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segunda-feira, 31 de março de 2025

TEA na vida adulta: os desafios do diagnóstico tardio

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Pessoas autistas podem passar anos sem saber que fazem parte do espectro; neurologista do Hospital Japonês Santa Cruz detalha situação

 

O Dia Mundial do Autismo, celebrado em 2 de abril, busca combater a discriminação e disseminar informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a data reforça a importância da inclusão de crianças, adolescentes e adultos diagnosticados. 

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos. Segundo Flávio Sallem, neurologista do Hospital Japonês Santa Cruz, “o autismo é um espectro, ou seja, pode se manifestar de formas muito diferentes de pessoa para pessoa”. 

Geralmente, o diagnóstico ocorre na infância. Embora em alguns casos os sintomas sejam evidentes, chegar a uma conclusão não é simples. “Nos baseamos em observações comportamentais e entrevistas estruturadas. Em crianças, envolve pais e cuidadores”, explica o neurologista. Além disso, O TEA é classificado em três níveis, de acordo com o grau de suporte necessário: 

Nível 1: Requer apoio – dificuldades leves, mas perceptíveis em interações sociais.

Nível 2: Requer apoio substancial – desafios mais evidentes na comunicação e comportamento.

Nível 3: Requer apoio muito substancial – comprometimento severo na linguagem, interação e flexibilidade comportamental. 

Embora os sinais sejam mais claros na infância, muitos adultos vêm descobrindo o diagnóstico tardiamente. “Pessoas com TEA de nível 1 frequentemente só são diagnosticadas na vida adulta, porque seus sinais são mais sutis e podem ter sido mascarados por estratégias de compensação social”, detalha. Contudo, a ausência de diagnóstico e acompanhamento adequado pode agravar o sofrimento psíquico, ansiedade, depressão e sensação de inadequação. “O autismo impacta a compreensão de sutilezas sociais, a fluência nas conversas, a adaptação a mudanças de rotina e a construção de vínculos afetivos”, pontua. 

O autismo não se agrava com o tempo, mesmo sem intervenção médica. No entanto, sem apoio adequado, crises podem se tornar mais frequentes e a exclusão social pode aumentar. “Episódios de crises ocorrem por sobrecarga sensorial, emocional ou social. Autistas de nível 1 também têm crises, mas elas podem ser mais internas ou sutis, como irritabilidade intensa, mutismo temporário, isolamento, ataques de ansiedade ou colapsos silenciosos. 

“O suporte à pessoa autista deve ser intersetorial, envolvendo diferentes áreas para garantir um desenvolvimento pleno e inclusivo. Na saúde, é fundamental oferecer diagnóstico precoce, terapias especializadas e acompanhamento médico contínuo”, salienta o médico.  

No âmbito educacional, a adaptação pedagógica e a inclusão escolar são essenciais para a aprendizagem e socialização. No mercado de trabalho, é necessário promover oportunidades adaptadas e capacitação profissional. Além disso, a assistência social desempenha um papel importante ao fornecer benefícios e apoio às famílias, garantindo que tenham acesso aos recursos necessários para uma melhor qualidade de vida.

 

Hospital Japonês Santa Cruz



Dia do Autismo, como a otorrinolaringologia pode ajudar crianças com TEA

A otorrinolaringologista Dra. Roberta Pilla demonstra a importância de sua especialidade na detecção e tratamento do transtorno e dá 15 sinais cruciais para prestar atenção nas crianças


Ouvir e compreender os sons, responder à voz dos pais, formular as primeiras palavras e frases, reagir a tons de voz diferentes… todos esses processos nos lembram o desenvolvimento normal de um bebê em seus primeiros meses de vida. E, de fato, mostram isso. Qualquer comportamento atípico nessa área liga o alerta para a possibilidade de distúrbios auditivos e linguagem. O que poucos sabem é que anormalidades na fala e audição também podem levantar a hipótese de um transtorno de espectro autista (TEA), ou autismo. Por isso, a presença de um otorrinolaringologista é vital num diagnóstico precoce do transtorno, a fim de detectar e, eventualmente, tratar a questão, minimizando as dificuldades da vida da criança e de sua família.

Dra. Roberta Pilla, médica otorrinolaringologista membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), conta que sua especialidade pode ser considerada a primeira em importância para investigar possibilidades de autismo, principalmente quando há questões relacionadas à habilidade auditiva e de desenvolvimento de linguagem. "Numa consulta de avaliação otorrinolaringológica em si, podemos investigar a criança em relação a questões de desenvolvimento e questões sociais. Distúrbios de sono que também podem estar relacionados ao autismo também podem ser inicialmente investigados pelo otorrinolaringologista. Conforme alguns sinais e sintomas de alerta, ele inicia a triagem precoce deste distúrbio", detalha.

