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ryanking999 |
O câncer colorretal
(intestino grosso/cólon e reto) resulta em 900 mil mortes anuais no mundo,
atrás apenas do câncer de pulmão. No Brasil, a doença é o segundo câncer mais
comum em homens e mulheres, com 45.630 novos casos anuais
A cor azul-marinho simboliza as ações de conscientização sobre o
câncer colorretal durante o mês de março. Mas elas devem ser incentivadas
ao longo do ano todo. À exceção do câncer de pele não melanoma, o câncer
colorretal é o segundo câncer mais comum em mulheres (precedido apenas pelo
câncer de mama) e em homens (atrás apenas do câncer de próstata). São
esperados para cada ano do triênio 2023-2025 um total de 45.630 novos casos
anuais de câncer colorretal no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer
(INCA). São 23.660 em mulheres e 21.970 em homens. No mundo, o câncer
colorretal representa 10% de todos os tipos de câncer, com 1,9 milhão de novos
casos anuais e 935 mil mortes, segundo o levantamento Globocan, da Organização
Mundial da Saúde.
É importante lembrar que essas estimativas podem variar
conforme a região do país, idade, estilo de vida e histórico familiar, entre
outros. No sul e sudeste, por exemplo, a incidência é maior. Os especialistas
também estão preocupados com o aumento dos casos de câncer colorretal em
pessoas com menos de 50 anos nos últimos anos. “No consultório, colegas e eu
estamos vendo casos em pacientes mais jovens. Nos Estados isso também está
ocorrendo”, revela o cirurgião oncológico Marcus Valadão, diretor científico da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
Um dos fatores que contribuem para o câncer
colorretal em pessoas mais jovens é a alimentação rica em gorduras e alimentos
processados e ultraprocessados. “Ainda que nunca tenha se falado tanto em dieta
saudável, poucas pessoas seguem essa recomendação. A maioria ingere muitos
embutidos, pouca fibra, muita comida ultraprocessada”, observa Valadão. Ele
lembra que o sobrepeso ou obesidade e a falta de uma rotina de exercícios
(sedentarismo) comprovadamente agravam os riscos de um dia apresentar esse tumor.
A SBCO está comprometida com a divulgação de
informações para incentivar a prevenção e a identificação precoce dos tumores
colorretais. “Ao conhecer mais sobre os fatores de riscos de câncer colorretal,
o indivíduo aprende o que fazer para se prevenir e pode aumentar as suas
chances de nunca ter a doença”, diz Valadão.
O texto abaixo reúne dados fundamentais para ajudar
o indivíduo a compreender a importância da sua participação na prevenção dos
tumores de câncer colorretal.
10 COISAS QUE VOCÊ DEVE SABER
SOBRE CÂNCER COLORRETAL
1 - Alimentação pobre em
fibras e rica em gordura, o excesso de peso e o sedentarismo são os principais
fatores de risco para o câncer colorretal
A ciência comprovou que a alimentação pouco
saudável, os quilos a mais e a falta de uma rotina de atividade física são os
principais fatores de risco para o aparecimento dos tumores colorretais.
Tabagismo e alto consumo de bebidas alcóolicas também aumentam o risco. A dieta
pouco saudável é caracterizada pelo consumo elevado de carne vermelha, de
alimentos processados (conservas, latarias, pães) e ultraprocessados
(refrigerantes, biscoitos, sorvetes, embutidos, geleias, misturas para bolos,
salgadinhos chips e também produtos instantâneos ou congelados para aquecer e
comer, a exemplo de massas, pizzas, hambúrgueres e frango empanado). Mais um
aspecto que identifica a alimentação pouco saudável é a baixa ingestão de
alimentos ricos em fibras (verduras, legumes, frutas e grãos).
2 - O câncer colorretal é prevenível e evitável.
Não existe uma fórmula a ser seguida que seja capaz
de evitar 100% o câncer colorretal. Mas ainda que esta seja uma doença
associada a causas múltiplas, é possível manter alguns fatores de risco sob
controle. Uma das atitudes mais recomendadas pelos especialistas é adotar uma
dieta equilibrada, rica em fibras, frutas e vegetais, bem como fazer exercícios
regularmente (o ideal é 5 vezes por semana, com intensidade moderada a alta).
Tudo isso ajuda a saúde do intestino e diminui a probabilidade de inflamações,
que podem contribuir para o desenvolvimento do câncer colorretal. Além disso, é
importante evitar o consumo excessivo de álcool e tabaco. Submeter-se a exames
preventivos regularmente é mais uma medida imprescindível. A detecção do câncer
colorretal em estágios iniciais aumenta as chances de cura e diminui a
necessidade de tratamentos mais invasivos. Além disso, o rastreamento por
colonoscopia possibilita a retirada de pólipos pré-malignos, antes que eles
possam evoluir para câncer.
3 – O que fazer se alguém na
família tem ou teve câncer colorretal?
O histórico de câncer colorretal na família aumenta
o risco de parentes em primeiro grau do paciente (pais, irmãos e filhos ou
filhas) virem a ter o mesmo tipo de tumor. Esses tumores são causados por
mutações em genes específicos que estão envolvidos no controle do crescimento e
divisão celular no cólon e no reto. Pessoas com histórico familiar de câncer
colorretal ou com suspeita de câncer colorretal hereditário devem buscar
aconselhamento genético e realizar exames preventivos específicos.
4 - Quantos tipos de tumor
colorretal existem?
