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quinta-feira, 1 de junho de 2023

Contexto ambiental tem forte influência na dependência de drogas, mostra estudo

Pesquisadores observaram comportamento e estruturas cerebrais
 de camundongos após desenvolvimento de vício em cocaína
 e observaram maior agitação e ativação encefálica nos animais que relacionavam
o uso da cocaína a um determinado ambiente (
foto: arquivo do pesquisador)

 

O contexto ambiental desempenha um papel fundamental na compulsão por drogas de abuso, funcionando como uma espécie de gatilho, revela um estudo que envolveu pesquisadores das universidades Federal de São Paulo (Unifesp), Federal do Espírito Santo (Ufes), Estadual de Santa Cruz (Uesc) e de Bristol (Inglaterra). O grupo analisou o comportamento e as estruturas cerebrais envolvidas no processo de dependência por cocaína em modelo animal. Os resultados foram publicados recentemente na revista Biomedicines.

“Foi surpreendente ver a força do ambiente interferindo no contexto da dependência, algo que, de acordo com a literatura científica, acontece com diversas drogas com potencial de abuso, lícitas e ilícitas, como álcool e opioides”, diz Beatriz Monteiro Longo, professora de neurofisiologia da Unifesp e coordenadora do trabalho.

O estudo contou com apoio da FAPESP por meio de dois projetos (22/10520-0 e 2022/00249-8) e acompanhou camundongos fêmeas (escolhidas pela maior suscetibilidade a drogas e pela resposta comportamental rápida, conforme estabelecido na literatura) em dois experimentos que envolviam a injeção de cocaína tanto nas gaiolas-moradia, onde os animais passavam a maior parte do tempo, quanto em um local neutro, chamado pelos cientistas de campo aberto.

As duas experiências seguiram a mesma rotina. Inicialmente, houve uma fase de preparação, na qual, durante três dias consecutivos, todos os animais foram levados por dez minutos ao campo aberto para se habituarem. Ao final, sua atividade locomotora basal foi medida e eles foram distribuídos em três grupos.

Os animais do grupo que funcionou como controle receberam apenas solução salina dentro de suas gaiolas-moradia, cinco minutos antes de serem levados ao campo aberto, onde permaneceram por dez minutos. Então, retornaram à moradia, onde, duas horas mais tarde, receberam novamente solução salina. Para os animais do segundo grupo, foi administrada uma primeira injeção de cocaína durante a permanência no campo aberto e, após duas horas, os animais receberam uma segunda injeção, mas de solução salina, em suas gaiolas-casa. Ao terceiro grupo foi dada a primeira injeção de solução salina no campo aberto e a segunda injeção de cocaína nas gaiolas. Ou seja, os dois grupos que receberam cocaína tiveram o mesmo histórico farmacológico (receberam a mesma droga na mesma dose), sendo que um grupo associava os efeitos psicoestimulantes da cocaína com o ambiente (campo aberto) e o outro, não.

A intervenção foi feita a cada dois dias, durante duas semanas, tempo suficiente para o desenvolvimento da dependência, que foi observada por uma resposta comportamental progressiva e persistente de hiperlocomoção.

No primeiro experimento, a atividade locomotora dos animais voltou a ser avaliada no último dia de tratamento. O grupo que recebeu cocaína de forma pareada ao campo aberto apresentou aumento significativo na atividade locomotora quando comparado ao grupo-controle e a ele mesmo no primeiro dia de injeção.

No segundo experimento, depois de todo o procedimento, os camundongos foram mantidos por dez dias em suas gaiolas sem receber substâncias para, então, serem ali desafiados com cocaína e, na sequência, serem expostos ao campo aberto por dez minutos.

Como esperado, os dois grupos que haviam recebido a droga apresentaram aumento na atividade locomotora. Porém, no grupo injetado com cocaína no campo aberto, a movimentação foi ainda mais intensa. Segundo os pesquisadores, essa agitação retrata o efeito farmacológico da droga, que se soma ao efeito do ambiente na fase de expressão da dependência, que mimetizaria o desejo compulsivo pela droga em humanos quando o vício já está estabelecido.

“Para entendermos o que isso significa em seres humanos, basta pensar na pessoa que sempre bebe em determinado barzinho e, quando passa na frente dele, imediatamente sente vontade de entrar e tomar uma cerveja”, exemplifica Longo.


O que acontece no cérebro

Para acompanhar como cada etapa do desenvolvimento da dependência funciona os cientistas analisaram, além do comportamento, as diferentes estruturas encefálicas dos animais dos três grupos por meio da quantificação da proteína c-Fos, que funciona como um marcador da atividade neuronal e regulador intracelular das alterações causadas pela cocaína. Nessa avaliação foi empregada uma inovadora análise quantitativa de imagens 3D, conhecida como estereologia. Os cientistas constataram a ativação de áreas límbicas, relacionadas ao controle de emoções e comportamentos.