As questões ligadas ao sono, ao sistema respiratório, a alterações auditivas e distúrbios da linguagem são muito frequentes nesse grupo de pacientes, segundo a especialista, que salienta o quanto essas comorbidades podem interferir negativamente no quadro clínico comportamental e social das crianças autistas. "O otorrino, por conta disso, acaba colaborando com pais e cuidadores no afastamento de desordens que possam agravar o quadro de autismo, da mesma forma que ajuda no diagnóstico e investigação desse transtorno", acrescenta.

Uma vez que o sistema de comunicação humano carrega tantas complexidades e órgãos inter-relacionados, o otorrino figura como um importante aliado na realização de diagnósticos diferenciais e na elaboração de programas terapêuticos. "Na perda auditiva, por exemplo, do diagnóstico à conduta terapêutica, o otorrino é fundamental na elaboração do tratamento clínico ou até cirúrgico", diz Dra. Roberta, ao reforçar que as perdas auditivas estão relacionadas diretamente a um maior risco de atrasos no desenvolvimento nas habilidades de comunicação receptiva e expressiva.

 

Diagnóstico precoce, sempre uma vantagem para a criança


Entre as principais ponderações de Dra. Roberta, o diagnóstico no tempo certo pode ser o maior aliado para o tratamento e bem-estar da criança, já que recupera a possibilidade do desenvolvimento das habilidades do autista, evitando perdas nos processos de aprendizagem e de interação social.

Muitas vezes, segundo Dra. Roberta, a criança pode aprender a sentar, engatinhar e andar de acordo com os marcos de desenvolvimento, mas apresentar dificuldade na comunicação não verbal, como o contato visual, na linguagem e na interação social. Em casa, segundo ela, os pais devem observar se a criança está com comportamentos diferentes de outras da sua faixa etária.

"A partir do momento que se nota um comportamento não habitual, é muito importante procurar um profissional para uma avaliação mais completa e para definição de possíveis diagnósticos", recomenda a especialista.

Para auxiliar nesse aspecto, a seguir, Dra. Roberta Pilla reúne 15 principais sinais de alerta para os cuidadores observarem na criança, na intenção de um diagnóstico precoce dos transtornos do espectro autista (TEAs):

 

  1. Dificuldade em manter contato visual;
  2. Não responde ao sorriso ou outras expressões faciais dos pais;
  3. Não olha para objetos para os quais os pais estão olhando ou apontando;
  4. Não fala nenhuma palavra aos 15 meses ou frases aos 24 meses;
  5. Repete exatamente o que os outros dizem sem entender o significado;
  6. Pode não responder quando chamado pelo nome, mas responde a outros sons (como a buzina de um carro ou o miado de um gato);
  7. Pode perder a linguagem ou outros marcos sociais entre os 15 e 24 meses de idade;
  8. Balança as mãos, balança o corpo ou roda em círculos; anda na ponta dos pés por um longo tempo ou agita as mãos (chamado de “comportamento estereotipado” ou estereotipia);
  9. Prazer em atividades incomuns, em interesses obsessivos, fazendo-as repetidamente durante o dia;
  10. Brinca com partes de brinquedos em vez do brinquedo inteiro (por exemplo, girando as rodas de um caminhão de brinquedo);
  11. Pode ser muito sensível ou nada sensível a cheiros, sons, luzes, texturas e toque;
  12. Não brinca de brincadeiras simbólicas, como faz de conta, casinha, boneca;
  13. Tem dificuldade para entender gestos, linguagem corporal ou tom de voz;
  14. Confunde o uso dos pronomes, por exemplo, diz “eu” quando queria dizer “você”;
  15. Tem dificuldade para elaborar frases, usa somente uma palavra por vez.


Dra. Roberta Pilla - Otorrinolaringologia Geral Adulto e Infantil; Laringologia e Voz; Distúrbios da Deglutição; Via Aérea Pediátrica; Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul (2003); Pesquisa Laboratorial em Cirurgia Cardíaca na Universidade da Pensilvania – Philadelphia/USA (2004); Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (2009); Mestrado em Cirurgia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS- Porto Alegre/RS) (2012-2016); Membro da Diretoria da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORLCCF) (2016)


Qual a idade dos seus olhos? Saiba como retardar o envelhecimento da visão

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Especialista alerta que fatores genéticos e ambientais podem aumentar o risco de determinadas doenças, mas dá dicas de como amenizar esse processo 


Você já se perguntou qual a idade dos seus olhos? Assim como outras partes do corpo, a visão também envelhece, e nem sempre esse processo acompanha a idade cronológica da pessoa. A boa notícia é que alguns hábitos podem ajudar a retardar o aparecimento de doenças e preservar a saúde ocular por mais tempo. Segundo o Dr. Ibraim Viana, oftalmologista do H.Olhos, Hospital de Olhos da rede Vision One, alguns pacientes podem apresentar precocemente doenças tipicamente relacionadas ao envelhecimento. "Fatores como estilo de vida, predisposição genética e exposição a agentes nocivos influenciam no aparecimento de determinadas doenças oculares", explica. 

