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segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Intervenção precoce no autismo transforma o futuro das crianças


Os avanços no diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil têm revelado com mais precisão a dimensão desse desafio no campo da saúde pública e do desenvolvimento infantil. Segundo o Censo 2022 do IBGE, cerca de 2,4 milhões de brasileiros já receberam diagnóstico de TEA — o que representa 1,2% da população. Nas faixas etárias mais jovens, essa prevalência é ainda mais expressiva: 2,1% entre crianças de 0 a 4 anos e 2,6% dos 5 aos 9 anos.

Esse cenário associado a estudos recentes sobre o Transtorno do Espectro Autismo, reforçam a necessidade de uma ação antecipada: a intervenção precoce — que compreende o início de terapias especializadas nos primeiros anos de vida. Fortemente embasada em evidências científicas, intervenção precoce é amplamente reconhecida pela literatura científica como um fator determinante para o prognóstico da criança. Isso se deve à plasticidade cerebral característica da primeira infância, período em que o cérebro está mais receptivo a estímulos que favorecem a aquisição de habilidades essenciais.

O TEA é caracterizado por uma ampla heterogeneidade clínica. Isso exige que as intervenções sejam individualizadas, considerando o perfil de desenvolvimento de cada criança, suas necessidades específicas e seu contexto familiar. Estratégias como o Modelo Denver de Intervenção Precoce (ESDM), a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), o PECS (sistema de comunicação por troca de figuras), além de recursos como fonoaudiologia, psicomotricidade e integração sensorial, são utilizadas de maneira combinada e adaptada, conforme avaliação profissional.

Estudos recentes reforçam os benefícios dessas abordagens. Revisão sistemática publicada no periódico Cureus (2023) evidenciou que intervenções iniciadas antes dos cinco anos promovem avanços significativos em linguagem, cognição, habilidades sociais e autonomia funcional. Esses ganhos tendem a ser mais consistentes quando a família está envolvida ativamente no processo terapêutico.

Além dos efeitos diretos sobre o desenvolvimento infantil, a intervenção precoce contribui para o suporte familiar, facilita o manejo de comportamentos desafiadores e melhora a qualidade de vida do núcleo familiar.

Contudo, o acesso a esse tipo de cuidado ainda é desigual no país. A oferta de diagnóstico e tratamento especializado varia de acordo com a região, e muitos municípios não dispõem de profissionais capacitados nem de equipes interdisciplinares. Superar essas barreiras exige políticas públicas estruturadas, ampliação da capacitação profissional e integração entre saúde, educação e assistência social.

A intervenção precoce propõe a ampliação das oportunidades de desenvolvimento de cada criança. Ao identificar e tratar precocemente, promovemos mais do que ganhos clínicos: asseguramos o direito à inclusão, à autonomia e à construção de um futuro com mais qualidade de vida.

 

Dra Beatriz Chao Calixto - médica psiquiatra da ACESA Capuava. Ela é especialista em psiquiatra da Infância e Adolescência, graduada em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM), com residência médica em Psiquiatria Geral e Psiquiatria da Infância e Adolescência pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Preceptora da Residência Médica de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UNICAMP.


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