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segunda-feira, 5 de junho de 2017

O terror e o medo



A Europa segue acometida por uma atmosfera de tensão e incertezas. Em meio a decisões políticas e diplomáticas importantes o terrorismo ganha os holofotes no velho continente, levando a população a um constante estado de insegurança. 

A relação do terror com o sentimento de medo ganhou novos capítulos com o episódio desumano em que um atentado deixou diversas crianças e adolescentes mortos em um show da cantora pop Ariana Grand, em Manchester. Mesmo com toda a cautela por parte da segurança britânica, um novo ato de violência, dessa vez por atropelamento, voltou a assustar a capital londrina. 

Apesar de ser considerada uma das cidades mais seguras do mundo, o pânico é generalizado ao menor sinal de aglomeração ou estrondo. “Seria esse o objetivo do terror? Desassossegar a todos? Tornar todos reféns do medo, portanto, reféns de quem os pratica? Provavelmente sim”, aponta Aurélio Melo, psicólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 

“Vejam os exemplos dos condomínios: as construções típicas da sociedade do medo. Muros que separa, isolam, dão a falsa sensação de segurança e não resolvem a violência”, conta o especialista. “O medo é um afeto incômodo que, em muitas vezes, tem a capacidade de imobilizar”, explica.

Outras vezes, ainda segundo Melo, esse medo promove mudanças ou mobilizações absurdas. Isto é: “O medo é um potente afeto. Spinoza (1632 – 1677), filósofo holandês, viu no medo a causa do ódio, considerando ambos sinônimos. Dito de outra forma, odiamos aquilo que tememos. E por temer muitas coisas, ou por medo, cometemos barbaridades. Por medo, vigiamos pessoas e punimos excessivamente”, comenta. 

Por medo não saímos de casa, quando o certo a fazer seria sair para diminuir o medo e assegurar os espaços públicos. Como se vê, o medo é um afeto que circula entre pessoas na vida social e se potencializa com os episódios de terror e violência.




Nascer na prisão: gestação e parto atrás das grades no Brasil



 Estudo da Fiocruz descreve pela primeira vez o perfil da população feminina encarcerada que vive com seus filhos em unidades prisionais

Um estudo realizado pela Fiocruz descreve pela primeira vez, em nível nacional, o perfil da população feminina encarcerada que vive com seus filhos em unidades prisionais femininas das capitais e regiões do Brasil, assim como as características e as práticas relacionadas à atenção à gestação e ao parto durante o encarceramento.  A pesquisa revela, por exemplo, que mais de um terço das mulheres presas grávidas relataram o uso de algemas na internação para o parto, 83% tem pelo menos um filho, 55% tiveram menos consultas de pré-natal do que o recomendado, 32% não foram testadas para sífilis e 4,6 das crianças nasceram com sífilis congênita.

Com base no estudo e entrevistas com mães e profissionais de saúde realizadas durante a pesquisa, a Fiocruz produziu o documentário “Nascer nas prisões”, que será lançado brevemente. O filme, que sairá pelo VideoSaúde/Fiocruz Vídeo e tem direção e fotos de Bia Fioretti.  Clique aqui e assista os trailers: Impacto social e Gestar, nascer e cuidar.

A análise foi feita a partir de uma série de casos provenientes de um censo nacional, realizado entre agosto de 2012 e janeiro de 2014. De acordo com a pesquisa, 31% das mulheres encarceradas são chefes de família. Foram ouvidas 241 mães, sendo que 45% com menos de 25 anos de idade, 57% de cor parda, 53% com menos de oito anos de estudo e 83% com mais de um filho. O acesso à assistência pré-natal foi inadequado para 36% das mães. Durante o período de hospitalização, 15% afirmaram ter sofrido algum tipo de violência (verbal, psicológica ou física).

“ Visitamos todas as prisões femininas de todas as capitais e regiões do Brasil que recebem grávidas e mães. Verificamos que foi baixo o suporte social e familiar recebido e foi frequente o uso de algemas na internação para o parto, relatado por mais de um terço das mulheres. Piores condições da atenção à gestação e ao parto foram encontradas para a mães encarceradas em comparação às não encarceradas, usuárias do SUS. O estudo mostrou também que havia diferença na avaliação da atenção recebida durante a internação para o parto segundo a condição social delas. Foi menor a satisfação para as pobres, as de cor de pele preta ou parda”, relatou a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP/Fiocruz, Maria do Carmo Leal, que coordenou o estudo ao lado da pesquisadora Alexandra Roma Sánchez.

Estima-se que haja dez milhões e duzentas mil pessoas presas no mundo, dos quais as mulheres são uma minoria, embora com a participação crescente nesse contingente de pessoas detidas. Os principais motivos que levam as mulheres à prisão são crimes relacionados ao tráfico de drogas e crimes contra o patrimônio, como estelionato e roubo, respectivamente 21% e 9,7% no Brasil. Entre 2005 e 2014 houve um aumento de 118% da população carcerária feminina brasileira.