Algumas condições podem contribuir para o envelhecimento precoce dos olhos. Entre os principais fatores estão a exposição excessiva à radiação ultravioleta, tabagismo e consumo excessivo de álcool. Outros fatores incluem alimentação pobre em vitaminas e antioxidantes, uso excessivo de corticoide e a presença de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. "O uso excessivo de celulares, computadores e tablets pode levar ao cansaço visual devido ao esforço constante para focar objetos próximos, especialmente após períodos prolongados e em pacientes com mais de 40 anos", alerta Dr. Ibraim Viana. Para reduzir o desconforto, recomenda-se fazer pausas regulares, especialmente após 50 minutos de uso contínuo, olhando para algo distante por cerca de 1-2 minutos. 

“Uma alimentação rica em ômega-3, vitaminas A, C e E, além de luteína e zeaxantina, ajudam a prevenir ou retardar determinadas doenças oftalmológicas", destaca o especialista. Outros hábitos benéficos incluem usar óculos de sol com proteção UV, manter a hidratação e realizar consultas oftalmológicas regulares para atualização dos óculos e prevenção de doenças. Embora o envelhecimento dos olhos seja inevitável, é possível retardá-lo com cuidados adequados. Ao adotar hábitos saudáveis e realizar exames oftalmológicos preventivos, é possível manter a visão nítida e saudável por mais tempo.
 

Doenças oculares relacionadas à idade

Com o passar dos anos, algumas doenças oftalmológicas se tornam mais comuns. Entre elas:

  • Catarata: opacificação do cristalino, causando visão embaçada;
  • Degeneração macular relacionada à idade (DMRI): afeta a retina e pode levar à redução da visão central;
  • Glaucoma: doença do nervo óptico que habitualmente leva a redução da visão periférica, mas que pode progredir para visão central;
  • Síndrome do olho seco: redução da produção ou da qualidade da lágrima, causando desconforto e irritação.
     

Adotar medidas preventivas é essencial para manter a saúde ocular ao longo da vida. O Dr. Ibraim recomenda:

  • Usar óculos de sol com proteção contra raios UVA e UVB;
  • Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool;
  • Controlar doenças crônicas que podem afetar a visão, como diabetes;
  • Manter uma dieta equilibrada, rica em antioxidantes e vitaminas;
  • Fazer pausas durante o uso de telas e piscar mais para evitar olhos secos;
  • Consultar regularmente um oftalmologista para identificar precocemente possíveis problemas.

"Embora o envelhecimento dos olhos seja inevitável, é possível prevenir algumas doenças com cuidados adequados. Ao adotar hábitos saudáveis e realizar exames oftalmológicos preventivos, é possível manter a visão nítida e saudável por mais tempo", finaliza o Dr. Ibraim Viana.


Vídeo viralizou no TikTok sobre mau hálito causado por lentes de contato dentais: isso é real? Dentista explica

Após a fala do influenciador João Pedrosa sobre o "bafo específico" de quem usa lentes nos dentes, dentista esclarece se o mau hálito tem mesmo relação com o procedimento e quais cuidados são essenciais para evitar o problema.



Um vídeo que viralizou no TikTok nesta semana reacendeu um debate pouco falado: as lentes de contato dentais podem causar mau hálito? O influenciador João Pedrosa, em tom bem-humorado, descreveu o “bafo” como algo específico e inesquecível — e associou diretamente ao uso das lentes dentais. Mas, será que essa associação procede? 

Segundo a cirurgiã-dentista Dra. Diana Fernandes, o mau hálito não é causado pelas lentes em si, mas pode, sim, surgir quando há erros na instalação ou falhas na higiene bucal. “Se não houver uma limpeza adequada ou se as lentes forem mal ajustadas, há acúmulo de placa bacteriana, o que favorece o mau cheiro e até inflamações como a gengivite”, explica. 

As lentes de contato dentais são lâminas ultrafinas de porcelana ou resina aplicadas sobre os dentes para corrigir imperfeições estéticas. O resultado costuma ser um sorriso harmônico e branco — mas que exige cuidados rigorosos. “O uso de escova adequada, fio dental diário e visitas regulares ao dentista são essenciais para manter a saúde e a estética ao mesmo tempo”, alerta a especialista. 

Além da má escovação, erros técnicos na colocação das lentes também podem contribuir para o problema. “Se sobra espaço entre a lente e o dente, ou há excesso de cimento, esses locais viram verdadeiros esconderijos de resíduos alimentares e bactérias”, aponta Dra. Diana. 

A boa notícia é que é possível corrigir ou até remover lentes mal colocadas. O processo é seguro, envolve a avaliação do caso, tratamento do dente se necessário, e a substituição por novas lentes bem ajustadas.

Por fim, a dentista lembra que sinais como gengiva sangrando, cheiro persistente, sensibilidade ou acúmulo de sujeira visível ao redor da lente são indicativos de que algo está errado — e merecem atenção imediata.

“A estética do sorriso deve andar junto com a saúde bucal. Esse vídeo pode ter viralizado com humor, mas levanta um ponto real e importante”, finaliza.



Dra. Diana Fernandes - Cirurgiã Dentista - UNIP 2013 • Especialista em Gestão de Mercados Odontológicos - UNIP 2014 • Ortodontista - ESO 2015 • Invisalign Doctor - Desde 2015 • Atualização em Implantodontia - ABO 2018 • Imersão em Harmonização - MANDIC 2018. DANTS cursos 2019/2020/2021

 

Emergências cardíacas e neurológicas: saiba quando procurar um pronto atendimento

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Perda de força, alterações na sensibilidade ou visão, tontura e vômitos persistentes devem ser levados a sério 

Consumo exagerado de álcool, desidratação, noites mal dormidas e calor intenso podem afetar coração e cérebro, mesmo em jovens

 

 

E se sintomas simples como cansaço, dor de cabeça, tontura e queda de pressão fossem mais do que sinais de um mal-estar passageiro? Especialmente em casos neurológicos e cardiológicos, quadros graves podem apresentar sinais horas ou dias antes de se manifestarem. Segundo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), que analisou as causas de morte de 2002 a 2019 em nível mundial, as doenças cardíacas lideram as estatísticas de óbitos, seguidas pelo acidente vascular cerebral (AVC). Dados alarmantes que enfatizam o risco de sintomas aparentemente inofensivos, como os de uma ressaca — muitas vezes negligenciados —, que podem indicar doenças graves. 


Como os sintomas surgem?

Desidratação, queda de pressão e tontura são sintomas comuns, causados, por exemplo, por exposição ao calor ou consumo excessivo de bebidas. No entanto, também podem ser sinais de alerta para problemas mais graves. Saber diferenciá-los é essencial para reconhecer a necessidade de buscar atendimento médico.

“Ao ingerir grandes quantidades de bebida alcoólica, os efeitos surgem de forma gradual. Quanto maior o consumo, mais intensos se tornam. Já em um problema grave, a palavra-chave é ‘súbito’, porque os sintomas surgem repentinamente”, explica a neurologista do Hospital São Marcelino Champagnat, Jamileh Chamma.

Essa diferença entre o surgimento progressivo e abrupto dos sintomas pode ser determinante para a busca de ajuda médica. Perda de força, alterações na sensibilidade ou visão, tontura e vômitos persistentes devem ser levados a sério, especialmente se aparecerem de repente. “Não dá para ficar em casa achando que é apenas uma ressaca ou um mal-estar passageiro. Somente um médico, por meio de um exame clínico e do histórico do paciente, pode diferenciar os sintomas com precisão e iniciar o tratamento adequado”, enfatiza Jamileh.

Outros fatores, como calor intenso, alimentação irregular, hidratação insuficiente e privação de sono, também podem afetar a pressão arterial e aumentar o risco de eventos graves. “Os exageros nunca são recomendados, seja com bebidas, festas, noites mal dormidas ou alimentação inadequada. Isso tudo pode comprometer a saúde, principalmente quando combinado”, alerta a neurologista.


Quando procurar um pronto atendimento?

A rapidez no atendimento pode mudar completamente o desfecho de casos neurológicos, como um AVC. “Costumamos dizer que o tempo para a intervenção médica deve ser sempre o menor possível, pois cada minuto importa. A janela ideal para tratamento é de até quatro horas e meia após o início dos sintomas. Nesse período, as intervenções médicas ainda podem minimizar ou até reverter possíveis danos cerebrais”, reforça Jamileh.

O mesmo vale para doenças cardíacas. As dores no peito, muitas vezes atribuídas à ansiedade ou ao esforço físico, nunca devem ser ignoradas. “Não é normal ter dor no peito. Na dúvida, sempre busque avaliação médica, pois pode ser um infarto”, orienta o cardiologista do Hospital São Marcelino Champagnat, Gustavo Lenci.

