O
ato de fumar antecipa a menopausa e o processo de desgaste dos ossos
relacionado a ela, podendo resultar em osteoporose e fraturas por fragilidade
óssea
Em decorrência
do Dia Internacional de Luta Pela Saúde da Mulher, que acontece anualmente em
28 de maio, torna-se necessário realizar um alerta à população sobre a
prevenção de doenças majoritariamente femininas, como a osteoporose. A doença,
que afeta cerca de 200 milhões de mulheres no mundo[1], possui um gap em relação a
diagnóstico. Por ser uma doença silenciosa, muitos pacientes só descobrem que
sofrem com ela após a ocorrência de uma fratura[2], que acontece já em estágio
avançado. Este fato contribui para um cenário alarmante, pois aproximadamente
24% dos pacientes que sofrem uma fratura osteoporótica de quadril (a mais grave
e incapacitante das fraturas por fragilidade) vão a óbito durante o primeiro
ano após a alta[3] [4].
Apesar
de representarem mais da metade da população brasileira[5],
ainda há uma grande parcela de mulheres que acabam negligenciando a própria
saúde em função da jornada dupla de trabalho. “Muitas mulheres deixam os exames
preventivos de lado por focarem toda sua atenção na família ou na vida
profissional”, afirma Ben-Hur Albergaria, ginecologista e vice-presidente da
Comissão Nacional de Osteoporose da FEBRASGO.
No
caso da osteoporose, um dos principais fatores de risco que podem agravar
seriamente o desenvolvimento da doença é o tabagismo. Isto acontece porque
algumas substâncias presentes no cigarro inibem a produção dos osteoblastos,
agentes responsáveis pelos processos de sintetização do cálcio e remodelação do
osso[6]. Os
resultados desses fenômenos são ossos com menor densidade mineral, ou seja,
mais porosos e frágeis.
Este
cenário se intensifica em mulheres que estão na fase da menopausa: nesse
momento da vida, ocorre, naturalmente, a perda de massa óssea por conta da
diminuição do hormônio estrogênio. No caso das mulheres tabagistas, o ato de
fumar pode antecipar esse acontecimento de 2[7] a 5[8]
anos por conta da quantidade de nicotina e monóxido de carbono existentes no
cigarro, o que compromete a saúde dos ossos antes do envelhecimento habitual do
corpo humano[9].
A evidência
mais forte dos efeitos negativos do tabagismo na saúde esquelética das mulheres
vem de um estudo que concluiu que uma em cada oito fraturas de quadril – a mais
grave e incapacitante das fraturas osteoporóticas – ocorre em decorrência do
fumo[10]. O
estudo mostrou que as fumantes perdem massa óssea em taxas mais rápidas do que
as não-fumantes e isso acarreta em uma menor densidade mineral óssea e maior
risco de fratura à medida que se envelhece.
O
avanço da idade e a menopausa também fazem parte dos principais agravantes da
osteoporose. A maior consequência da enfermidade são as fraturas
osteoporóticas, que impactam negativamente na vida dos pacientes e possuem alto
índice de morbidade e mortalidade. O risco de fratura de quadril entre
fumantes, em comparação com não-fumantes, mostrou-se maior em todas as idades,
aumentando para 71% aos 80 anos[11]. “A melhor coisa que as
fumantes podem fazer para proteger seus ossos é parar de fumar. Em qualquer
idade, isso ajudará a limitar a perda óssea relacionada ao tabagismo e reduzir
o risco de fraturas”, comenta Dr. Ben-Hur.
Um
estudo feito no Brasil demonstrou que mulheres na pós-menopausa subestimam o
risco das fraturas osteoporóticas; cerca de 80% das mulheres diagnosticadas com
alto risco de fraturas pelo teste FRAX – ferramenta online que permite o
cálculo de uma probabilidade de fratura em 10 anos – se consideravam como
pacientes de baixo risco[12].
“As
mulheres que fazem parte de algum grupo de risco devem estar atentas à
realização de exames periódicos para viabilizar a detecção da osteoporose, para
que seja possível identificar a terapia mais adequada para cada caso e prevenir
as fraturas por fragilidade óssea de forma eficaz”, completa o especialista.
Além disso, a adoção de um estilo de vida equilibrada é fundamental para a
saúde dos ossos, a partir de uma dieta rica em cálcio e vitamina D; realização
de exercícios físicos de forma regular; e evitando a ingestão excessiva de
bebidas alcoólicas.
UCB Biopharma
[1]
Kanis JA) WHO Technical Report, University of Sheffield, UK: 66.
[2] Siqueira
FV, Facchini LA, Hallal PC (2005) The burden of fractures in Brazil: a
population-based study. Bone 37:261.
[3]
Cooper C, Atkinson EJ, Jacobsen SJ, et al. (1993) Population-based study of
survival after osteoporotic fractures. Am J Epidemiol 137:1001.
[4]
Leibson CL, Tosteson AN, Gabriel SE, et al. (2002) Mortality, disability, and
nursing home use for persons with and without hip fracture: a population-based
study. J Am Geriatr Soc 50:1644.
[5] IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística
[6] Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia
Jamil Haddad (Into)
[7]
Kaufman OW, Slone O, Rosenberg L, Miettinen OS, Shapiros P. Cigarette smoking
and age at natural menopause. Am J Public Health 1980; 70:420-2
[8] Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da
FMUSP
[9] Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia
Jamil Haddad (Into)
[10]
Law MR, Hackshaw AK. A meta-analysis of cigarette smoking, bone mineral density
and risk of hip fracture: recognition of a major effect. BMJ 1997; 315:841-6.
[11]
Law MR, Hackshaw AK. A meta-analysis of cigarette smoking, bone mineral density
and risk of hip fracture: recognition of a major effect. BMJ 1997; 315:841-6
[12]
Clark P, Lavielle P (2015) Risk perception and knowledge about osteoporosis:
well in for med but not aware? Across-sectional study. J Community Health
40(2):245–250