“Observamos ainda que as áreas cerebrais com atividades aumentadas são diferentes de uma fase para a outra: na primeira [fase da indução], todas as áreas do sistema límbico investigadas [córtex pré-frontal dorsomedial, núcleo accumbens core, amígdala basolateral e área tegmental ventral] estavam mais ativadas, mostrando que essas estruturas seriam importantes para o desenvolvimento da dependência; já na expressão da dependência [vício cestabelecido], algumas não estavam expressas”, diz Renan Santos-Baldaia, doutor em farmacologia, professor da Universidade Nove de Julho (Uninove) e primeiro autor do estudo. Foi o caso da área tegmental ventral, importante para a liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao sistema de recompensa do cérebro, o que sugere que as áreas analisadas participam de forma distinta nas duas fases.


Tratamento e políticas públicas

Os resultados do estudo ajudam a apontar possíveis caminhos para o tratamento da dependência química. “Por conta de sua complexidade, envolvendo inúmeras estruturas encefálicas, e do impacto que sofre do ambiente, modulá-la apenas farmacologicamente talvez não seja a melhor alternativa – atuar no ambiente, inclusive, talvez seja mais viável”, acredita Santos-Baldaia.

“Além disso, sabendo que o ambiente tem tanta influência no vício, será que a melhor opção para um dependente químico é isolá-lo da sociedade em uma clínica de reabilitação, que o tira do contexto, mas leva a uma chance de recaída muito grande no retorno ao ambiente anterior? Ou seria melhor, de alguma forma, substituir o prazer farmacológico?”

Nesse caso, o estudo acende um alerta importante para a necessidade de políticas públicas que transformem ambientes sem oportunidades culturais e de lazer, como as periferias, por exemplo, para que o prazer farmacológico não seja a única opção.

O artigo Distinctive Neuroanatomic Regions Involved in Cocaine-Induced Behavioral Sensitization in Mice pode ser lido em: https://doi.org/10.3390/biomedicines11020383.

  

Julia Moióli
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/contexto-ambiental-tem-forte-influencia-na-dependencia-de-drogas-mostra-estudo/41519/


Dicas de Headhunter: Supere-se sempre

David Braga, CEO e headhunter da Prime Talent Executive Search orienta sobre como manter a perseverança na vida pessoal e profissional para alcançar sonhos e metas 

 

Se tem algo que toda e qualquer empresa busca são profissionais diferenciados. Aqueles que entregam seus resultados e conseguem assumir o máximo de tarefas, em variadas disciplinas. É o que chamamos de “talento”, ou seja, aquele que se diferencia em meio a muitos outros colaboradores. Especialmente no momento em que as organizações buscam obter mais resultado, com menos pessoas, maior aplicação de tecnologia e um ambiente diverso, com pessoas de perfis variados. Se adaptar aos diversos contextos tem sido cada vez mais fundamental e, por isso, não basta apenas ter talento no que se faz. 

Perseverança é a atitude dos profissionais de sucesso. A palavra vem do latim perseverantia, que é o mesmo que determinação persistente. Quem tem perseverança, tem constância e aplica esse conceito tanto na sua vida pessoal, quanto na profissional para alcançar seus sonhos, metas e objetivos. A palavra no grego se escreve proskartereo, que significa "dar continuidade a uma ação após intenso esforço". 

Certa vez o esportista Usain Bolt disse a seguinte frase: "Eu treinei quatro  anos para correr nove segundos. Tem gente que não vê resultados em dois meses e desiste". E você, desiste no primeiro obstáculo, ou busca com garra, alcançar seus objetivos? A perseverança usualmente está conectada à sua determinação. É estar firme e constante em um propósito. Sendo assim, perseverar não é apenas persistir. É ser coerente com seu projeto de vida.

 

Para refletir

Veja dicas valiosas que abordo com os executivos com quem trabalho o reposicionamento no mercado de trabalho:

  • É importante você buscar o seu autoconhecimento, para conhecer quais são suas competências e habilidades e em que você ainda precisa melhorar;
  • Construir uma carreira exitosa, depende primeiramente de você;
  • Ter protagonismo e assumir o controle de sua vida é de vital importância;
  • Ao longo de nossa trajetória profissional, iremos nos deparar com adversidades, pessoas complexas e problemas no dia a dia. Tudo isso vai nos moldando e trazendo maior maturidade emocional;
  • Antes de desistir no primeiro desafio, pense quais aprendizados você pode obter perseverando.


David Braga - CEO, board advisor e headhunter da Prime Talent, empresa de busca e seleção de executivos, presente em 30 países pela Agilium Group; é conselheiro de Administração e professor convidado pela Fundação Dom Cabral; além de conselheiro da ABRH MG, ACMinas e ChildFund Brasil. Instagrams: @davidbraga | @prime.talent

 

A importância de um Plano de Continuidade de Negócios para a sua empresa

Preparar-se para situações de crises ou desastres não é comum para os brasileiros, pois é cultural termos uma visão otimista das coisas e da vida. Isso reflete também no comportamento de muitas empresas brasileiras que só entendem o valor e a importância de um Plano de Continuidade de Negócios quando já estão na situação de crise ou de desastre. Para evoluirmos em relação a gestão empresarial e de riscos, é preciso mais que fé, otimismo ou sorte. Estar preparado é a primeira regra em uma boa gestão de riscos e pode minimizar perdas, abalo na imagem da empresa, desvalorização, desastres ambientais, desemprego, entre outros. Para isso, existe o Plano de Continuidade de Negócios (PCN), mas, afinal, o que é isso?

