No dia 25 de maio é comemorado o Dia
Internacional da Tireoide, a data chama atenção para os cuidados
com a glândula. O câncer da tireoide é o que mais cresce no mundo. Em 2020,
estima-se que será o terceiro câncer mais comum em mulheres. O Inca (Instituto
Nacional do Câncer) estima 9.610 novos casos em 2019, sendo 8.040 em mulheres e
1.570 homens. Em 2016, os consensos estabelecidos pela Associação Americana de
Tireoide promoveram uma mudança na forma de se tratar os pacientes com nódulos
malignos. Desta forma, médicos do mundo todo deixaram de adotar uma conduta
padrão e generalizada, para olhar para as especificidades de cada paciente.
"Para identificar o tratamento
individualizado necessário passamos a considerar o tamanho do nódulo, a sua
localização, e sua vascularização, entre outros fatores", explica o Dr.
Erivelto Volpi, cirurgião de cabeça e pescoço do Centro Especializado em
Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Além das características individuais citadas pelo
médico, a escolha do tratamento ideal para cada paciente inclui o
reestadiamento dinâmico, uma análise atenta para a resposta do paciente
ao tratamento inicial. Após a cirurgia, o médico acompanha a reação do
organismo do paciente, a fim de identificar a eficácia e se há a necessidade de
outros procedimentos complementares como a iodoterapia. Essa nova postura
evitou que o tratamento com iodo radioativo e a tireoidectomia total (retirada
total da glândula) fossem prescritos para todos os pacientes com câncer de
tireoide.
"Com essas mudanças na conduta, em alguns
casos conseguimos prosseguir com cirurgias menores e em certos casos não realizamos
cirurgia, quando o nódulo é pequeno e com uma situação favorável",
acrescenta o cirurgião.
A dose de hormônio recebida pelos pacientes com
câncer no período pós-cirúrgico sofreu uma redução, com intuito de prevenir
complicações ou quadros adversos. A ingestão em doses elevadas de hormônios
tireoidianos por longos períodos pode causar efeitos adversos no organismo
especialmente sobre os ossos e coração.
As novas condutas que norteiam as decisões
médicas oferecem um desfecho semelhante ao que havia com o tratamento
padronizado. No entanto, trazem mais qualidade de vida do paciente.
Nódulos Benignos
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia estima que 60% da população brasileira tenha nódulos na tireoide.
Porém, estes podem ser tanto benignos, como malignos. Os avanços nos
tratamentos permitem que nódulos benignos possam ser tratados com técnicas
minimamente invasivas.
Dentre essas técnicas está a ablação com
radiofrequência, consiste na introdução de uma fina agulha no
nódulo, guiada por ultrassonografia, destruindo-os por meio das ondas de calor.
Desenvolvida na Coreia do Sul, a ablação por radiofrequência deve ser utilizada
somente em nódulos comprovadamente benignos e maiores do que 2 centímetros.
"O procedimento é minimamente invasivo e ambulatorial, tem duração
aproximada de 20 minutos e apresenta menor risco de complicações, preservando a
função da glândula", explica o especialista.
Disfunções da tireoide
Além dos nódulos, problemas na função da tireoide
podem fazer com que a glândula produza os hormônios T3 e T4 em excesso ou em
quantidade insuficiente para o bom funcionamento do organismo, provocando,
respectivamente, hipertireoidismo ou hipotireoidismo. Essas são as duas doenças
mais comuns da glândula.
Prevalente em mulheres, o hipotireoidismo ocorre
quando a glândula funciona menos do que deveria, provocando sonolência
excessiva, ganho de peso, perda da força muscular, fadiga, pele seca, intestino
preso, sensação de frio constante, alterações no ciclo menstrual e depressão.
Já o hipertireoidismo é caracterizado pela produção excessiva dos hormônios
tireoidianos que geralmente provoca emagrecimento, queda de cabelo, aceleração
dos batimentos cardíacos, agitação, insônia, além de calor e sudorese em
excesso.
Alguns cuidados como a ingestão de
micronutrientes como iodo e selênio corroboraram para a produção correta dos
hormônios, explica o Dr. Erivelto Volpi. "No nosso país, a maior fonte de
iodo é o sal, iodado artificialmente, contendo a quantidade necessária para o
bom funcionamento da glândula, que é o único órgão que utiliza o iodo". O
selênio pode ser obtido ao consumir oleaginosas, como a Castanha do Pará.
Como fazer o autoexame da tireoide
Segure um espelho e procure no pescoço o pomo de
Adão (gogó). É nesta região que está localizada a tireoide;
Com a cabeça para trás focalize a área do pomo de
Adão com o espelho;
Com a cabeça estendida para trás beba um gole de
água. Ao engolir é importante observar se há elevação ou saliência na região.
Caso seja necessário, realize o teste mais de uma vez.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz