Cresce o uso de pareceres técnicos para avaliar a
viabilidade de processos antes mesmo de serem iniciados. Medida ajuda a evitar
ações frágeis e garante mais segurança jurídica a pacientes e advogados
.
Quase
metade das ações judiciais na área da saúde no Brasil são encerradas sem
julgamento. O dado, revelado pelo relatório Justiça em Números 2024, do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mostra que 41% dos processos abertos em
2023 foram extintos sem qualquer resolução de mérito — ou seja, sequer chegaram
a uma sentença.
Muitas
dessas ações não passaram da fase inicial por falta de embasamento técnico,
gerando frustração em pacientes e desperdício de tempo e recursos para
advogados e para o próprio sistema de Justiça.
Diante
desse cenário, cresce a adoção de uma ferramenta que tem ganhado destaque por
ajudar a evitar esse tipo de situação: a análise de viabilidade técnica.
Avaliação prévia com base técnica
A análise de viabilidade consiste em
um parecer elaborado por especialistas da área médica ou pericial, com o
objetivo de identificar se há elementos técnicos suficientes para sustentar uma
ação judicial.
“A
análise de viabilidade é uma etapa essencial para entender se o caso tem
respaldo técnico. É um parecer que antecipa as reais chances de sucesso
jurídico”, afirma o cardiologista Dr. Amauri Giovelli, que atua como assistente
técnico em ações envolvendo suposto erro médico, previdência e área
trabalhista.
Segundo
ele, o papel do perito não é convencer o juiz, mas sim apontar se existem
provas médicas robustas. “Quando não há, demonstramos para os advogados e seus
clientes que o melhor é nem seguir adiante com o processo”, explica.
Na
cardiologia, por exemplo, não é o fato da pessoa ter sofrido um infarto, que
lhe dará direito à isenção do Imposto de Renda. E a análise de viabilidade vai
apontar claramente esse entendimento jurídico, do ponto de vista médico -legal.
Além
de evitar frustrações e ações sem fundamento, o parecer técnico fortalece os
processos que realmente têm base jurídica, permitindo a elaboração de petições
iniciais mais sólidas. Com isso, os quesitos direcionados à perícia — muitas
vezes realizada anos após o início do processo — se tornam mais assertivos.
Judicialização da saúde em alta
Dados
do Anuário da Justiça Brasil 2024 apontam que os processos judiciais na saúde
cresceram 12,4% apenas no último ano. O aumento está relacionado a três
principais fatores:
-
negativas de cobertura de tratamentos por planos de saúde;
-
dificuldade de acesso a medicamentos de alto custo e;
-
contestações sobre perícias médicas mal conduzidas.
Diante
desse crescimento, especialistas defendem a necessidade de profissionalizar o
início das ações com o suporte técnico adequado.
“A
análise de viabilidade evita a judicialização de casos frágeis e contribui para
decisões mais eficazes. Não é função do perito convencer o juiz, mas sim
verificar se há elementos técnicos robustos. Quando não há, o melhor é nem
seguir para o processo”, reforça o Dr. Amauri Giovelli.
Evitar o erro antes que ele aconteça
A análise técnica é especialmente
relevante em áreas sensíveis como a saúde, onde as decisões judiciais impactam
diretamente a vida e o bem-estar das pessoas. O uso do parecer de viabilidade
permite uma avaliação mais criteriosa antes de qualquer petição ser
protocolada.
Mais
do que um filtro, trata-se de uma medida de responsabilidade. Evitar uma ação
judicial sem base sólida não é abrir mão da Justiça, mas sim escolher lutar por
causas que realmente têm chance de êxito técnico e jurídico.
Antes de iniciar um processo, a recomendação dos
especialistas é clara: avaliar se o caso possui respaldo técnico suficiente.
Quando há dúvidas, a análise de um assistente técnico pode representar o
primeiro passo de uma estratégia bem planejada — ou o alerta necessário para
evitar um erro ainda maior.
Dr. Amauri Giovelli - CRM 28757/PR - Cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (RQE 24.407), com residência em Medicina de Família e Comunidade (RQE 1.315), Dr. Amauri Giovelli possui pós-graduação em Medicina Legal e Perícias Médicas pelo Instituto IFH e Faculdade Unimed.
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