O PCN é um produto da Gestão de Continuidade de Negócios, que é parte da Gestão de Riscos Empresariais, e consiste em um conjunto de planos, estratégias, acordos e arranjos, com o objetivo de prevenir, preparar e responder adequadamente a situações de disrupção do negócio, que podem levar a crises ou desastres.

A interrupção de processos de negócios críticos em qualquer tipo de negócio, pode ocasionar impactos de imagem, financeiros, operacionais, legais, ambientais e socioambientais, oferecendo uma oportunidade para a materialização de riscos e consequências prejudiciais aos stakeholders das organizações.

A gestão da continuidade de negócios é uma parte importante da governança corporativa e de riscos, e está ligada diretamente a capacidade de resiliência de uma organização. Isto pode representar maior ou menor risco para investimentos ou para seus clientes. Em uma boa análise de fornecedores, este item pode ser o diferencial decisivo para um comprador.

De acordo com o levantamento “The State of Cybersecurity 2023: The Business Impact of Adversaries on Defenders”, da empresa Sophos, que traz um panorama sobre os impactos da cibersegurança, 52% das organizações avaliadas disseram que as ameaças cibernéticas estão muito avançadas para elas lidarem sozinhas. Além disso, 64% gostariam que a equipe de TI pudesse dedicar mais tempo a questões estratégicas e menos tempo no combate a incidentes.

A cada dia, acompanhamos ataques de ransomware (código malicioso que pode obter dados com o uso de criptografia, e em seguida exigir um resgate em criptomoedas). Isso acontece em diversos setores de varejo, financeiro, saúde, entre outros. O Relatório de Ameaças Cibernéticas SonicWall 2023 revelou que o Brasil é o quarto maior alvo de ransomware do mundo, atrás somente dos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha.

Recentemente, o Hospital Universitário da USP sofreu uma ação de ransomware, que invadiu todos os sistemas e fez com que muitos processos fossem feitos em papel para não prejudicar o atendimento. A empresa de computação na nuvem, Ativy Digital, também sofreu um ataque do mesmo tipo em março. Na ação, que afetou os sistemas de acesso aos hosts, os cibercriminosos pediram um resgate que logo foi interrompido quando eles perceberam as tentativas de restauração por parte da empresa. Felizmente, neste caso, não houve indícios de vazamento de dados.

O Plano de Continuidade de Negócios é um importante investimento para empresas de todos os portes, e ajudará a sobrevivência frente a situações como ciberataques, ciber incidentes, danos de infraestrutura crítica, interrupção de processos ou problemas em parceiros. Além disso, avaliar os riscos de processos, pessoas e tecnologias em uma organização, mapear potenciais cenários de crises e preparar toda a organização para enfrentar isso, é um dos maiores valores agregados dessa prática.


3 passos para elaborar um Plano de Continuidade de Negócios   

Respeitando uma das melhores referencias no tema, o DRII (Disaster Recovery Institute International), fundado em 1998 nos EUA, recomendo de forma estratégica os seguintes passos: 

  1. Pré-Plano
    1. Criar um programa corporativo de continuidade de negócios;
    2. Identificar, classificar e tratar os riscos a continuidade;
    3. Análise de impactos no negócio (Quais partes do negócio merecem mais atenção?);
  1. Plano
    1. Definir estratégias para continuidade para processos, pessoas e tecnologias;
    2. Preparar a resposta a incidentes (nem todo incidente é uma emergência e nem todo incidente é uma crise!);
    3. Elaborar o Plano de Continuidade de Negócios (Tecnologia e processos precisam estar preparados!);
  1. Pós-Plano
    1. Treinar e conscientizar equipes e liderança;
    2. Auditar, medir e monitorar a Continuidade;
    3. Adequar a comunicação em crises (Planos de comunicação em crises);
    4. Coordenar com agências externas.

Gerir riscos é estar preparado! E para isso, o ideal é compreender as suas capacidades, seus riscos e como enfrentá-los. Infelizmente, sendo proveniente de uma ameaça cibernética, de um ataque direcionado, de uma falha operacional ou de uma interrupção de tecnologias ou de parceiros, uma situação de disrupção pode ser o fator decisivo para a vida ou a morte de uma empresa. Portanto, um plano de continuidade de negócios, trata-se de uma boa preparação para minimizar perdas e impactos aos negócios, protegendo assim marcas, reputações, empregos e regiões.

