Entre os dias 11 e 17 de março, acontece a Semana do Sono, data
definida pela comissão da Sociedade Mundial do Sono para celebrar o Dia Mundial
do Sono, comemorado em 15 de março. A ação é realizada anualmente e tem a
finalidade de chamar a atenção da população sobre a importância de dormir bem,
já que, “uma noite mal dormida pode comprometer o desempenho das atividades
diárias, pois é responsável por causar dificuldade de concentração, alterações
da memória e do humor, entre outros sintomas”, afirma a médica neurologista
Ester London, especialista em sono do Hospital VITA, em Curitiba.
A preocupação excessiva e a falta de sono podem aumentar o risco
de hipertensão, doenças degenerativas, ansiedade e depressão. A neurologista explica que é durante
o repouso que organismo volta à condição na qual iniciou o dia. “É nesse
período que acontece o relaxamento muscular, redução da pressão arterial, dos
batimentos cardíacos e da produção de urina”, relata.
Além disso, segundo ela, é o momento de consolidação da memória e
do controle da temperatura corporal. “Diversos hormônios são influenciados pelo
sono, como a insulina, que controla a glicose no sangue, a leptina, responsável
pela saciedade, a grelina, responsável por estimular o apetite, e a
somatotrofina, que age no crescimento”, destaca Dra. Ester.
O sono é essencial para a consolidação da memória, assim como para
a saúde em geral. Embora as pessoas variem muito em suas necessidades de sono
individuais, estudos mostram que o ideal são de seis a oito horas de sono por
noite. Ter um sono de qualidade é ainda mais importante do que a quantidade de
horas dormidas. “É preciso obedecer a demanda do corpo e dormir quando ele
pede. O importante é dormir quando estiver cansado e despertar descansado”,
ressalta a médica.
Dra. Ester conta que a privação de sono leva a danos secundários,
isto é, dormir pouco aumenta os riscos de diabetes, hipertensão, estresse,
obesidade, entre outros problemas. Levantamento da Organização Mundial de Saúde
(OMS) aponta que cerca de 40% da população apresenta algum tipo de distúrbio do
sono, como insônia, terror noturno, apneia e sonambulismo.
Sono e doenças degenerativas
Estudo recente, realizado pela Academia Americana de Neurologia, associa a falta de sono ao aumento de chance de desenvolver doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson. É durante o sono que é realizada a limpeza do sistema neurológico, nesta hora ocorre a limpeza dos acúmulos da atividade celular e dos radicais livres. “A falta de descanso pode aumentar as chances de demências”, alerta Dra. Ester.
Diagnóstico
As alterações no sono podem ser identificadas com o auxílio de uma
análise chamada de polissonografia. O exame também é indicado para diagnosticar
a apneia, roncos, ranger de dentes (bruxismo), fibromialgia, entre outros
transtornos.
A polissonografia é um exame que é realizado no Laboratório do
Sono, no qual é reproduzido o ambiente de um quarto, onde o paciente passa a
noite e tem o sono monitorado por um técnico, por câmeras e eletrodos que
servem para medir as atividades cardíaca e cerebral, ronco, movimentos e
oxigenação, e tem como objetivo monitorar o sono e avaliar diversos parâmetros.
“A partir dos resultados, o médico tem as informações necessárias para tratar o
problema da pessoa”, afirma a especialista.
Apneia do sono
O problema pode afetar qualquer um, inclusive crianças. “Trata-se de uma alteração que pode acontecer durante o sono em que ocorre uma parada abrupta na respiração enquanto dorme, explica Dr. Luiz Eduardo Nercolini, otorrinolaringologista do Hospital VITA. Pesquisas estimam que a apneia do sono afeta 4% dos homens e 2% das mulheres entre 30 e 60 anos.
Os sintomas relacionados à apneia do sono podem ser variados como:
excesso de sono durante o dia e até insônia, irritabilidade, dificuldade de
concentração e memória, dor de cabeça pela manhã, roncos, pausas na respiração
durante o sono.
Dr. Nercolini esclarece que a apneia do sono pode ocorrer por
vários motivos, mas principalmente por uma falha da musculatura atrás da
garganta e da base da língua em manter a passagem do ar aberta, causando uma
obstrução e levando a baixa oxigenação do sangue. “Consequentemente, o
ciclo de sono é quebrado para que se reestabeleça os níveis normais de
oxigenação no sangue. Isso faz com que ocorra alterações nas fases do sono e por
isso surgem os sintomas”, descreve.
Os sintomas relacionados a apneia do sono podem ser variados como:
excesso de sono durante o dia e até insônia, irritabilidade, dificuldade de
concentração e memória, dor de cabeça pela manhã, roncos, pausas na respiração
durante o sono.
Tratamento
Conforme o grau de apneia do paciente é necessário algum tipo de
tratamento. “O método deve ser individualizado para cada caso, algumas vezes
sendo necessário cirurgia (nasais, palatais, na base da língua e cirurgias esqueléticas
envolvendo os ossos da face) outras vezes métodos não-cirúrgicos, como o
chamado CPAP (do inglês continuous positive airway pressure). “O
aparelho oferece ao paciente ar pressurizado por meio de uma máscara adaptada
para manter a via aérea aberta”, conclui o otorrinolaringologista.
Higiene do sono
Segundo Dra. Ester, mudar alguns hábitos já é um bom caminho para melhorar a qualidade do sono. Confira as dicas:
– Procure deitar e levantar no mesmo horário todos os dias;
– Desligue os eletrônicos (celular, tablet, computador) pelo menos
uma hora antes da hora de dormir;
– Leia um livro e/ou escute uma música suave para relaxar;
– À noite, prefira refeições leves;
– A temperatura do quarto deve ser suave também (no máximo, 22 º
C);
– Vista um pijama confortável;
– Roupa de cama limpa também ajuda a dormir bem;
– Evite atividades físicas perto da hora de dormir (prefira os
alongamentos e relaxamentos), mas não deixe de praticar exercícios físicos
regularmente, ao menos três na semana. “A atividade física aeróbica é um hábito
que contribui para melhorar a qualidade do sono”, enfatiza a neurologista.
– Evite ingerir bebida alcoólica ou com cafeína à noite;
– O sono é induzido pelo relaxamento e a falta de luz, então relaxe e deixe o quarto escuro para seu cérebro liberar a melatonina;
– Se acordar
durante a noite e não voltar a dormir, pegue um livro para ler, isso ajuda.
Hospital VITA