Sintomas
facilitam o reconhecimento precoce da condição, tanto por profissionais de
saúde quanto por pacientes
Estima-se que cerca de 190 milhões de mulheres em todo o mundo sofrem de endometriose, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a doença atinge aproximadamente 7 milhões de mulheres.
A
endometriose é uma condição recorrente em que o tecido que normalmente
reveste o útero por dentro cresce fora dele e pode afetar mulheres em
qualquer fase da vida reprodutiva. A doença é conhecida por causar inflamação e
dor, especialmente durante o período menstrual, e pode se manifestar por meio
de diversos sintomas.
Tais sintomas estão frequentemente agrupados em seis categorias, conhecidas como os “6 Ds”, um tipo de abordagem inicial para identificar sinais de endometriose, facilitando o reconhecimento precoce da condição tanto por profissionais de saúde quanto por pacientes. “Essa estratégia destaca características-chave que podem sugerir a presença da doença, embora a confirmação exija avaliação médica detalhada”, explica o Dr. Thiers Soares, especialista em endometriose.
1° D –
Dor na menstruação
Esta
dor, muitas vezes intensa, ocorre em torno do período menstrual e pode começar
dias antes. A intensidade da dor geralmente atinge seu pico nas primeiras 24
horas e diminui gradualmente. Pode ser acompanhada de outros sintomas, como dor
de cabeça, náuseas, alterações intestinais, dor nas costas e aumento da
frequência urinária.
2° D –
Dor na relação sexual
Conhecida
como dispareunia, essa dor pode ser sentida durante a penetração e pode variar
de superficial a profunda. A dispareunia profunda, sentida no fundo da vagina,
pode aumentar com o movimento e pode afetar negativamente a vida sexual da
mulher, levando a uma diminuição do desejo sexual, ansiedade e impacto na
autoestima.
3° D –
Dor ao evacuar
O
tecido endometrial, que normalmente reveste o útero, pode se desenvolver em
torno do intestino, causando dor abdominal intensa, especialmente antes da
menstruação. Isso pode afetar a função intestinal e levar a alterações nos
hábitos alimentares.
4° D –
Dor ao urinar
A
presença de sangue na urina, ou hematúria, é um sinal de alerta que pode
indicar endometriose, entre outras condições graves. Associada frequentemente
ao ciclo menstrual, a hematúria pode ser acompanhada de dor ao urinar. A
endometriose pode afetar a bexiga e a parte inferior dos ureteres (e os nervos
hipogástrcios), causando inflamação e, potencialmente, sangramento.
5° D –
Dor pélvica crônica
As
mulheres podem experimentar variações na sensação de dor na região pélvica, que
tende a se intensificar no período pré-menstrual e durante a menstruação. Essas
sensações podem ser acompanhadas de fluxo menstrual abundante e episódios de
sangramento fora do ciclo regular. Esses estímulos dolorosos são frequentemente
classificados como dor pélvica crônica quando duram mais de seis meses.
6° D –
Dificuldade para engravidar
Aproximadamente
30% a 40% das mulheres que buscam assistência para engravidar são
diagnosticadas com endometriose, que pode afetar a fertilidade em até 40% das
mulheres que têm a doença.
A dificuldade para conceber pode ser atribuída a vários fatores, incluindo alterações anatômicas causadas por cicatrizes e fibrose decorrentes da inflamação crônica. “Essas mudanças podem distorcer ou bloquear as tubas uterinas, dificultando a captura do óvulo ou a movimentação dos espermatozoides.
Além
disso, a inflamação relacionada ao tecido endometrial ectópico pode levar à
liberação de substâncias inflamatórias que afetam negativamente a reprodução,
interferindo na migração dos espermatozoides, ovulação, fertilização, migração
embrionária, qualidade do embrião e receptividade do útero.
Diagnóstico
da endometriose
O
diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada. Um exame ginecológico
pode revelar nódulos ou espessamentos suspeitos. Caso a endometriose esteja
presente em áreas mais altas do intestino, ela pode não ser detectada apenas
pelo exame físico, mas exames de imagem e histórico clínico podem ser
necessários para fornecer mais clareza.
Exames
complementares
Exames
de imagem, como ultrassom transvaginal com preparo intestinal, especialmente
quando feitos por profissionais experientes, são essenciais para um diagnóstico
preciso. Em muitos casos, também é solicitada uma ressonância magnética pélvica
para localizar e avaliar a extensão das lesões.
Tratamentos
O tratamento inicial da endometriose é adaptado ao estágio da doença e aos sintomas individuais, com o objetivo de mitigar a progressão e melhorar a qualidade de vida.
Tratamentos
não cirúrgicos incluem o uso de medicamentos para reduzir a inflamação e a dor,
bem como terapias hormonais que podem regular o ciclo menstrual e aliviar os
sintomas. No entanto, essas abordagens tendem a ser paliativas, focando no
alívio dos sintomas ao invés de erradicar a doença.
Em casos mais severos, em que há envolvimento significativo de órgãos como intestinos, ovários e bexiga, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. "A cirurgia busca remover o tecido endometrial anormal e restaurar a anatomia normal, preservando a função dos órgãos afetados. Procedimentos minimamente invasivos, como a laparoscopia e a robótica, são preferidos, permitindo uma recuperação mais rápida, geralmente dentro de duas semanas, dependendo da natureza do trabalho da paciente", explica o especialista.
Embora a endometriose seja uma condição complexa, um diagnóstico correto é o primeiro passo para um tratamento eficaz. É importante consultar um ginecologista para uma avaliação completa e discussão das opções de tratamento disponíveis.
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