 


Jeferson D’Addario - CEO do Grupo DARYUS, professor coordenador do MBA em Gestão e Tecnologia em Segurança da Informação (GTSI), do MBA em Gestão de Risco e Continuidade de Negócios (GRCN) do Instituto DARYUS de Ensino Superior Paulista (IDESP) e consultor sênior em Continuidade de Negócios e Gestão de Riscos.

Grupo DARYUS
https://www.daryus.com.br/

 

Sustentabilidade em Saúde é coisa de gente grande?

Até meados dos anos 1990 as organizações eram avaliadas quanto ao seu desempenho somente pelo viés financeiro (lucro ou prejuízo). Mas o inglês John Elkington, conhecido como o Pai da Sustentabilidade Corporativa, entendeu que além do aspecto financeiro era importante saber como as organizações chegavam ao resultado apresentado, considerando sua interação com as pessoas e também com o Meio Ambiente. Nascia ali o conceito do Tripé da Sustentabilidade.

Nos anos seguintes, essa discussão se concentrou majoritariamente em mercados com foco mais comercial ou restrita às grandes empresas. Contudo, o documentário “Uma Verdade Inconveniente” (2006), produzido pelo ex-vice-presidente americano Al Gore, lançou luz à questão dos efeitos devastadores do aquecimento global e os riscos ao planeta, ligando um sinal de alerta em todas as cadeias produtivas mundo afora.

Tive a honra de ter sido um dos primeiros profissionais no Brasil a discutir a Sustentabilidade na Saúde, por meio do desenvolvimento e implantação do 1º departamento de Sustentabilidade Corporativa em um hospital público no País e na América Latina, em 2010: o Hospital Municipal de Cubatão, no Litoral de São Paulo.

À época, em meio a um quase total desconhecimento sobre o projeto, sobre questionamentos em “investimento sem retorno” e outras mazelas, conseguimos resultados formidáveis, como a redução em 7% do custo operacional da unidade, apenas com a implantação de uma política de consumo consciente, ao rever padrões de consumo, qualificando fornecedores e otimizando processos. Tivemos diversos ganhos, como exposição espontânea positiva na mídia nacional e internacional, redução do absenteísmo e rotatividade, dentre outros.

Nos últimos anos, a discussão sobre Sustentabilidade avançou, mas não de forma igualitária e qualificada. É extremamente comum conversar com diretores de hospitais, laboratórios e outros serviços de Saúde e descobrir que a Política de Sustentabilidade da instituição consiste em disponibilizar lixeiras para a coleta seletiva de resíduos, que na maioria das vezes servem para tudo, menos para o descarte de recicláveis. E quando questiono o motivo de não existir uma estratégia clara para o tema, conectada ao Planejamento Estratégico, a resposta padrão é: “não é o momento de falarmos disso”; ou “não temos recursos”; ou ainda: “a Comissão de Resíduos e a Comissão de Humanização já cuidam bem disso”.

Esses erros crassos acontecem por falta de conhecimento qualificado sobre Sustentabilidade, mesmo entre os gestores nos níveis mais elevados da hierarquia. Isso faz com que o tomador de decisões não tenha sensibilidade para saber, por exemplo, que Sustentabilidade não é só Meio-Ambiente, como é amplamente difundido, mas a capacidade que aquela organização ou ecossistema de Saúde tem de se manter operando por longas décadas.

Além disso, é muito comum o gestor imaginar altos custos com reformas nas instalações físicas, colocação de painéis solares ou softwares de última geração. Mas antes mesmo de falarmos em recursos é preciso preparar os atores envolvidos no processo e construir uma cultura de Sustentabilidade, baseada em sensibilização, capacitação e melhoria contínua. Muitas vezes isso requer investimento zero, a não ser tempo e resiliência.

Tudo aquilo que é cultural leva tempo para ser construído de forma sólida, e Sustentabilidade não é diferente. Isso esbarra na visão imediatista que busca por resultados a curto prazo, além da dificuldade em tangibilizar resultados como melhoria na percepção de valor da sua marca e outros resultados que são mais “abstratos” que a redução na conta de luz ou água, de um mês a outro.

Para ser realmente “Sustentável” uma organização precisa buscar aprendizagem constante e ter a inovação e adaptabilidade no core do negócio, tendo finalidade lucrativa ou não, público, privado, de grande ou pequeno porte. Em suma, trabalhar a Sustentabilidade é gerar maior eficiência operacional e competitividade, para não correr o risco de desaparecer, caso as políticas públicas não acompanhem a mesma filosofia.

 

Alexandre Hashimoto - especialista em Gestão e Negócios e doutor em Sustentabilidade e Empreendedorismo. Atua como consultor, palestrante, treinador e autor do livro Gestão de Sustentabilidade em Organizações de Saúde.

 

Dia Mundial do Meio Ambiente: como as empresas podem fazer a sua parte?

