Concentrar os débitos dispersos em uma
cobrança única facilita seu gerenciamento e dá mais controle, promovendo
bem-estar emocional
O crédito pessoal, no Brasil, ainda é associado a endividamento e
inadimplência. Contudo, o problema não está na contratação de linhas de crédito
em si: o que pesa é a falta de políticas para seu uso consciente e o acesso
limitado a informações que ajudem os cidadãos a tomar decisões equilibradas.
Como consequência, o endividamento das famílias atingiu 77,6% em abril de 2025, o maior nível desde agosto do ano anterior, enquanto a inadimplência chegou a 29,1%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Mais de 12% das famílias afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas em atraso.
Essa realidade econômica gera impactos além do dinheiro. A
preocupação com as contas, o sentimento de culpa, a constante cobrança e a
sensação de descontrole geram estresse, ansiedade, insônia e, em muitos casos,
depressão. A saúde mental está cada vez mais ligada à organização das finanças
pessoais.
O papel do crédito
Em um cenário aparentemente desolador, o crédito pode ser uma ferramenta positiva quando usado com o devido planejamento e responsabilidade, permitindo o fôlego necessário para reorganizar as finanças, resolver imprevistos e realizar sonhos. O que falta, muitas vezes, é orientação e conhecimento para um uso prudente.
“O crédito é uma ferramenta poderosa quando usada com consciência. Pode abrir portas e trazer segurança financeira. O problema não está na iniciativa de acessar o crédito, mas em não entender os limites e responsabilidades que vêm com ele”, afirma Willian Conzatti, sócio-fundador da ConCredito, fintech especializada em soluções financeiras acessíveis.
A pesquisa da CNC também mostra que o comprometimento médio da renda familiar com dívidas subiu para 30%, e mais da metade das famílias (55,4%) destina entre 11% e 50% do rendimento mensal ao pagamento de dívidas. Ou seja, mesmo quem mantém os pagamentos em dia sente o peso no orçamento, impactando também a saúde emocional do indivíduo e do seu núcleo familiar.
Por isso, promover a educação financeira e oferecer crédito com
critérios humanizados é essencial. “As instituições financeiras precisam
avaliar a real capacidade de pagamento dos clientes, adaptar às condições ao
perfil de cada um e estimular o uso consciente do crédito. É quando ele deixa
de ser um vilão para virar grande aliado”, ressalta Conzatti.
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