Em
4 de fevereiro, é datado o Dia Mundial do Câncer. A ABHH alerta sobre
precariedade do sistema público de saúde e problemas na aquisição de
medicamentos
O
Dia Mundial do Câncer, datado em 4 de fevereiro, é uma oportunidade de alerta
para a sociedade sobre a dificuldade de acesso a tratamento e medicamento no
Brasil. A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular
informa que substâncias importantes que não são aprovadas pela Anvisa ou mesmo
com registro encontram dificuldade de acesso no Sistema Único de Saúde (SUS)
para tratamento de doenças onco-hematológicas, ou seja, cânceres de sangue.
No
Brasil, o processo de aprovação de novos medicamentos dura em torno de 18
meses, porém para o paciente esse tempo é elevado. Para Angelo Maiolino,
diretor da ABHH, o problema de acesso no País é alarmante. “Em outros países,
pacientes de mieloma múltiplo, tipo de câncer de sangue que atinge 30 mil
pessoas, têm acesso a diversos medicamentos que ainda não foram submetidos à
aprovação no Brasil devido ao entrave e burocracia da Anvisa”, explica o
hematologista.
Alguns
exemplos são carfilzomibe, bendamustina,
daratumumab e pomalidomida, terceira geração da talidomida, aprovada no Brasil
e com disponibilidade no SUS, mas com tempo determinado para pacientes, pois o
uso prolongado causa neuropatias periféricas, ou seja, formigamentos nos braços
e pernas. “Há quase dois anos, a lenalidomida, segunda geração da talidomida,
está em aprovação na Anvisa. A justificativa do órgão é que não há comprovação
científica que o medicamento proporciona benefícios aos pacientes. Mas o que
intriga a comunidade científica é que 80 países aprovaram o medicamento, menos
o Brasil, que tem exigências que são inaceitáveis”, explica Maiolino que também
é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O
mieloma múltiplo é um câncer originário da medula óssea, tecido formador de
célula de sangue que está no corpo todo e pode ser assintomático ou
sintomático, com sintomas que se manifestam - como anemia, fraqueza e dor nos
ossos - ou não quando a doença é diagnosticada. Originária dos plasmócitos,
células responsáveis pela produção dos anticorpos que são proteínas que
identificam e destroem agentes infecciosos (imunoglobulinas), o mieloma é um
câncer maligno.
Além
dos não aprovados, entre os que estão disponíveis há uma grande restrição para
pacientes do sistema público de saúde. “O bertozomibe é distribuído pelos
planos de saúde, mas a distribuição na rede pública é irregular. Não
conseguimos fazer um tratamento com planejamento com esse medicamento que é
essencial para o tratamento devido à escassez”, relata.
Saiba mais sobre a ABHH
A
Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) é
uma associação privada para fins não econômicos, de caráter científico, social
e cultural. A instituição congrega médicos e demais profissionais interessados
na prática hematológica e hemoterápica de todo o Brasil. Hoje, a instituição
conta com mais de dois mil associados.
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