Com foco no desenvolvimento responsável, a Mercur, empresa gaúcha de 98 anos, avança nas suas práticas socioambientais para reduzir os impactos no planeta


No próximo dia 5 de junho, celebra-se o Dia Mundial do Meio Ambiente. Essa data tornou-se referência para a sensibilização ambiental, mobilizando milhões de pessoas por meio de atividades, eventos e ações de engajamento em todo o planeta. Em 2023, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) comemora 50 anos da instalação desse dia para fomentar a reflexão e a ação mundial em prol do meio ambiente. 

Com uma atuação direcionada em reduzir seus impactos ambientais, a Mercur, indústria das áreas da saúde e educação, tem focado seus negócios em soluções em que a cadeia produtiva, a sociedade e o meio ambiente sejam beneficiados. Para isso busca cocriar aquilo que faz sentido na vida das pessoas ao fomentar o cuidado e a proteção ao meio ambiente como um Jeito Mercur de ser e fazer. 

Na sua evolução empresarial, o cuidado passou a ser prioridade nos processos de relação com o meio natural, com as comunidades, com a cocriação e legitimação de soluções e de inovações empreendidas em seus produtos e serviços. Dessa forma, cada uma das ações da Mercur passou a ser questionada e refletida com o propósito de fomentar um mundo adequado para todas as pessoas e também para o meio ambiente. “Percebemos que poderíamos fazer a diferença tendo um olhar mais atento para as matérias-primas que utilizamos em nossos processos. Assim, passamos a buscar soluções mais responsáveis que passam pela redução dos impactos socioambientais da Mercur”, explica Jorge Hoelzel Neto, Facilitador da Direção da Mercur. 

Diante desse cenário, a empresa tem adotado diversas práticas de gestão socioambiental que buscam diminuir e compensar o impacto da Mercur no meio ambiente e apoiar na regeneração do planeta. Iniciativas estruturantes como a redução do uso de água potável em mais de 60% entre os anos de 2009 e 2022, por meio da coleta das águas das chuvas, possibilitam à empresa a fazer o reuso de água em diversos banheiros, por exemplo. Desde 2016, a empresa não faz testes em organismos vivos e realiza ensaios biológicos, um tipo de experimento científico que investiga os efeitos de uma substância em testes in vitro. Outras ações realizadas pela empresa gaúcham também podem servir de inspiração para outras indústrias brasileiras: 

 

Redução do uso de plástico nas embalagens: desde 2012, a Mercur reduziu e eliminou o uso de plástico nas suas embalagens dos produtos de saúde. Em nove anos, deixou de utilizar mais de 370 toneladas de plástico. As embalagens de plástico dos produtos para a área da saúde foram substituídas por caixas de papel cartão reciclável, de fonte renovável, muitas com certificação FSC (Forest Stewardship Council ou Manejo Florestal). A impressão é feita com tinta atóxica e o acabamento em verniz à base d'água, para evitar a contaminação ao meio ambiente após o uso e facilitar a reciclagem. 

 

Insumos renováveis: A Mercur alterou a formulação das borrachas de apagar naturais e substituiu a carga mineral não renovável por fécula de mandioca, de origem vegetal. Assim, as borrachas de apagar passaram a ter até 75% de matéria-prima renovável em sua composição, contribuindo na redução de impactos com o meio ambiente. Na área da saúde, a Ponteira Articulada é um acessório desenvolvido para proporcionar mais segurança e estabilidade ao usuário durante a caminhada com muletas. Ela é fabricada em borracha natural e sua composição apresenta sílica, de origem vegetal, extraída da cinza da casca do arroz, o que a torna cerca de 60% renovável. 

 

Carbono neutro: Em 2009, a empresa passou a monitorar as emissões de gases causadores do efeito estufa (GEE) gerados nas suas operações e de seus parceiros. Para reduzir essas emissões, passou a utilizar modos alternativos ao rodoviário (como a cabotagem, por via marítima) para transportar produtos e matérias-primas, além de iniciar o plantio de árvores nativas, a fim de compensar os impactos negativos que não podem ser reduzidos. Para cada tCO2e (tonelada de CO2 equivalente), são plantadas 6,3 árvores, tornando a Mercur uma empresa Carbono Neutro, desde 2015. 

 

Usina de Energia Solar Fotovoltaica: desde janeiro de 2023, a Mercur produz 50% de energia limpa utilizada nas duas plantas da empresa (centro e Distrito Industrial) localizadas em Santa Cruz do Sul/RS. A Usina gera 1.600MWh de energia por meio de 2.690 painéis em uma área de dois hectares. O impacto ambiental causado no local da construção foi compensado com o plantio de árvores nativas em um espaço de preservação da empresa. Foram realocadas jerivás e butiazeiros e plantadas 1,2 mil mudas de espécies nativas como compensação. A madeira de eucalipto retirada da área abasteceu a caldeira da empresa por mais de cinco meses.  

Essas e outras práticas socioambientais da empresa são amparadas nos direcionadores e evoluem com o engajamento das pessoas que contribuem com o processo e sabem que suas atividades cotidianas estão interligadas nas transformações socioambientais da Mercur e da sociedade.