Os tumores colorretais podem ter características
celulares distintas. Sua identificação é feita por meio de análises de amostras
do tecido canceroso em laboratório obtidas por uma variedade de métodos,
incluindo biópsias e ressecções cirúrgicas. O tipo mais frequente é de
câncer colorretal é o adenocarcinoma, que começa nas células que revestem o
interior do cólon ou do reto. Já o adenocarcinoma mucinoso produz grande
quantidade de muco. Há também subtipos raros, como o carcinoma de células
transicionais e o sarcoma, entre outros. Certas síndromes hereditárias
também podem levar a diferentes tipos tumorais. A polipose adenomatosa familiar
(PAF) é uma síndrome rara causada por mutações no gene APC que pode provocar
centenas a milhares de pólipos no cólon e reto que têm chance de evoluir para
câncer colorretal e devem ser removidos. A síndrome de Peutz-Jegher (mutações
no gene STK11) é definida pela ocorrência de pólipos no trato gastrointestinal
e manchas pigmentadas na pele, lábios e membranas mucosas. Mais uma condição é
a síndrome de Lynch (ou câncer colorretal hereditário não polipose, sigla
HNPCC). Ela está associada a mutações em genes específicos envolvidos na
reparação do DNA. A presença dessas mutações aumenta os riscos de desenvolver a
doença e mais tipos de câncer, como o de endométrio, ovário, estômago e
pâncreas.
5 - Silencioso no início, o
câncer colorretal apresenta sintomas na fase mais avançada
O câncer colorretal costuma se desenvolver sem
sintomas que chamem a atenção. Na maioria dos casos, o tumor só é identificado
durante algum exame indicado para o seu rastreamento. Por isso, é muito importante
que mulheres e homens, sem história pessoal ou familiar, façam colonoscopia a
partir dos 45 anos, mesmo que não tenham sintoma algum – ou dez anos antes da
idade que um parente de primeiro grau teve a doença diagnosticada. Essa
diretriz da SBCO segue orientações da Sociedade Americana de Câncer (ACS). No
SUS, o rastreamento ocorre a partir dos 50 anos. “Como a incidência em
pacientes mais jovens aumentou muito, várias sociedades médicas mudaram essa
recomendação para os 45 anos”, diz Valadão. Os exames podem ser solicitados por
um clínico geral, gastroenterologista, proctologista, oncogeneticista ou pelo
médico de confiança.
6 - Quais são os sinais e
sintomas do câncer colorretal?
Dificilmente o câncer apresenta sintomas
específicos no início, mas em alguns casos pode haver sinais que indicam
alterações e merecem atenção. Isso é especialmente válido para pessoas que têm
algum fator de risco mencionado anteriormente. Vale prestar atenção a sinais
como a presença de sangue nas fezes; alternância entre diarreia e prisão de
ventre; alteração na forma das fezes (muito finas e compridas), perda de
peso sem causa aparente; sensação de fraqueza e/ou diagnóstico de anemia; dor
ou desconforto abdominal e presença de massa abdominal (que pode ser
indicativa de tumor). Se apresentar algum desses sinais de forma
frequente, é importante que a pessoa passe pela avaliação de um médico
especializado.
7 - Descoberto no início, o
câncer colorretal tem taxa de cura elevada
Identificado na fase em que está restrito cólon e ao
reto, o tumor colorretal alcança taxas de cura acima dos 90%. Mas o conjunto de
tratamentos disponíveis na atualidade consegue também oferecer 70% de chance de
sucesso nos casos em que o tumor alcançou os linfonodos. Em fase avançada,
quando o câncer originado no intestino grosso já atinge outros órgãos, as
chances de ficar completamente livre dele diminuem.
8 - A colonoscopia é um exame
de rastreamento capaz de evitar que a doença ocorra
A colonoscopia é um exame de imagem que permite
visualizar o interior do cólon e do reto. O exame é indolor e pode salvar sua
vida. Feita praticamente com a mesma abordagem técnica da endoscopia, seu
objetivo é procurar alterações como pólipos, tumores, inflamações e infecções
na mucosa do intestino grosso e do final do intestino delgado. Além disso, é
possível remover os pólipos detectados ainda durante o exame, pois alguns deles
podem eventualmente transforma-se em tumores cancerígenos. A sigmoidoscopia é
um exame semelhante a colonoscopia, mas que se concentra apenas na parte final
do intestino, o reto e o cólon sigmoide. É recomendado a partir dos 45 anos de
idade e pode ser feito a cada 5 anos, em conjunto com o teste de sangue oculto
nas fezes.
9 - O exame de sangue oculto
nas fezes também ajuda no rastreamento
O sangue nas fezes pode ser um sinal de câncer
colorretal. O teste de sangue nas fezes é um exame simples, de baixo custo. A
recomendação é que seja feito anualmente a partir dos 45 anos de idade.
10 - O câncer do cólon e do
reto têm abordagens terapêuticas diferentes
Ainda que o tratamento possa ser semelhante,
existem diferenças importantes no tratamento do câncer de cólon e nos tumores
situados no reto. Na maioria dos casos, os tumores de cólon são primeiramente
tratados com cirurgia que remove o câncer e possivelmente uma pequena porção do
cólon. A quimioterapia pode entrar em cena em casos mais avançados, ou se o
câncer avançou para outras partes do corpo. O câncer de reto costuma ser
tratado com quimioterapia e radioterapia para reduzir o tamanho do tumor e
torná-lo mais fácil de remover cirurgicamente. Devido à remoção do tecido
retal, pode ser necessário fazer também uma colostomia, que é uma bolsa
coletora de fezes. Resumindo, o tratamento do câncer colorretal depende da
localização do tumor e da extensão da doença.
Sociedade Brasileira de
Cirurgia Oncológica – SBCO