Especialista
da Inspirali destaca a importância do bem-estar físico, emocional e social para
as relações
Quando falamos em saúde sexual, muitos ainda reduzem o tema a “evitar gravidez” ou “prevenir doenças”. Mas, a verdade é que saúde sexual é muito mais: trata-se de viver a sexualidade com bem-estar físico, emocional e social, com respeito, segurança e dignidade.
Segundo Gianny Cesconetto, pediatra com especialidade em Medicina do Adolescente (Hebiatra) e professora da UniSul / Inspirali, o ponto crucial deste tema é que se os adultos não falarem sobre isso, os adolescentes aprenderão sozinhos com os amigos, na internet, ou com pornografia. “Quando isso acontece, os riscos são enormes, e essa é a importância de não nos calarmos diante do assunto”.
Para a Dra., o momento certo para começar uma conversa sobre saúde sexual não é na primeira relação, mas sim lá atrás, na infância, quando se ensina respeito ao próprio corpo, limites e cuidado com quem pode ou não o tocar. “Na adolescência, marcada por hormônios, descobertas e pressões sociais, a conversa precisa ganhar profundidade com os temas prevenção, consentimento, autoestima e relacionamentos afetivos saudáveis. Adiar esse diálogo é entregar nossos filhos às mãos de informações distorcidas e perigosas”, alerta.
Gianny destaca os três principais cuidados com a saúde
sexual, que vão muito além da prevenção de uma doença ou gravidez precoce. São
eles:
•
Proteção física: tratar o corpo como algo sagrado, não banalizado;
•
Proteção emocional: fortalecer autoestima e confiança;
•
Construção da identidade: compreender desejos, valores e limites.
As principais medidas a serem repassadas e observadas, segundo a hebiatra, são: informações confiáveis, buscando orientação com profissionais de saúde para evitar fake news; prevenção, com mediação assertiva baseado em valores e no amor, que vai além de instruir o uso correto da camisinha e da escolha adequada de métodos contraceptivos; respeito e consentimento, reconhecendo limites próprios e do parceiro e acesso ao sistema de saúde, com consultas regulares com médicos de família, ginecologistas, urologistas e especialistas em adolescentes.
“Educação sexual não é ensinar a fazer sexo, e sim ensinar sobre respeito, valores, sentimentos, limites e cuidado. É dar ferramentas para que os jovens façam escolhas melhores, mais tarde e com mais consciência. Por isso, ela precisa começar em casa, no ambiente familiar, ser reforçada na escola e acompanhada por profissionais de saúde”, declara.
Quando questionada sobre a relação da saúde mental e
saúde sexual, a Hebiatra foi conclusiva: “Depressão e ansiedade podem
comprometer o desejo e a autoestima e uma experiência abusiva pode deixar
marcas profundas. Por isso, é importante entender que saúde mental e saúde
sexual caminham juntas e o diálogo é o melhor antídoto”, explica.
Doenças Sexualmente Transmissíveis
As doenças mais comuns que afetam a saúde sexual são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) como HIV, sífilis, HPV, gonorreia, clamídia e herpes genital. Além delas, existem disfunções sexuais, como dificuldade de ereção ou dor nas relações, e doenças ginecológicas, como endometriose e infecções pélvicas.
Segundo a Dra. Gianny, algumas dessas condições podem ser
fatais ou trazer complicações graves se não forem tratadas. “O HIV, por
exemplo, sem acompanhamento médico, compromete a imunidade. A sífilis pode
atingir órgãos vitais. O HPV está relacionado ao câncer de colo do útero, pênis
e orofaringe. A disfunção erétil está associada ao uso da pornografia pelos
adolescentes já aos 12 anos de idade, além de desconexão emocional nas
relações”, explica.
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