  

Mercur
mercur.com.br

 

Com Pix, transações digitais per capita quase dobram no País

Em 2022, o sistema de transferências instantâneas alcançou a maior participação em número de transações em relação aos demais meios de pagamento, de 29%

 

O volume de transações financeiras digitais por pessoa praticamente dobrou desde o lançamento do Pix no fim de 2020, acompanhado, no mesmo período, de uma redução mais acelerada dos saques de dinheiro físico no País, afirmou o Banco Central.

As operações per capita por meio digital eram de 242 em 2020 e passaram a 453 em 2022. Em 2012, eram 131.

No ano passado, o sistema de transferências instantâneas criado pelo BC já alcançou a maior participação em número de transações em relação aos demais meios de pagamento, de 29%.

Por outro lado, a quantidade de saques em caixas eletrônicos e agências bancárias caiu de 3,4 bilhões em 2020 para 2,6 bilhões no ano passado. Em valores, a queda foi de R$ 2,5 trilhões para R$ 2,1 trilhões. Em 2012, o número era de 3,9 bilhões, com movimentação financeira de R$ 4,5 trilhões.

"A quantidade e o volume financeiro de saques em ATMs e agências bancárias vêm se reduzindo ao longo do tempo de forma gradual. De 2020 em diante, essa redução de uso parece ser mais acentuada, o que pode ser explicado pelas mudanças comportamentais da pandemia, a introdução do Pix e o aumento de transações com cartões", detalhou o BC.

As avaliações foram feitas no boxe "Evolução de Meios Digitais para a Realização de Transações de Pagamento no Brasil", que faz parte do Relatório de Economia Bancária de 2022, a ser divulgado na íntegra no dia 6 de junho, às 8 horas.

Segundo o BC, o avanço das transações digitais antecede o Pix e as mudanças provocadas pela pandemia de covid-19, embora tenha se tornado mais vigoroso nos últimos dois anos. Um marco, diz o órgão, é a criação formal das instituições de pagamento, conforme regulação do órgão em 2016.

Houve ainda o crescimento da utilização do telefone celular para fins de realização de transações financeiras, hoje o principal canal de relacionamento da população brasileira com o sistema.

Em relação à participação de cada instrumento de pagamento na quantidade total de transações financeiras de 2012 a 2022, o BC observou um crescimento mais acelerado no uso de cartões, com possível relação, segundo o órgão, da entrada de instituições de pagamento, que emitem cartões de crédito e cartões pré-pagos.

Com o uso do Pix, a partir do fim de 2020, houve redução relativa da utilização dos demais meios de pagamento, mas a autarquia pondera que, em termos absolutos, há contínuo aumento da utilização de cartões, com estagnação de boletos e redução acelerada no pagamento com cheques.

Em 2022, o cartão de crédito representou 20% da quantidade de transações, o de débito, 19%, e o pré-pago, 9%. O conjunto de cartões representava 39% de participação em 2012, mas não havia a modalidade pré-pago.

Já o boleto representou 11% do volume de transações no ano passado, contra 28% em 2012.

O cheque apresentou participação quase nula em 2022 ante 7% em 2012.

"Em apenas dois anos de operação, entre novembro de 2020 e dezembro de 2022, o Pix tornou-se o instrumento com maior quantidade anual de transações (participação de 29%)", destacou o BC, acrescentando papel importante do meio de pagamento na inclusão de pessoas que nunca haviam realizado transferências.

"As instituições de pagamento vêm tendo papel relevante na inclusão financeira, ao proporcionar contas de pagamento a pessoas que anteriormente não tinham nenhum relacionamento com o sistema financeiro", completou.

Em relação ao valor transacionado por meio de pagamento, o BC ressaltou que as transferências inter e intrabancárias continuam liderando, respondendo por cerca de 65% do volume financeiro transacionado em 2022. O Pix representou 12%, atrás ainda do boleto (13%).


 Estadão Conteúdo


Fiscalização da velocidade e reforço na sinalização buscam reduzir acidentes nas praças de pedágio

Entre 2021 e 2022 foram registradas mais de 1400 ocorrências nos pontos de cobrança, a maior parte são choques contra estruturas, cancelas ou veículos


Passar pelas praças de pedágio para o pagamento da tarifa exige atenção e cautela por parte dos motoristas. O alerta vem da ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São Paulo após levantamento que aponta que em 2021 e 2022 ocorreram 1.406 acidentes nas praças de pedágio. Deste total, 834 foram choques contra as estruturas das praças, cancelas e veículos e 59 foram contra a cabine. 

Para diminuir estes índices, e manter a segurança dos usuários e dos colaboradores que atuam nas praças, o Programa de Concessões do Estado de São Paulo começou a exigir nos contratos firmados a partir de 2019 a implantação de medidas extras de segurança, como a instalação de lombadas eletrônicas que detectam a velocidade do veículo e podem até gerar multas, caso o motorista esteja acima do limite permitido, que é de 40 km/hora. A fiscalização também pode ser feita em operações da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). 

“O excesso de velocidade é um dos principais causadores de acidentes nas praças de pedágio e pode gerar colisões graves, não somente com veículos parados mas também com a cabine ou cancelas, além de trazer riscos para os operadores que fazem o atendimento aos motoristas. Por isso, a conscientização e ações de segurança são essenciais para a redução destes índices”, alerta Milton Persoli, diretor-geral da ARTESP.

 

Outras medidas  

Além da fiscalização eletrônica de velocidade, a sinalização de solo próximo às praças de pedágio (na chegada e saída) também tem recebido nova padronização para reforçar a segurança. No novo padrão, as faixas de chegada às praças foram afuniladas e ganharam pinturas em alto relevo que emitem ruídos para alertar o motorista caso o carro saia da faixa de rolamento. 

Outras medidas de segurança são a proteção das cabines com dispositivos de contenção com amortecedores de impacto e a implantação de sinalização horizontal (pintura de solo) de baias de atendimento ao usuário logo após a praça com objetivo de fornecer um local mais seguro para atendimento, sem prejudicar a fluidez da pista.

 

Dicas de segurança nas praças de pedágio 

·         Obedeça ao limite de velocidade no local, que é de 40 km/h

·         Preste atenção na sinalização que indica a proximidade à praça, implantada a partir de cerca de 2 quilômetros do local. Reduza a velocidade gradualmente, conforme as placas de regulamentação, até a chegada à cabine;

·         Mantenha distância do veículo à frente, cerca de 30 metros, suficiente para uma frenagem segura;

·         Fique atento aos números das cabines que estão em operação (sinalizadas em verde), as que atendem os veículos com tag e pagamento manual, para não parar na fila errada;

·         Só realize mudança de faixa de rolamento em condições seguras, evitando manobras bruscas na praça de pedágio;

·         Caso o veículo utilize tag, verifique antecipadamente se há crédito suficiente para pagamento da tarifa e se o equipamento está instalado no local correto para leitura - abaixo do espelho retrovisor;

·         Em pista de cobrança automática, no caso em que a cancela não abra, aguarde orientação do colaborador;

·         Se o pagamento for em dinheiro, separe antecipadamente o valor da tarifa e deixe em local de fácil acesso.


Caminhões estarão recolhendo agasalhos neste domingo

No dia 04/06, domingo, acontece o Iom Mitzvah, campanha de agasalho da Federação Israelita do Rio Grande do Sul (FIRS).

A frota de caminhões, especialmente designada para a campanha, percorrerá as ruas de Porto Alegre recolhendo as doações diretamente nas casas dos cidadãos. Para participar da campanha, basta separar as doações e aguardar a passagem dos veículos, que estarão circulando das 10h às 16h.

Além disso, as doações também podem ser feitas nos pontos de coleta fixos, no Colégio Israelita (Av. Protásio Alves, 943), Habonim Dror (Rua Felipe Camarão, 478), CRECI RS (Rua Guilherme Alves, 1010) e na Praça da Encol.  


Confira a rota dos caminhões! 

  1. Bom Fim e Sta. Cecília
  2. Cidade Baixa e Centro (parte mais residencial)
  3. Jardim Botânico e Petrópolis
  4. Santana, Azenha e Menino Deus
  5. Rio Branco, Moinhos de Vento, Auxiliadora e Mont'Serrat


Serviço: 

O que: Iom Mitzvah, campanha de agasalho. 

Quando: domingo, 04 de junho. 

Horário: Das 10h às 16h.  

Onde: Ponto de partida da frota de caminhões no Colégio Israelita. (Av. Protásio Alves, 943).

 

O fracasso educacional brasileiro: o abismo na leitura e escrita reflete nossa incapacidade de se comunicar e compreender o outro

Minha experiência como professor universitário não tornou menos chocante a leitura do último resultado – o primeiro para o Brasil – do Pirls 2021 (Progress in International Reading Literacy Study). O país enfrenta um cenário preocupante no que diz respeito às habilidades de leitura e escrita, que vão muito além do simples ato de decifrar palavras, e isso se reflete nas dificuldades de escrita e leitura que encontro nas salas de aula do ensino superior. Nossa capacidade de ler e escrever reflete diretamente nossa habilidade de nos comunicar e, mais importante ainda, de entender o outro, o que evidencia o tipo de sociedade que estamos formando.

No resultado publicado do Pirls 2021 o Brasil obteve um resultado desolador, ocupando a 39.ª posição entre 43 países avaliados. Para piorar, ficamos atrás de nações consideradas mais pobres, como Azerbaijão e Uzbequistão. Essa colocação alarmante nos coloca diante de uma triste realidade: estamos falhando em desenvolver as habilidades básicas de leitura e escrita em nossos alunos.

