Além de alguns cuidados especiais com a pele nas temperaturas mais frias, o inverno pode ser melhor para fazer tratamentos mais invasivos do que feitos no verão, por ser a estação mais fria do ano e possuir a menor incidência de raios UVA/UVB.
Por esse motivo, nessa época, as pessoas se sentem
mais confortáveis para realizar tratamentos que podem envolver ativos
fotossensíveis. “O Inverno é a estação mais adequada para procedimentos que
utilizam ácidos, pois, com o sol e calor menos potentes, tais substâncias podem
ser usadas com menos restrições, porém sempre associadas a protetor solar
diariamente”, esclarece Sarah Bechstein, dermatologista e co-fundadora da
health tech alemã FORMEL Skin.
A seguir, Dra. Sarah explica sobre os compostos e
ácidos mais procurados durante o inverno por demandarem muito cuidado em
relação à exposição solar.
Ácido Retinóico ou tretinoína
Um dos mais eficazes ácidos usados na dermatologia
há décadas é um derivado da vitamina A que remove células mortas, estimula
colágeno, suaviza linhas finas e diminui manchas. Também bastante usado no
combate à acne e envelhecimento. Esse composto é utilizado à noite para evitar
que a pele tenha contato com o sol após a aplicação do produto.
“Além do risco de causar manchas, a exposição ao
sol sem proteção durante o uso de tretinoína não é indicado, pois a pele fica
mais sensível aos raios solares devido à descamação causada pela substância”,
completa a especialista.
Hidroquinona
Trata-se de uma substância usada na pele para
clarear manchas escuras e melasma. O efeito clareador da hidroquinona aparece
geralmente após um mês de uso e o tratamento não deve ultrapassar três meses,
segundo alguns autores. Durante o procedimento com hidroquinona, deve-se evitar
ao máximo a exposição ao sol.
“É altamente recomendada a aplicação de protetor solar, com filtro de fator de
proteção 50 ou mais, durante e após o tratamento, pois o efeito da
despigmentação obtida é reversível, bastando para isso interrupção do
tratamento”, alerta.
Adapaleno
O adapaleno é um análogo dos retinóides, com ações
similares as do ácido retinóico. Ele tem ação queratolítica e é usado no
tratamento de acne leve a moderada. Este ácido também é indicado para o
tratamento do fotoenvelhecimento cutâneo.
Durante seu tratamento, o uso de protetores solares e até o uso de roupas
protetoras sobre as áreas tratadas são recomendados quando a exposição não puder
ser evitada.
“Extremos de temperatura, vento e frio também podem
ser irritantes para pacientes sob tratamento com adapaleno, por isso,
recomendamos o uso de hidratantes para garantir a recuperação da barreira de
proteção cutânea”, pontua Sarah.
Peróxido de Benzoíla
Além do seu principal benefício, que é controle da
acne, pela sua ação bactericida o Peróxido de Benzoíla também tem ação
queratolítica, o que pode contribuir para o rejuvenescimento da pele. A
dermatologista explica que pode ocorrer descamação após uma ou duas semanas de
uso, por isso a preocupação com a proteção solar e a importância de
cuidar da barreira protetora da pele fazendo uso de hidratantes.
Ácido Salicílico
Um dos mais usados no tratamento da acne, tem como
uma das suas principais funções a ação anti-inflamatória, além de promover
esfoliação, renovação da pele, remoção das células mortas e o excesso de
oleosidade. Está presente em vários cosméticos para pele oleosa e acneica, em
concentrações bastante toleráveis. Em concentrações mais elevadas, pode ser
usado na forma de peelings aplicados por profissionais capacitados.
Ácido Glicólico
Segundo a Dra. Sarah, atualmente existe um
interesse cada vez maior no uso do ácido glicólico no rejuvenescimento da pele.
Este componente provoca vasodilatação, diminui a espessura e a compactação do
estrato córneo, além de acelerar o “turnover” da epiderme e estimular a síntese
de colágeno. É usado nas concentrações de 2 a 10% para tratamento de acne,
hipercromias, atenuação de rugas finas e linhas de expressão, e, em
concentrações maiores, é usado como peelings.
Ácido Azelaico
É uma substância que pode ser encontrada em forma
de gel ou creme, variando entre 5% a 25%. Auxilia no tratamento da acne leve a
moderada, age eliminando as bactérias causadoras de acne e também atua
diminuindo a produção de queratina, que torna o ambiente propício para a
proliferação bacteriana. Também é um inibidor da substância tirosinase
(envolvida no metabolismo da melanina), assim, é capaz de reduzir a síntese de
melanina, ajudando em casos de melasma e hiperpigmentação
pós-inflamatória.
Recentemente, foi aprovado pelo FDA (órgão que
regulamenta os alimentos e fármacos nos EUA) para o tratamento de rosácea,
graças às suas propriedades antibacterianas, antioxidantes e
anti-inflamatórias. A principal vantagem do uso de ácido azelaico em relação a
outros ativos é o fato de ser menos sensível à exposição solar e causar menos
efeitos colaterais significativos.
Acompanhamento médico
Para finalizar, Sarah Bechstein reforça a importância do acompanhamento
contínuo com um profissional que possa avaliar as características de cada pele
e indicar ou não cada um dos procedimentos citados.
“Cada pele é única e exige cuidados específicos. Antes de realizar qualquer
tipo de procedimento, é fundamental que a paciente consulte uma dermatologista
de confiança que possa orientá-la da melhor forma”, conclui.
FORMEL Skin healthtech