Contexto

Na maioria dos estados brasileiros, a mulher grávida é transferida no terceiro trimestre de gestação de sua prisão de origem para unidades prisionais que abriguem mães com seus filhos, geralmente localizadas nas capitais e regiões metropolitanas. Essas mulheres são levadas ao hospital público para o parto e retornam à mesma unidade onde permanecem com seus filhos por um período que varia de seis meses a seis anos: a maioria entre seis meses e um ano. Depois desse período, geralmente as crianças são entregues aos familiares maternos/paternos, ou, na ausência destes, vão para abrigos e a mãe retorna à prisão de origem.


O Vídeo /Sinopse

O sistema prisional brasileiro, sinônimo de superlotações, insalubridade, conflitos e abandono, caracteriza-se pela falta de agilidade da justiça, direitos que não são cumpridos e alimenta uma crise social e de saúde pública.
O documentário Nascer nas Prisões, vinculado à pesquisa Saúde Materno Infantil nas Prisões do Brasil (2016), aborda a dura realidade dessa rotina, conflitos e problemas enfrentados pelas mulheres privadas de liberdade em ter um pré-natal de qualidade, com doenças evitáveis não adequadamente tratadas, discriminação na hora do parto e dificuldades com o cuidado do recém-nascido, além do impacto social.

Coordenadoria de Comunicação Social da Fiocruz





O país da corrupção



 “Se os homens são puros, as leis são desnecessárias;
se os homens são corruptos, as leis são inúteis.”
(Thomas Jefferson)



Laja-Jato, presidente e ex-presidentes, senadores, deputados, empresários. O cenário atual nos passa a impressão de que a corrupção e a falta de ética estão associadas exclusivamente ao cenário político-econômico. Infelizmente, isso não é verdade. Estas são características desta nação e a única forma de mudança é através da educação. Quer exemplos? Então vamos lá.

Em um final de semana fui ao cinema com minha família. A fila era extensa, tanto que levamos mais de 30 minutos para adquirir os ingressos. Havia uma fila preferencial para idosos, pessoas com deficiência e gestantes. De repente, aparece um casal com três filhos, sendo o mais jovem com cerca de 5 anos de idade. Eles deveriam usar o acesso especial? Evidentemente não, mas o fizeram. Minutos depois, surge outro casal na mesma fila. Ao ser chamado, o pai pega o filho com cerca de 6 anos no colo apenas para se justificar. E o pior é que a funcionária no caixa, ao invés de recusar o atendimento, prosseguiu, enquanto o gerente da unidade também não tomou nenhuma providência. Quero salientar que nenhuma das crianças envolvidas aparentava qualquer necessidade especial.

Em uma viagem recente usei um táxi para me deslocar. Em nosso diálogo, o motorista me contou que atendeu um grupo de executivos que, ao final da viagem, questionaram se ele poderia fazer alguns “recibos extras” que usariam posteriormente para obter reembolso, pois usariam o valor para ir a baladas noturnas. E, claro, ofereceram ao taxista uma comissão de 20% sobre o valor de cada documento emitido. Aquele taxista recusou o pedido, mas tenho convicção de que outros não devem ter adotado o mesmo procedimento.

Levei minha filha de 7 anos de idade a uma loja para fazer a troca de um brinquedo. Após sairmos, ela comentou: “Papai, parece que tem uma caixa a mais dentro da sacola”. De fato, incluíram equivocadamente o item trocado dentro da embalagem. Imediatamente retornamos à loja e devolvemos o produto ao vendedor. Ao adotar este procedimento, ficou evidenciado para minha filha que devemos fazer o que é certo, e não o que nos convém.

A falta de ética está naqueles que usam o acostamento para ganhar alguns minutos e estacionam em vagas preferenciais. Está em quem adquire produtos pirateados porque o custo é menor. Está nas pessoas que fazem um acordo com um dentista ou médico pela não emissão de nota fiscal em troca de um desconto. Está naqueles que usam um CPF de terceiros para reduzir o imposto de renda a pagar. Está no jovem estudante que cola numa prova escolar...

O que estamos vivenciando é o reflexo de um triste padrão cultural. Somos uma nação hipócrita (não a única, evidentemente) que se queixa dos fatos quando os mesmos não nos beneficiam.

Vamos levar duas ou três décadas para mudar este status se iniciarmos mudanças a partir de agora. Tudo se reduz aos valores. Vamos continuar sendo o “país do jeitinho” ou quais valores pretendemos exaltar? Tais mudanças começam em casa, são apoiadas pela educação a partir do ensino fundamental e depois precisam ser disseminadas. Porém, não é o que estamos buscando, não é o que estamos fazendo.

Face ao exposto, peço-lhe que reflita sobre seus próprios comportamentos. Lembre-se de que caráter é sua essência, enquanto reputação é o que os outros pensam a seu respeito. Caráter é que o você faz quando ninguém está lhe observando.






Tom Coelho - especialista em gestão de pessoas e negócios. É empresário, diretor do CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e Conselheiro do Conselho Superior de Responsabilidade Social (CONSOCIAL/FIESP). É autor de 9 livros e detém mais de 25 anos de experiência no mundo empresarial.




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