Saiba quais foram
as profissões que ganharam destaque com a pandemia
Em 2018, a chefe da Comissão Econômica para a
América Latina e Caribe (Cepal), da Organização das Nações Unidas (ONU), Alicia
Bárcena, alertou para as rápidas transformações do mercado de trabalho em todo
o mundo. De acordo com a dirigente, 65% das crianças que entram na escola
primária hoje terão, no futuro, profissões que ainda não existem.
Ao contrário do que acontecia em um passado não
muito distante, quando ser médico ou advogado era o objetivo de quem buscava
uma carreira promissora, as possibilidades de sucesso em novas ocupações
ligadas à ciência e à tecnologia já são - e serão, cada vez mais -
significativas. De acordo com David Forli Inocente, diretor geral de
Pós-Graduação e Educação Continuada da Universidade Positivo, o que está
havendo atualmente é uma digitalização geral das profissões. "Todas serão
impactadas por mais tecnologia, desde o advogado até o geneticista”, afirma.
E, com a pandemia do novo coronavírus, não só
aceleraram-se os processos de construção de novas profissões e atualização
daquelas que já existem, como a importância de algumas ocupações ganhou
destaque, aumentando o interesse dos jovens que se preparam para o Ensino
Superior. "Carreiras evidenciadas pelos problemas causados pelo isolamento
social, propagação de fake news e corrida pela vacina tiveram
aumento na procura não apenas em cursos de graduação, mas também em
especializações e cursos de curta duração. A educação formal como instrumento
para interpretação e transformação da sociedade nunca esteve tão em alta",
afirma Inocente. Ele aponta seis tendências do mercado de trabalho para
2021.
Fact checking
Se, há 20 anos, alguém se apresentasse como
especialista em checagem de fatos (ou fact checking, para aqueles mais
acostumados ao termo em inglês), provavelmente a curiosidade seria geral. Afinal,
com uma internet que ainda engatinhava no início dos anos 2000, pensar em um
profissional inteiramente dedicado a essa função era inimaginável. Mas os anos
passaram e as fake news se tornaram um terreno fértil e perigoso. Durante
a pandemia, elas influenciam inclusive o debate sobre saúde, espalham
desinformação e prejudicam os esforços de enfrentamento do problema. Por isso,
esse tipo de especialista está se tornando indispensável.
Para ser um profissional dessa área, um bom começo
é investir em uma graduação em Jornalismo ou cursos que envolvam Tecnologia da
Informação. Depois, organizações como a Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji) oferecem cursos e oficinas totalmente voltados a essa
função.
Saúde mental e bem-estar
Passar a maior parte do tempo em casa, longe de
amigos e familiares, com um vírus potencialmente letal circulando entre as
pessoas é um enredo próximo aos de filmes pós-apocalípticos. Não à toa, um
levantamento realizado pela SEMrush apontou que as buscas por termos como
“terapia” e “psicólogo online” dispararam depois da chegada da quarentena.
Entre fevereiro e março, o aumento de procuras por esses termos foi de 50% e
83%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2019.
Nesse cenário, profissões voltadas à promoção do
bem-estar devem ser cada vez mais necessárias. Para trabalhar nessa área, é
necessário cursar uma graduação em Psicologia, por exemplo. Também valem opções
que promovem o bem-estar físico, social e mental, como uma pós-graduação em
Terapias Integrativas e Complementares, prática reconhecida pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). Para Inocente, esses profissionais precisam ser “alguém
que encontra a confluência entre psicologia, saúde mental e nutrição, por
exemplo”. Outro aspecto que a pandemia trouxe ao debate, segundo ele, foi a
questão da sexualidade. "Os terapeutas perceberam a evolução da demanda em
seus consultórios, o que culmina em mais procura por educação continuada nesta
área".
Vacinas
A falta de tratamentos comprovadamente eficazes
para a Covid-19 tornou a busca por uma forma de imunização contra a doença uma
urgência. Por isso, laboratórios de todo o mundo começaram uma corrida para
desenvolver, testar e produzir uma vacina o mais rápido possível. Especialistas
de todo o mundo alertam que pandemias como a do novo coronavírus podem se
tornar cada vez mais comuns, o que significa que profissões que lidam com o
desenvolvimento de vacinas estarão em alta por um bom tempo. Uma boa opção de
curso superior para quem quiser se dedicar a essa tarefa é a Biomedicina - que
pesquisa a interação entre microrganismos e o sistema biológico humano.
Meio Ambiente
O crescimento da população global, a urbanização e
a industrialização da agricultura provocam uma crescente demanda e exploração
de recursos naturais, trazendo consequências como a alteração dos ecossistemas,
levando as pessoas a cada vez mais se aproximarem de animais selvagens que
podem ser vetores de doenças. O uso excessivo de pesticidas, medicamentos e
outros contaminantes que são lançados no ambiente, por exemplo, acarretam em
mudanças genéticas em microrganismos e aumentam a probabilidade de doenças
zoonóticas, como a própria Covid-19, alcançarem os humanos. "Os motores
centrais da destruição e invasão dos ecossistemas são econômicos e sociais e
requerem soluções complexas que, por conseguinte, dependem de profissionais com
visão interdisciplinar", afirma o professor do Programa de Pós-Graduação
em Gestão Ambiental e da Business School da Universidade Positivo, John James Loomis.
Segundo ele, embora profissionais ligados ao meio ambiente não possam evitar a
próxima pandemia, eles podem tomar medidas para recuperar e fortalecer os
ecossistemas que, em última instância, servem como barreiras para o surgimento
de doenças.
Responsabilidade Social
Uma pesquisa realizada pela Central Press com
executivos de empresas de diversos tamanhos revelou que, mesmo 49% deles
relatando queda de 50% a 100% no faturamento da empresa, 35% das organizações
ampliaram as doações e projetos sociais por conta da pandemia. O momento fez as
empresas se atentarem à responsabilidade social - e essa atitude veio para
ficar.
O relatório especial do Edelman Trust Barometer
2020: Confiança nas Marcas, que ouviu mais de 22 mil pessoas, em 11 países,
entre o fim de maio e o início de junho, revelou que, para 69% dos brasileiros,
tão importante quanto o produto ou o serviço é a forma das marcas contarem o
que estão fazendo para ajudar o próximo e a empatia dos porta-vozes. Ou seja,
os consumidores, mais do que nunca, estão atentos às marcas e isso tem
incentivado ainda mais as empresas a assumirem e a divulgarem claramente seus
compromissos sociais. Os profissionais da área de responsabilidade social
geralmente vêm de cursos da área de Humanas. Já existem inúmeras especializações
na área disponíveis no mercado.
Legal Tech ou Direito Digital
O encontro de todas as atuações profissionais com a
tecnologia é inadiável, mas, segundo Inocente, no Direito esse impacto será
sentido de forma mais rápida e intensa, com as atenções voltadas à
cibersegurança e à Lei Geral de Proteção de Dados. "O uso da inteligência
artificial para a revisão de documentos, busca de jurisprudência, envio de
cartas e memorandos padrão, traz um componente de machine learning
muito forte à atividade do advogado. O contencioso se amplia em oportunidades
de atuação no que diz respeito, por exemplo, à proteção de direitos autorais,
que se amplia em necessidades quando a facilidade de propagação de informações
ganha a escala de multiplataforma", analisa. Ele também destaca
oportunidades para o consultivo: "a proliferação de startups e suas
necessidades específicas exigem atualização em contratos, aspectos tributários
e societários. O mercado se move rápido, os profissionais do direito devem ser
capazes de acompanhar", alerta.
Universidade Positivo
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