligno pode ser decisiva na vida do paciente, levando em consideração que,
quando tratado no início, o câncer de tireoide tem ótimas chances de cura e
evita que as células cancerígenas se espalhem para outras partes do organismo.
É importante ficar atento a situações, como: dificuldade de engolir, problemas
respiratórios, tosse persistente, nódulo ou inchaço na região do pescoço,
rouquidão ou alterações na voz que não se dissipam", reforça a
especialista.
De
acordo com a SBEM, aproximadamente 85% dos pacientes com a doença diagnosticada
em fase inicial e com acesso ao tratamento correto, conseguem retornar a rotina
normalmente sem impacto no seu bem-estar. Os autoexames são a principal forma
de detectar um nódulo. Caso exista algum caso de câncer de tireoide na família,
relatos de exposição à radiação ou algum outro fator de risco, a atenção deve
ser redobrada. Se identificado o nódulo, um endocrinologista precisa ser
procurado para que seja indicado quais os exames deverão ser feitos para confirmar
ou descartar a presença de câncer.
Tratamento
Ao
longo dos anos, a mortalidade desse tipo de câncer, apesar da contínua
incidência, vem caindo devido ao progresso do tratamento. A cirurgia para a
remoção dos nódulos anormais é a principal forma de se buscar a cura. Após a
cirurgia, o paciente passa a tomar hormônios para substituir os que não podem
mais ser produzidos pela tireoide. Dependendo da avaliação médica, o tratamento
é estendido com terapias contendo iodo radioativo.
Nos
tipos mais agressivos e estágios mais avançados da doença, com metástase, as
lesões podem ser resistentes a esses tratamentos e quimioterapia. Para os
pacientes que apresentam resistência à iodoterapia, há opções de tratamento com
o sorafenibe (Nexavar®, da Bayer), que inibe o crescimento do câncer e reduz a
formação dos vasos sanguíneos que o nutrem.