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quinta-feira, 7 de agosto de 2025

REFLUXO ALÉM DA AZIA: QUANDO É PRECISO PENSAR EM CIRURGIA

Condição que afeta milhões de brasileiros pode evoluir para complicações graves quando não tratada corretamente


A azia é um sintoma comum entre os 25,2 milhões de brasileiros que sofrem com refluxo, segundo dados do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), especialmente após refeições pesadas ou apimentadas. No entanto, quando a queimação no peito se torna frequente e vem acompanhada de outros incômodos, pode ser sinal de algo mais sério: a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). Em casos em que os sintomas são persistentes e não respondem ao tratamento clínico, a cirurgia pode se tornar a única alternativa eficaz para evitar complicações. 

Segundo o Dr. Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), a DRGE ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna ao esôfago com frequência anormal. “Diferentemente da azia ocasional, a doença do refluxo é uma condição crônica que pode causar danos permanentes ao esôfago”, explica. 

O problema surge quando o esfíncter esofágico inferior, uma espécie de válvula muscular que separa o esôfago do estômago, não funciona adequadamente. Isso permite que o ácido gástrico entre em contato prolongado com a mucosa esofágica, que não está preparada para essa acidez.
 

Além da queimação: os sinais de alerta do refluxo

Embora a azia seja o sintoma mais conhecido, a DRGE pode se manifestar de formas menos óbvias e nem sempre relacionadas ao estômago. Os sinais mais comuns incluem:

  • Regurgitação ácida
  • Dor no peito ou na garganta
  • Tosse seca persistente, especialmente à noite
  • Rouquidão ou pigarro constante
  • Sensação de bolo na garganta
  • Dificuldade para engolir
  • Mau hálito
  • Náuseas e vômitos

“Muitas pessoas passam anos consultando diferentes especialistas antes de descobrir que esses sintomas têm origem no refluxo”, alerta o Dr. Nacif.
 

Diagnóstico, tratamento e quando a cirurgia é necessária

O diagnóstico da DRGE é feito com base na avaliação clínica e exames como a endoscopia digestiva alta. Em alguns casos, também pode ser indicada a pHmetria esofágica de 24 horas, que mede o nível de acidez no esôfago. 

O tratamento inicial combina o uso de medicamentos, principalmente os inibidores de bomba de prótons (IBPs), com mudanças no estilo de vida. Entre as principais orientações estão: evitar refeições grandes ou gordurosas, não se deitar logo após comer, perder peso em casos de sobrepeso, parar de fumar e reduzir o consumo de álcool e cafeína. 

No entanto, nem todos os pacientes apresentam melhora. “Quando o paciente continua sintomático após 8 a 12 semanas de uso adequado de IBPs, ou quando surgem complicações, precisamos considerar outras opções terapêuticas”, afirma o cirurgião. Nesses casos, a cirurgia pode ser a melhor solução. Pacientes que têm sintomas persistentes, dependência contínua de medicamentos ou quadros como esofagite de repetição e esôfago de Barrett, uma condição pré-cancerosa, são candidatos ao procedimento. 

A técnica mais comum é a fundoplicatura, realizada por videolaparoscopia.“Utilizamos parte do estômago para reforçar a válvula natural entre esôfago e estômago, impedindo o refluxo de forma definitiva e com alta taxa de sucesso”, finaliza o Dr. Lucas Nacif.

 

Dr. Lucas Nacif - Médico gastroenterologista com especialidade em cirurgia geral e do aparelho digestivo. Lucas Nacif é reconhecido por sua expertise em cirurgias hepato bilio pancreáticas e transplante de fígado, utilizando técnicas avançadas minimamente invasivas por laparoscopia e robótica. O especialista é membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e está disponível para abordar temas relacionados ao aparelho digestivo, desde doenças, como gordura no fígado; câncer colorretal; doenças inflamatórias intestinais; pancreatite até cirurgias e transplantes em geral. Link e www.instagram.com/dr.lucasnacif_gastrocirurgia/

 

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