Outros sinais também indicam perigo. O calor e a agitação, por exemplo, são alguns fatores que podem causar desconforto passageiro, mas, se houver dificuldade para respirar com esforços mínimos, como ao caminhar curtas distâncias, é um sinal de alerta. “Se a pessoa se sente ofegante mesmo ao realizar pequenas atividades, deve procurar atendimento”, explica Gustavo.

Outro indicativo de que pode ser o momento de procurar um pronto atendimento é o inchaço corporal, que tem diversas causas, mas, quando vem acompanhado de dificuldade respiratória, pode indicar insuficiência cardíaca. “Diversas situações podem causar inchaços. Existem, por exemplo, pacientes que têm varizes ou insuficiência venosa, que fazem com que sintam uma sensação de queimação nas pernas aliada ao inchaço”, comenta. “No entanto, se pés e pernas inchados estiverem associados a outros sintomas, como falta de ar, há grande probabilidade de ser um problema cardíaco mais sério”, complementa o cardiologista.


Escute os sinais do seu corpo

Para muitas pessoas, o receio de estar exagerando faz com que evitem buscar ajuda médica. No entanto, se um sintoma gera incômodo ou dúvida, a avaliação profissional é sempre recomendada. “Procurar atendimento médico pode ser a diferença entre um simples susto e um problema grave. Quanto mais cedo a avaliação for feita, maiores as chances de evitar complicações e garantir um tratamento eficaz”, indica Gustavo.

Especialistas orientam, ainda, que mesmo em casos nos quais esses sintomas são passageiros, procurar um especialista é sempre a melhor opção. “Mesmo que os sintomas desapareçam sozinhos, isso não significa que o problema tenha sido resolvido. Episódios transitórios podem ser um alerta de algo mais grave está por vir, e a busca por atendimento pode prevenir sequelas permanentes”, conclui Jamileh.

  

Hospital São Marcelino Champagnat



Dia da Mentira: 5 Grandes Mitos Sobre Sexo Que Precisamos Parar de Acreditar

No dia 1º de abril, conhecido como Dia da Mentira, é comum ouvir histórias absurdas e pegadinhas divertidas. Mas quando o assunto é sexo, algumas mentiras são repetidas tantas vezes que acabam parecendo verdades – e isso pode impactar diretamente a vida sexual e o bem-estar de muitas pessoas.

Os sexólogos e fundadores da Dona Coelha, Natali Gutierrez e Renan de Paula, listam as cinco principais mentiras sobre sexo e explicam a verdade por trás delas.


1. “O desejo sexual diminui naturalmente com o tempo”

Mentira!


O desejo sexual pode mudar ao longo da vida, mas isso não significa que ele precisa desaparecer. Segundo Natali, “fatores como rotina, estresse, falta de comunicação e baixa autoestima podem afetar a libido, mas com autoconhecimento e estímulos adequados, o desejo pode ser resgatado e até intensificado”.


2. “Tamanho é documento”

Mentira!


O prazer sexual não está diretamente ligado ao tamanho do pênis ou de qualquer outra parte do corpo. “O que realmente importa é a conexão, a comunicação e o conhecimento sobre o que dá prazer ao parceiro ou parceira”, explica Renan. Além disso, a estimulação de diferentes zonas erógenas faz toda a diferença na experiência sexual.


3. “Mulheres não gostam tanto de sexo quanto os homens”

Mentira!


Esse é um dos maiores mitos sobre a sexualidade feminina. Natali esclarece: “Mulheres gostam e podem ter tanto desejo quanto os homens, mas muitas vezes foram ensinadas a reprimir esse lado por questões culturais e sociais. Quando há liberdade e segurança para explorar o prazer, a experiência pode ser igualmente intensa para ambos os sexos”.


4. “Sexo espontâneo é sempre melhor”

Mentira!


O cinema e a cultura pop nos fazem acreditar que o sexo precisa ser impulsivo e espontâneo, mas a realidade é que a vida adulta nem sempre permite isso.


“Agendar momentos íntimos pode ser uma ótima maneira de manter a conexão, principalmente em relacionamentos longos. O desejo pode ser construído e estimulado ao longo do dia”, diz Renan.


5. “Brinquedos sexuais são só para quem não tem uma vida sexual ativa”

Mentira!


Os brinquedos eróticos são aliados do prazer, tanto individualmente quanto a dois. “Eles podem intensificar a experiência, proporcionar novas sensações e até ajudar casais a saírem da rotina”, afirma Natali. E o melhor: há opções para todos os gostos e níveis de curiosidade.


No Dia da Mentira, vale a pena questionar algumas das “verdades” que ouvimos sobre sexo. Que tal aproveitar a data para desconstruir mitos e aprender mais sobre o que realmente faz bem para sua vida sexual?

