Condição que afeta milhões de brasileiros pode evoluir para complicações graves quando não tratada corretamente
A azia é um sintoma comum entre os 25,2 milhões de
brasileiros que sofrem com refluxo, segundo dados do Colégio Brasileiro de
Cirurgia Digestiva (CBCD), especialmente após refeições pesadas ou apimentadas.
No entanto, quando a queimação no peito se torna frequente e vem acompanhada de
outros incômodos, pode ser sinal de algo mais sério: a doença do refluxo
gastroesofágico (DRGE). Em casos em que os sintomas são persistentes e não
respondem ao tratamento clínico, a cirurgia pode se tornar a única alternativa
eficaz para evitar complicações.
Segundo o Dr. Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva
(CBCD), a DRGE ocorre quando o conteúdo ácido do estômago retorna ao
esôfago com frequência anormal. “Diferentemente da azia ocasional, a doença do
refluxo é uma condição crônica que pode causar danos permanentes ao esôfago”,
explica.
O problema surge quando o esfíncter esofágico inferior, uma
espécie de válvula muscular que separa o esôfago do estômago, não funciona
adequadamente. Isso permite que o ácido gástrico entre em contato prolongado
com a mucosa esofágica, que não está preparada para essa acidez.
Além da queimação: os sinais de alerta do refluxo
Embora a azia seja o sintoma mais conhecido, a DRGE pode se
manifestar de formas menos óbvias e nem sempre relacionadas ao estômago. Os
sinais mais comuns incluem:
- Regurgitação ácida
- Dor no peito ou na garganta
- Tosse seca persistente, especialmente à noite
- Rouquidão ou pigarro constante
- Sensação de bolo na garganta
- Dificuldade para engolir
- Mau hálito
- Náuseas e vômitos
“Muitas
pessoas passam anos consultando diferentes especialistas antes de descobrir que
esses sintomas têm origem no refluxo”, alerta o Dr. Nacif.
Diagnóstico, tratamento e quando a cirurgia é necessária
O diagnóstico da DRGE é feito com base na avaliação clínica e
exames como a endoscopia digestiva alta. Em alguns casos, também pode ser
indicada a pHmetria esofágica de 24 horas, que mede o nível de acidez no
esôfago.
O tratamento inicial combina o uso de medicamentos, principalmente
os inibidores de bomba de prótons (IBPs), com mudanças no estilo de vida. Entre
as principais orientações estão: evitar refeições grandes ou gordurosas, não se
deitar logo após comer, perder peso em casos de sobrepeso, parar de fumar e
reduzir o consumo de álcool e cafeína.
No entanto, nem todos os pacientes apresentam melhora. “Quando o
paciente continua sintomático após 8 a 12 semanas de uso adequado de IBPs, ou
quando surgem complicações, precisamos considerar outras opções terapêuticas”,
afirma o cirurgião. Nesses casos, a cirurgia pode ser a melhor solução.
Pacientes que têm sintomas persistentes, dependência contínua de medicamentos
ou quadros como esofagite de repetição e esôfago de Barrett, uma condição
pré-cancerosa, são candidatos ao procedimento.
A técnica mais comum é a fundoplicatura, realizada por videolaparoscopia.“Utilizamos parte do estômago para reforçar a válvula natural entre esôfago e estômago, impedindo o refluxo de forma definitiva e com alta taxa de sucesso”, finaliza o Dr. Lucas Nacif.
Dr. Lucas Nacif - Médico gastroenterologista com
especialidade em cirurgia geral e do aparelho digestivo. Lucas Nacif é
reconhecido por sua expertise em cirurgias hepato bilio pancreáticas e
transplante de fígado, utilizando técnicas avançadas minimamente invasivas por
laparoscopia e robótica. O especialista é membro da Associação Brasileira de
Transplante de Órgãos (ABTO) e está disponível para abordar temas relacionados
ao aparelho digestivo, desde doenças, como gordura no fígado; câncer
colorretal; doenças inflamatórias intestinais; pancreatite até cirurgias e
transplantes em geral. Link e
www.instagram.com/dr.lucasnacif_gastrocirurgia/

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