A transpiração é um fluido excretado pelo corpo, e que possui um papel importante na manutenção da temperatura corporal. Porém, algumas pessoas podem desenvolver um distúrbio que leva a uma produção excessiva de suor, chamado de hiperidrose. No Brasil, a doença atinge de 1% a 3% da população. Por isso, entender quais os tipos de condições existentes e as opções de tratamento pode ajudar a diminuir os sintomas, evitando assim o constrangimento social, profissional e emocional que acomete as pessoas portadoras dessa condição.
O suor excessivo é o principal sintoma da
hiperidrose, que pode ser classificada como: primária focal, aparecendo
na infância ou adolescência, normalmente nas axilas, mãos, pés, cabeça e rosto;
ou secundária generalizada, que pode aparecer na fase adulta, por conta
de uma condição médica ou por efeito colateral de medicações. Diferente da
primária focal, as pessoas com a secundária podem suar em todas as áreas do
corpo, ou em locais incomuns. Em ambos os casos, o diagnóstico deve ser
realizado por um dermatologista, que poderá conduzir a melhor forma de
tratamento.
Além das alternativas profissionais de ajuda, que
serão abordadas mais adiante, existem recomendações comportamentais que
podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes, como: evitar calor excessivo,
buscar um profissional que auxilie o controle emocional (ansiedade,
nervosismo), evitar alimentos picantes e consumo de álcool. Deve-se também
evitar roupas apertadas, tecidos sintéticos, calçados fechados; aumentar as
trocas frequentes de meias e sapatos, usar palmilhas absorventes, talco para os
pés, e meias de algodão.
Tratamentos disponíveis
Antitranspirantes: são amplamente utilizados. Fazem parte desse
grupo os antiperspirantes tópicos, com hexa-hidrato de cloreto de alumínio,
medicação eficaz que é usada para aliviar sintomas leves a moderados. A ampla
disponibilidade, custo-benefício e facilidade de uso o torna um tratamento de
primeira linha. Porém em algumas pessoas pode causar irritação da pele e/ou
alergia.
Medicamentos orais: reservados para casos resistentes, os
anticolinérgicos inibem a estimulação da secreção das glândulas sudoríparas.
Porém, os efeitos colaterais forçam um terço dos pacientes a interromper o
tratamento, pois causam secura na boca e olhos, visão embaçada, hipertermia,
hipotensão ortostática, problemas gastrointestinais, retenção urinária,
taquicardia, sonolência, tontura e confusão mental.
Iontoforese: tratamento seguro e econômico, que utiliza corrente galvânica
(eletricidade) com o objetivo de bloquear a glândula do suor das mãos e dos
pés, onde é mais eficaz. Os efeitos colaterais incluem desconforto, secura,
formigamento, vermelhidão, bolhas, rachaduras, e podem ser melhorados com
hidratantes, creme tópico de corticosteróide, diminuição da frequência ou
intensidade do tratamento.
Toxina Botulínica: é uma substância segura e eficaz para
hiperidrose focal. São injeções administradas nas áreas afetadas com a intenção
de bloquear a sudorese intensa por um longo período (em média 7 meses). A
queixa mais comum é a dor causada pelas injeções. Após o procedimento pode
haver formação de pequenos hematomas pelo trauma da agulha que em média dura de
2 a 4 dias. Para quem tem fobia a agulhas, a aplicação pode ser realizada
através de um dispositivo pressurizado.
Tratamento cirúrgico: é considerado quando os tratamentos
conservadores não funcionam. As técnicas cirúrgicas incluem excisão, curetagem,
lipoaspiração das glândulas sudoríparas ou uma combinação dessas técnicas. A
simpatectomia é um dos últimos recursos, pois o procedimento tem como objetivo
interromper os sinais que avisam ao corpo para suar excessivamente, e podem
levar a inúmeras complicações pós-operatórias, além de sudorese compensatória,
quando o corpo começa a suar em outras áreas.
Embora não seja uma doença grave, a hiperidrose
compromete a qualidade de vida das pessoas que a possuem. Buscar ajuda
profissional é uma forma de tentar reparar a produção excessiva de suor.
Lembrando sempre que o tratamento depende do diagnóstico, da localização,
gravidade, segurança e efeitos colaterais, e que as opções mais
"conservadoras" devem ser realizadas antes das opções mais agressivas
e invasivas.
Dra. Lilian Odo - dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Academia Americana de Dermatologia. Fez especialização em Laser na Universidade de Hokkaido, Japão; e de Cicatrização na Universidade de Boston, EUA. Atualmente, é convidada para ministrar aulas em Congressos de âmbito Nacional e Internacional. http://clinicasodo.com.br/index.php/dra-lilian/