 

Cuidar da visão do seu filho pode garantir um ano letivo mais proveitoso e saudável

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Saiba como identificar problemas de visão nas crianças e as tecnologias disponíveis para oferecer uma visão de qualidade

 

Com o ano letivo começando para valer na maioria das cidades brasileiras, os pais iniciam o ano letivo com uma série de atividades como a organização de materiais didáticos, uniformes e rotinas de horários. Contudo, esse também é o período ideal para realizar o cuidado com a saúde visual, pois existem uma série de deficiências que podem passar despercebidas. Estudos recentes realizados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que 13 milhões de crianças, com idade entre cinco e quinze anos, apresentam erros refrativos, como a miopia, que podem afetar o comportamento em sala de aula e o rendimento escolar.

Nos últimos anos, a saúde ocular infantil tem sido um tema prioritário para especialistas em todo o mundo. Evidências mostram que as mudanças no estilo de vida moderno, como o uso excessivo de telas e a redução de atividades ao ar livre, têm aumentado significativamente os casos de miopia entre crianças.

Um levantamento publicado no British Journal of Ophthalmology revelou que a incidência global de miopia triplicou entre 1990 e 2023. Até 2050, mais de 10 milhões de crianças podem ser afetadas. Quando não controlada, pode evoluir para graus elevados e aumentar os riscos de doenças graves, como glaucoma, catarata precoce e descolamento de retina, dentre outras. Por isso, é imprescindível realizar exames oftalmológicos regulares para identificar previamente alguma deficiência.



Atenção aos sinais de problemas visuais

A Dra. Andrea Greco, médica oftalmologista, especialista em Estrabismo e Oftalmopediatria, e consultora da Rodenstock Brasil, destaca que a miopia é ainda mais preocupante em crianças com histórico familiar. "Crianças com pais míopes têm maior risco de desenvolver a condição, e a progressão pode ser rápida. Estudos mostram que ter um dos pais míopes triplica o risco de desenvolvimento da miopia, enquanto ter ambos os pais aumenta o risco em sete vezes. Por isso, controlar a miopia na infância é essencial para preservar a saúde ocular a longo prazo e evitar complicações futuras", explica.

A oftalmologista ressalta que sinais como dificuldade para enxergar a lousa, dores de cabeça frequentes, cansaço ocular e irritação nos olhos podem indicar problemas de visão. “No entanto, muitas crianças não percebem ou não conseguem expressar essas dificuldades em sua rotina diária. É por isso que o papel dos pais e dos exames oftalmológicos regulares são tão importantes”, reforça Greco.



As lentes como importantes ferramentas para correção

Após o diagnóstico dado pelo médico oftalmologista, o tratamento deve ser personalizado para cada criança. As lentes oftálmicas para óculos são consideradas ferramentas comuns para correção da visão das crianças, contudo, graças aos avanços tecnológicos dos últimos anos, a indústria óptica tem oferecido além da correção, opções que atuam para controlar e retardar a progressão da miopia.

Neste cenário, a alemã Rodenstock desenvolveu as lentes MyCon™️️️️️️️️️, projetadas exclusivamente para tratar a visão do público infantil. São produzidas em diferentes índices que oferecem aos pais e oftalmologistas uma gama de escolha não somente para os pacientes alto míopes, mas também para os que apresentam a miopia em seu estágio inicial, com um custo que se adequa dentro da capacidade de compra da maioria da população. Os princípios das lentes MyCon™️️️️️️️️️ ajudam a redirecionar a luz para a frente da retina e não atrás, como acontece normalmente com as lentes monofocais tradicionais, isso reduz o alongamento do olho e, consequentemente, a progressão da miopia, além de oferecer uma visão nítida para as crianças em todas as atividades do dia a dia.

Segundo Hugo Mota, presidente da Rodenstock Brasil, outro grande diferencial das lentes MyCon™️️️️️️️️️ é sua área central de visão transparente, uma vez que as áreas para o controle da progressão da miopia se concentram nas laterais da lente. Sendo a zona central a mais utilizada pelas crianças, torna a utilização dos óculos favorecida. Recentemente a Rodenstock trouxe mais tecnologia para suas lentes de controle da progressão da miopia com o lançamento de MyCon™️️️️️️️️️ 2, que além de oferecer todos os benefícios de sua versão regular, agrega a possibilidade da inclusão dos quatro parâmetros individuais do rosto das crianças na produção das lentes, tornando-as mais personalizadas e customizadas para cada criança. “Afinal, não somente os olhos, mas a própria anatomia das crianças também muda bastante com o passar do tempo e suas lentes precisam acompanhar esta evolução. As lentes MyCon™️️️️️️️️️ não são lentes apenas para corrigir a visão. Elas são a visão da Rodenstock para proteger a saúde visual das crianças no futuro”, conclui Mota.