A leitura não se resume apenas à decodificação de palavras; ela envolve a capacidade de compreender textos, estabelecer conexões, interpretar contextos e desenvolver um senso crítico. Da mesma forma, a escrita vai além de simplesmente colocar palavras no papel; ela exige a habilidade de expressar ideias, organizar pensamentos e transmitir informações de forma clara e coerente. É por meio da leitura e escrita que nos conectamos com outras pessoas, compartilhamos conhecimento, expressamos nossos pensamentos e compreendemos diferentes perspectivas. Quando falhamos em cultivar essas habilidades, corremos o risco de criar uma sociedade fragmentada e com dificuldades de se entender e cooperar.

Os resultados do Pirls 2021 são um alerta claro de que algo está errado em nosso sistema educacional. Apenas 13% dos alunos brasileiros foram classificados como proficientes, enquanto 38% não dominavam as habilidades básicas de leitura. Isso levando em consideração que os alunos que efetivamente fizeram a prova em 2021 eram aqueles que estavam na escola. Em outras palavras, talvez não tenhamos nem considerado os alunos de pior desempenho ou com maiores restrições econômicas. Essa deficiência tem raízes profundas, e a pandemia apenas agravou essa situação.

É inadmissível que um país com tantos recursos e potencial como o Brasil esteja ficando para trás em relação a nações que priorizam o desenvolvimento dessas competências. Países como Singapura, Hong Kong, Rússia, Inglaterra e Finlândia, que alcançaram os melhores desempenhos no Pirls, entendem a importância de uma educação sólida e voltada para a formação integral dos indivíduos. Enquanto nos concentrarmos em criar meras engrenagens para um sistema produtivo – o que a reforma do Ensino Médio representa, por exemplo – falharemos em desenvolver cidadãos.

É necessário alinhar as avaliações nacionais, como o SAEB, aos padrões internacionais de excelência e não apenas focar nas estatísticas mais convenientes que nos convencem de que estamos indo bem só porque não adotamos as mesmas regras do resto do mundo. A deficiência na leitura e escrita não se limita apenas a uma questão individual, mas é também um problema social. A falta de comunicação efetiva e compreensão mútua gera divisões, preconceitos e limitações no desenvolvimento coletivo. Para construir uma sociedade mais justa e democrática, é imprescindível investir na educação de qualidade que promova o domínio da leitura e escrita como ferramentas essenciais para a participação cidadã.

 

Walcir Soares Junior (Dabliu) - doutor em Desenvolvimento, é professor do curso de Ciências Econômicas na Business School da Universidade Positivo (UP).

 

Proteção trabalhista e a dignidade do trabalho humano


No final do mês de maio, foi notícia no meio jurídico a decisão do Supremo Tribunal Federal em torno da relação de trabalho existente entre motorista de aplicativo e a plataforma. Tratou-se de decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes, que julgou procedente a reclamação constitucional para deslocar a competência para a Justiça Comum.


O processo que deu origem à reclamação constitucional tramita perante o TRT-3 e havia reconhecido o vínculo de emprego entre o motorista e a plataforma e que teria, segundo o ministro Alexandre de Moraes em seu relatório, desconsiderado "as conclusões do Supremo Tribunal Federal Ano Julgamento ADC 48, na ADPF 324, no RE 958.252 (Tema 725-RG), na ADI 5.835 MC/DF e no RE 688.223 (Tema 590-RG), que permitem diversos contratos distintos da estrutura tradicional do contrato de emprego regido pela CLT".


Um dos aspectos que chama a atenção na leitura diz respeito aos fundamentos do TRT-3, transcrito e que diz, a certa altura, para fundamentar o reconhecimento da relação de emprego: " Princípio da livre iniciativa não autoriza a fraude nas relações de trabalho, mas deve respeitar o valor social do trabalho e a dignidade da pessoa humana do trabalhador (artigo 1º, III e IV, da CF. (...)." 


Constata-se, pelos fundamentos exarados pelo tribunal regional, uma preocupação acentuada em preservar a dignidade do trabalho e da pessoa humana do trabalhador, encontrando na CLT a única forma possível de que seja reconhecido àquele que trabalha sua realização enquanto pessoa e cidadão.


Talvez este seja o dilema do julgador: como reconhecer, fora dos parâmetros de proteção da CLT, outras formas de trabalho capazes de trazer, ao trabalhador, realização pessoal com liberdade e dignidade? A fundamentação de que o Código Civil não seria instrumento adequado a dignificar o trabalho humano, com todo respeito, caberia perfeitamente nos primórdios da formação do Direito do Trabalho, na época da revolução industrial que empurrou o estado a interferir nas questões trabalhistas. Nem o Direito Civil hoje convive com ofensa à dignidade da pessoa humana.


Há dificuldade da compreensão de que novos modelos de trabalho devem ser analisados fora dos parâmetros tradicionais. Na atualidade, a forma de trabalhar, com a utilização dos meios tecnológicos e informatizados, leva em consideração outros fatores. No caso específico de motoristas por aplicativos, o exercício da liberdade de tempo e as opções de atendimento que o modelo permite tendem a afastar a subordinação específica do emprego. Não há subordinação e sim responsabilidade em relação aos consumidores do modelo de prestação de serviços.

 


Paulo Sergio João - advogado e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.


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