Pesquisar no Blog

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Diagnóstico em adultos com TEA melhora a qualidade de vida dessa faixa etária

OMS aponta que podem existir cerca de 2 milhões de pessoas com TEA no Brasil

 

Para muitos adultos, a vida é uma jornada de busca por respostas. Sentimentos de inadequação, dificuldades de comunicação e desafios em interações sociais podem ser constantes, sem uma explicação clara. Para um número crescente de pessoas, a resposta para essas questões complexas reside em um diagnóstico tardio de Transtorno do Espectro Autista (TEA).

De acordo com as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil pode ter mais de 2 milhões de pessoas com TEA. O transtorno é uma condição de desenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Cada pessoa com autismo é única, e os sinais podem variar de leves a mais significativos. Muitas vezes, adultos que receberam diagnóstico tardio já desenvolveram maneiras de lidar ou disfarçar alguns comportamentos, o que pode dificultar a identificação.

"O autismo, tradicionalmente diagnosticado na infância, está cada vez mais sendo identificado em adultos que passaram décadas sem compreender suas próprias experiências. Essa realidade, embora desafiadora, abre caminho para o autoconhecimento, o acesso a suporte adequado e a melhoria significativa na qualidade de vida", comenta Edson Issamu, neurologista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Na vida adulta, os sintomas podem se manifestar de forma diferente, assim como os autistas que possuem sintomas mais leves e não são diagnosticados também podem aprender a mascarar as manifestações do transtorno em busca de levar uma vida mais “normal”.

“Quando o indivíduo sempre teve sintomas leves e os familiares não levaram em conta a possibilidade de ser TEA, essa criança pode crescer em conflito, almejando agir como um neurotípico e aprendendo a mascarar os sintomas, o que torna doloroso para o autista estar o tempo todo usando essa máscara ao invés de poder trabalhar as questões referentes ao autismo para levar uma vida normal dentro de quem ele é”, ressalta o neurologista.

Os sintomas do TEA em adultos podem se manifestar de maneiras variadas, dependendo de cada indivíduo e da gravidade do transtorno. De acordo com o especialista, esses são alguns dos principais sinais que podem ser observados:


1. Dificuldades de Comunicação e Interação Social:

  • Problemas na compreensão das sutilezas da linguagem: Como interpretar ironias, metáforas ou expressões idiomáticas.
  • Dificuldade em iniciar ou manter conversas: Pode haver um desejo de se conectar, mas barreiras na forma de se expressar ou entender o outro.
  • Preferência por comunicações diretas: Pessoas no espectro frequentemente se sentem mais confortáveis com informações claras e objetivas.


2. Comportamentos e Interesses Restritivos:

  • Interesses intensos e focados: Dedicação significativa a um tema ou atividade específica, muitas vezes com profundo conhecimento no assunto.
  • Comportamentos repetitivos: Movimentos, padrões ou rotinas que são seguidos rigorosamente e proporcionam sensação de segurança.


3. Sensibilidade Sensorial:

  • Maior ou menor resposta a estímulos sensoriais: Sons, luzes, texturas e cheiros podem ser especialmente incômodos ou, ao contrário, podem passar despercebidos.


Por que o diagnóstico mesmo tardio é importante?

A importância do diagnóstico tardio vai além da simples nomeação de uma condição. Ele proporciona uma profunda compreensão de si mesmo, permitindo que os adultos revisitem suas experiências passadas sob uma nova perspectiva. Isso pode levar a um processo de aceitação, alívio e autocompaixão.

Com um diagnóstico formal, também é possível acessar serviços e recursos que antes eram inacessíveis. Terapias especializadas, como terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicoterapia, podem auxiliar no desenvolvimento de habilidades sociais, na gestão de sensibilidades sensoriais e no enfrentamento de desafios emocionais.

"Muitos adultos autistas enfrentam desafios de saúde mental, como ansiedade, depressão e burnout, muitas vezes agravados pela falta de compreensão e aceitação ao longo da vida. O diagnóstico tardio pode ser um ponto de virada, permitindo que esses indivíduos busquem tratamentos direcionados e desenvolvam estratégias eficazes de enfrentamento”, explica o neurologista.

Apesar dos benefícios, o diagnóstico tardio de autismo ainda pode ocasionar desafios. A falta de conscientização sobre o autismo em adultos na sociedade em geral pode dificultar o acesso a avaliações e diagnósticos precisos.

"O diagnóstico tardio de autismo em adultos é um tema de crescente importância, o qual exige que a sociedade se torne mais informada e receptiva à neurodiversidade. Profissionais de saúde precisam estar preparados para reconhecer os sinais de autismo em adultos e encaminhar os pacientes para avaliações especializadas”, finaliza Issamu. 


Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados