Escritora desmistifica a lenda da águia e faz reflexão sobre a habilidade de resiliência humana
Um dos temas mais procurados nos sites de
pesquisa da internet são dicas de como superar os problemas relacionados com o
isolamento social. Talvez você já tenha ouvido falar da história onde as
águias, após atingirem certa idade, isolam-se no alto de uma montanha para se
revonarem por meio de uma transformação bastante dolorosa. Elas arrancam as
próprias penas, as garras, e finalmente quebram o bico contra a rocha. A lenda
diz que isso faria elas viverem por muitos anos mais após esse processo.
De acordo com a escritora e bióloga, Paola
Giometti, um animal capaz de passar por tamanho sofrimento e ainda sobreviver,
só poderia ser muito poderoso e, tudo isso seria muito bonito se fosse verdade.
"O fato é que nenhuma águia é capaz de se ferir desse modo, caso contrário
morreria de fome, frio - as montanhas são congelantes - ou por uma
infecção", explica.
Inspirada nessa lenda do isolamento da águia a
autora de fantasia escreveu ‘O Código das Águias’, uma singela e profunda
história de parceria entre águias e seres humanos. "Escrever esse livro
foi um modo de desmistificar a lenda e ao mesmo tempo contar ao leitor como
seria possível existir uma "águia" com essa capacidade de resiliência
e regeneração", conta a autora.
O protagonista da história é Hankpa, uma jovem
águia, que logo ao aprender a voar é capturado por uma tribo para auxiliá-los
na caça de alimentos. Convencido por outras águias da importância daquela
parceria, Hankpa abdica de sua liberdade e se vê diante de um compromisso com
um novo "ninho".
O ponto chave da história é quando o protagonista
cria um forte elo com o homem que o capturou - e que leva um tipo de cocar de
cabeça de águia sobre a própria cabeça. Num desafortunado dia, esse homem
adoece e precisa migrar com Hankpa para uma montanha em busca de um remédio. E
aqui entra uma alusão entre a famosa lenda da transformação da águia e o
momento de transformação do homem que, por causa da doença, passa pelo pior
momento de sua vida, confrontando e lutando contra a morte. Ferido e sentindo
muita dor, ele se isola em uma fenda no alto da montanha para iniciar o seu
processo de recuperação e renascer com resiliência para sair renovado para uma
nova vida, despertando a águia que existe dentro dele.
"Na verdade, nós somos a verdadeira águia,
acredito que somos o único animal capaz de se renovar de inúmeras maneiras e no
momento em que isso for decidido", afirma Paola.
A escritora explica que não há águia que resista
a tamanho sofrimento e é fato que os seres humanos com seu conhecimento,
compreensão dos fatos e a sua habilidade de resiliência são incrivelmente
capazes de encontrar meios de se adaptar, superar as dificuldades e sobreviver.
"O isolamento social é um bom momento para
treinarmos a nossa águia interior, fortalecermos os laços de cuidado e amor
próprio, de nos apropriarmos de nossas habilidades e nos reconciliarmos com
memórias mal resolvidas. Não há dúvida de que, quando tudo isso passar, seremos
expostos a novos desafios e, certamente, com nossa experiência de águia
resiliente estaremos mais treinados e fortalecidos em nossos próximos
voos", afirma Paola.
Paola Giometti -bióloga - PhD em Ciências pela
Universidade Federal de São Paulo e escritora brasileira, com obras publicadas
voltadas ao público Infanto-juvenil. Aos 11 anos foi considerada a escritora
mais jovem do Brasil com a publicação do livro Noite ao Amanhecer publicado
pela escritora Cassandra Rios. Escreveu
a série Fábulas da Terra composta pelos livros O Destino do Lobo, O Código das
guias e O Chamado dos Bisões (Elo Editora), onde histórias de vida selvagem são
narradas num contexto por volta de 16 mil anos, quando a domesticação começou a
acontecer, publicados em língua portuguesa. Em 2018, lançou o livro Drako e a Elite dos Dragões Dourados (Lendari),
sendo citado pela mídia como "fantasia que reflete sobre as diferenças,
ajudando jovens a superar pessimismo e problemas com autoestima". O livro
levou os 6 primeiros lugares do Alien Awards de 2018 por voto popular nas redes
sociais, além de nomeá-la melhor autora nacional no mesmo ano. Paola hoje faz
parte do Catálogo Internacional de Escritores Brasileiros. Vive em Tromsø, na
Noruega, desde 2018, um lugar inspirador para suas histórias onde dá
continuidade a carreira literária com o lançamento de The Destiny of the Wolves
(Underline Publishing) e Das Schicksal der Wölfe (Editora Gira
Brasil-Alemanha).
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