Engajamento
se traduz em atenção a temas sociais como corrupção e na criação de projetos
que beneficiam a comunidade
O interesse por pautas políticas tem
crescido entre os jovens. Pesquisa do Centro de Estudos Sociedade, Universidade
e Ciência da Unifesp, em parceria com o Instituto Idea, aponta que 34% dessa
faixa etária citam a corrupção como o principal problema do país, e 33% dos
entrevistados entre 18 e 27 anos já se declaram alinhados a uma posição
política. Essa tendência se reflete também em iniciativas. Alunas da 2ª série
do Ensino Médio da Escola Gracinha, por meio do itinerário de Ciências
Humanas, criaram um projeto de lei que foi selecionado, em agosto de 2025, pela
Câmara Municipal de São Paulo para participar do Parlamento Jovem em novembro.
A proposta institui o Programa de Capacitação para a Vida Autônoma (PCVA),
voltado a adolescentes de 15 a 17 anos em abrigos municipais, com foco na
formação profissional e na inserção social para a vida adulta.
Segundo Andrea Montellato, assessora de
Ciências Humanas da Escola Gracinha, o projeto será defendido pela estudante
Rafaela Loureiro Simões Pinto. Para isso, ela passará o dia na Câmara dos
Vereadores de São Paulo, simulando a rotina parlamentar e apresentando as
razões do projeto, sua necessidade e importância para que seja aprovado.
"O objetivo é possibilitar aos estudantes do Ensino Médio regular,
devidamente matriculados em escolas públicas ou particulares no município de
São Paulo, a vivência do processo democrático, mediante participação em uma
jornada parlamentar, com diplomação e exercício de mandato", explica. Para
chegar até esse momento, as alunas desenvolveram as razões que motivaram a
proposta, demonstrando sua relevância e o impacto que ela pode gerar na
formação cidadã dos jovens.
“Esse resultado é fruto de um percurso
formativo alinhado à Base Nacional Comum Curricular, que buscou combinar sólida
formação teórica e rigor científico com experiências práticas, como saídas de
campo para conhecer e problematizar o funcionamento do poder legislativo nos
âmbitos municipal, estadual e federal, além de debates e sistematizações que
ajudaram os estudantes a compreender a ‘gramática’ da política”, comenta
Andrea.
Todo o percurso para a elaboração do
projeto teve como ponto de partida os conceitos do Liberalismo e do Iluminismo.
Os estudantes se aprofundaram no estudo da formação do Estado Brasileiro, suas
constituições, conquistas e retrocessos. Em grupos, desenvolveram projetos de
lei que contemplavam aspectos como viabilidade, justificativa e foco temático,
seguindo critérios semelhantes aos do ambiente real da política e das
instituições. O trabalho coletivo resultou em diversas propostas, e uma delas
foi selecionada para representar a escola na próxima etapa do Parlamento Jovem,
prevista para este segundo semestre.
Pontos da proposta
Com base nisso, a proposta do projeto,
o Programa de Capacitação para a Vida Autônoma (PCVA), prevê encontros semanais
no contraturno escolar ao longo de um ano, totalizando 192 horas de atividades
coordenadas por educadores, psicólogos e assistentes sociais. Com foco em
autoconhecimento, saúde mental, direitos civis, educação financeira, carreira,
rotinas da vida adulta e redes de apoio, cada jovem recebe um plano
personalizado e participa de vivências práticas, como estágios e simulações,
para fortalecer sua autonomia e inserção social. O projeto é realizado em
parceria com serviços municipais e organizações da sociedade civil, garantindo
suporte técnico, psicológico e formativo, e, ao final, os participantes recebem
certificado de conclusão.
Segundo Andrea, a experiência vai além
do cumprimento das exigências curriculares, preparando os alunos para desafios
da vida real. “O trabalho não se encerra aqui. Os componentes do Itinerário de
CHSA deste semestre, irão estudar os movimentos da sociedade civil organizada e
sua relação com o poder institucional e econômico, analisando também grupos e
discursos que ameaçam as instituições democráticas com mensagens simplistas e,
muitas vezes, com amplo apoio social. A proposta é estimular uma reflexão
crítica sobre os caminhos e possibilidades da participação cidadã e popular,
explorando instrumentos como plebiscitos, referendos e ações de movimentos
sociais”.
Para encerrar o ano, a equipe de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas está promovendo componentes em seu
itinerário que voltam seu olhar para as transformações do mundo do trabalho e
os desafios impostos pelo uso intensivo das chamadas inteligências artificiais
e tecnologias complementares. Dessa forma, os diferentes componentes de
Geografia, Filosofia, História e Sociologia organizam seus debates e propostas
avaliativas do Itinerário a partir de uma perspectiva coesa e unificada de área
do conhecimento.
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