O Congresso
Nacional de Liderança Feminina da ABRH-SP, 4º CONALIFE, acontece amanhã.
Realizado em parceria com a ONU Mulheres, o congresso terá três
painéis: Liderança no Olhar: A Indústria 4.0 e a liderança da
mulher; Geração no Olhar: O que podemos esperar do futuro?; e Empatia
no Olhar: Elas por Eles.
O primeiro deles “Cenário – A Indústria 4.0 e a liderança da mulher” terá
as participações de Ana Paula Assis, presidente da IBM América Latina e Daniel
Motta, sócio e CEO da BMI Blue Management Institute, com a moderação da
professora convidada de MBAs da Fundação Dom Cabral Livia Mandelli, consultora
na área de Gestão de Pessoas na Mandelli & Loriggio Associados.
Sobre o assunto, uma entrevista com Livia Mandelli:
1. Como a inovação e as
novas ferramentas, como Inteligência Artificial, Big Data Analytics, Machine
Learning e métodos ágeis, estão transformando a atuação das lideranças?
A era digital, a
inteligência artificial e todas essas tecnologias disponíveis estão cada vez
mais presentes nas empresas e, diante disso, as lideranças não podem esquecer
que as organizações ainda são constituídas por pessoas. Ou seja, é preciso
olhar para as pessoas com empatia pelo momento que estamos vivendo. Sabemos que
cada vez mais as posições altamente técnicas poderão, em breve, ser substituídas
por máquinas. Hoje, mais do que nunca, um olhar humano, com cuidado e
empatia pode ser a grande saída estratégica para o nosso cenário contemporâneo.
2. O líder de hoje precisa estar preparado
para lidar com a agilidade da informação, divergências comportamentais, pressão
do mercado, foco nos resultados sem deixar a capacitação, recrutamento e
atenção a sua equipe de lado. Qual é o papel das mulheres neste cenário 4.0?
As mulheres possuem
comportamentos que trazem bem-estar e isso é fundamental no cenário atual.
Forças vistas como mais femininas como a empatia, a cordialidade e a busca pelo
relacionamento resultam em pessoas mais focadas em desenvolvimento e
capacitação da equipe. Não me refiro aqui ao bem-estar por conforto,
ou por um ambiente sem cobranças, menciono o bem-estar como uma junção de três
sub competências de inteligência emocional, que são: autorrealização,
autoestima e otimismo.
3. Hoje há uma demanda
por mais mulheres no mercado de trabalho e em cargos de liderança. Na sua visão,
apenas aumentar a presença feminina é suficiente? Ou também é preciso tornar a
cultura empresarial mais feminina?
Tenho visto cada
vez mais mulheres em posição de topo, porém elas estão absolutamente
masculinizadas. Parece clichê, mas é a mais pura realidade das organizações
brasileiras. Entendo que enquanto nós, mulheres, não assumirmos uma postura de
equilíbrio entre forças femininas e masculinas não estaremos plantando as
sementes necessárias para perenizar organizações saudáveis na revolução 4.0 e isso,
de certa forma, significa tornar a cultura da empresarial com características
tanto femininas quanto masculinas
4. A
partir disso, equilibrar características femininas e masculinas na forma de
liderar pode ser um caminho para o sucesso de uma boa
gestão?
Vejo líderes absolutamente
masculinos, que não constroem um legado humano e não marcam a vida das pessoas
positivamente. Igualmente, vejo líderes femininos, que não perduram nas
posições, pois não conseguem mobilizar a organização. Importante ressaltar que
essas forças não se relacionam ao gênero nem à orientação sexual, mas às
escolhas, conscientes ou não, de como se comportar naquele papel. Dessa
forma, acredito que a chave para uma gestão de sucesso está em um conceito que
chamo de Liderança Andrógina, ou seja, é preciso observar a hora certa de
desempenhar atitudes mais “femininas” ou “masculinas”, de acordo com cada
situação. É uma liderança exercida por meio da capacidade individual de
perceber atitudes e moldá-las conforme o momento.
5. Quais
dicas você daria para que os profissionais possam se tornar essa pessoa mais
completa?
Ter um mindset
desenvolvimentista, elevando a capacidade e habilidade das pessoas a níveis em
que elas serão absolutamente necessárias para os negócios. Além disso, é
fundamental ter boa vontade para desempenhar a liderança 4.0, que exige um forte investimento em autoconhecimento, em
autovigiar-se para ser um líder que inspira pelo seu exemplo na qualidade das
relações humanas e, acima de tudo, que tenhamos empatia para reconhecer o
empenho das pessoas em se prepararem para o cenário futuro.