Algumas dicas práticas podem ajudar para proteger a visão das crianças na volta às aulas:

- Agende uma consulta ao oftalmologista: Avaliações anuais são indispensáveis para monitorar a saúde ocular e diagnosticar problemas precocemente.

- Incentive brincadeiras ao ar livre: A exposição à luz natural é essencial para a saúde ocular e ajuda a reduzir o risco de miopia.

- Estabeleça limites para o uso de telas: Use a regra dos 20-20-20 (a cada 20 minutos de tela, descanse os olhos por 20 segundos olhando para um objeto a 20 pés – cerca de 6 metros).

- Escolha lentes adequadas: Invista em lentes de qualidade, como as lentes MyCon™️️️️️️️️️, que corrigem a visão ao mesmo tempo em que ajudam a controlar a progressão da miopia.

- Fique atento aos sinais: Observe queixas de dificuldade para enxergar, dores de cabeça ou mudanças no desempenho
escolar.


Rodenstock


Síndrome do pescoço de texto: uso do celular pode adicionar até 27 kg na coluna

Aquela sensação de que o peso do mundo está nas costas, mesmo durante os momentos de relaxamento, pode ter uma explicação. A síndrome do pescoço de texto, tradução livre para o termo em inglês “text neck syndrome”, é uma sobrecarga nas articulações da coluna vertebral e nos músculos da região cervical, causada, normalmente, pela inclinação constante do pescoço ao mexer no celular ou outros aparelhos eletrônicos.

A má postura ao usar esses aparelhos pode adicionar até 27 kg de peso na coluna. Essa sobrecarga pode causar desde dores nos ombros e pescoço até hérnia de disco. “Além disso, a carga extra pode causar dores na região superior das costas, dor de cabeça, sensação de cansaço e redução da mobilidade do pescoço, quando a pessoa passa a sentir dificuldade de realizar movimentos com a cabeça e pescoço”, explica a professora do curso de Fisioterapia da Universidade Positivo, Christina Cepeda.

A especialista explica que, se não forem tratados, esses problemas físicos podem levar a condições mais graves a longo prazo, principalmente nos discos vertebrais e na coluna cervical. “Essa condição causa problemas de postura corporal e dores crônicas no pescoço e nos ombros, levando a uma redução da qualidade de vida e interferindo no bem-estar do paciente”, revela Christina.

Além das dores crônicas no pescoço e ombros, é fundamental ficar atento a outros sintomas, como sensação de formigamento, dormência ou fraqueza nos braços ou mãos, dificuldade para movimentar o pescoço e dor que irradia para os braços ou costas. "Se algum desses sintomas for persistente por várias horas ou dias, pode ser sinal de algum problema mais grave na coluna", ressalta.


Como evitar o problema?

Para corrigir a postura durante o uso do celular e outros eletrônicos e evitar os impactos negativos, Christina recomenda manter a cabeça erguida e o pescoço reto, sempre colocar o dispositivo móvel em uma altura confortável para evitar a inclinação da cabeça para baixo e fazer pausas regulares para alongar o pescoço e os ombros. "Caso o desconforto permaneça mesmo com esses cuidados, consulte um fisioterapeuta ou ortopedista para detectar e resolver o problema antes que se torne algo mais sério", finaliza.

De acordo com o coordenador do curso de Educação Física da UP e coordenador técnico da UPX Sports, Zair Candido, é muito importante trabalhar o back line, ou seja, os músculos que fazem a sustentação do corpo. Eles incluem músculos da face, a plantar (sola do pé), o tendão de aquiles, músculos da barriga da perna, posteriores da coxa, quadril, dorsais e intercostais. “Se você tiver uma saúde muscular bacana nessa back line, você vai ter uma qualidade de vida melhor”, aconselha.

Assim, alguns exercícios podem ajudar a mitigar o problema, como ensina o professor:

“Sentado e com a coluna vertebral reta, aproxime o queixo do ombro direito lateralmente, segure por 20 segundos, volte devagar para o centro e, em seguida, aproxime o queixo do ombro direito, segurando por mais 20 segundos. Ainda sentado, faça uma flexão do pescoço, colocando as duas mãos na nuca e segurando para a frente durante 20 segundos. Depois, faça uma hiperextensão da cervical, puxando, elevando o queixo para cima e segurando por 20 segundos. Finalize com circundações da cabeça para os dois lados, o que ajuda a trabalhar a cervical.”

Em seguida, trabalhe a torácica. “Estique os dois braços para cima e procure manter a postura ereta por 20 segundos. Ainda com as mãos esticadas acima da cabeça, e sempre mantendo a coluna reta, faça uma inclinação para a direita e a esquerda, segurando por 20 segundos em cada uma delas. Faça, ainda, uma flexão de tronco para a frente, flexionando um pouquinho os joelhos. Tente fazer um ângulo de 90 graus do quadril e deixar o tronco paralelo com o solo e segure, com os braços esticados, por mais 20 segundos.” Esses são pequenos exercícios básicos para alongar os músculos, mesmo depois de muitas horas no celular ou computador. No entanto, Candido lembra a importância do acompanhamento de um profissional de educação física para manter o corpo em movimento. “É sempre fundamental praticar atividades físicas regularmente e não apenas exercícios básicos de alongamento. É esse movimento frequente que vai realmente ajudar a evitar dores e outros problemas mais graves”, complementa. 



Universidade Positivo
up.edu.br/

Estudo aponta o impacto do estresse sobre o câncer de mama

Pesquisadores norte-americanos avaliaram mulheres negras e brancas para entender a relação entre o esgotamento físico e mental e o surgimento de tumores. Para o médico Daniel Musse, da Oncologia D’Or, a pesquisa dá base científica a algo percebido pela população em geral.

 

O senso comum diz que, por trás do desenvolvimento do câncer, existem fortes problemas emocionais. À procura de evidências para dar base científica a essa percepção, pesquisadores norte-americanos acompanharam por dez anos 121 mulheres negras e brancas com câncer de mama. O estudo1, recém-publicado no JAMA – Journal of the American Medical Association, analisou o impacto do estresse sobre o surgimento de tumores. Para isso, os pesquisadores fizeram biópsias anuais na mama saudável das participantes, que informaram periodicamente as situações de estresse pelas quais passavam. Findo esse período, os autores observaram que a discriminação racial, uma rede de apoio precária e a falta de convívio social e familiar criaram um ambiente favorável para o desenvolvimento do câncer no tecido mamário saudável. 

“O estresse foi associado ao aumento da inflamação sistêmica e à queda da resposta imune do organismo — dois fatores conhecidos que propiciam o surgimento das células tumorais. Enquanto as substâncias inflamatórias estimulam a multiplicação celular e aumentam a as chances do aparecimento de células cancerígenas, o sistema imunológico falho não reconhece e destrói as células tumorais”, afirma o oncologista Daniel Musse, da Oncologia D’Or. 

Segundo a pesquisa do Instituto Nacional do Câncer, em Maryland, nos Estados Unidos, o racismo estrutural e a discriminação são fontes de estresse crônico, que podem levar os indivíduos a um permanente estado de ruminação, preocupação e vigilância. Problemas sociais agravam o quadro. Entre eles estão o fato de morar em comunidades pobres, com pouco acesso a serviços de saúde, alimentos saudáveis ​​e locais para praticar atividade física. A exposição a esses agentes estressores crônicos pode aumentar a mortalidade por câncer de mama.

Fatores estressantes prejudicam o funcionamento do sistema imune
 e aumentam o processo inflamatório que levam ao câncer
 Para chegar a essas conclusões, os autores analisaram 121 mulheres com idade média de 56 anos. Deste total, 46,3% eram negras e 53,7% brancas. Eles coletaram amostras de sangue, dos tumores e dos tecidos não cancerosos adjacentes. Paralelamente, as participantes responderam questionários para autorrelatar os níveis de estresse que passavam ao longo do estudo.

 

Realidade brasileira

O médico Daniel Musse ressalta que a equipe norte-americana aponta ainda existir uma diferença biológica entre o desenvolvimento do câncer de mama em mulheres negras e brancas – o que vem sendo estudado com mais atenção nos últimos anos. Nas primeiras, a doença é mais agressiva. O surgimento de metástases também é mais comum nas pacientes negras do que nas brancas. De acordo com os pesquisadores, o estresse crônico e o isolamento social têm o potencial de aumentar a metástase e reduzir a sobrevivência do câncer de mama. 

No Brasil, a maior gravidade do câncer de mama na população feminina negra já foi constatada em várias pesquisas. A mais recente é o estudo Mantus – Mulheres Negras e Câncer de Mama Triplo Negativo: Desafios e Soluções para o SUS2, divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2024. O trabalho revelou que as mulheres negras são mais tingidas pelo triplo negativo, o subtipo do câncer de mama mais agressivo, o que explicaria por que têm 57% mais risco de mortalidade do que as brancas. Nas pardas, a proporção é de 10%. 

Os autores do Mantus ressaltaram que a cor de pele é um indicativo importante para entender a alta taxa de mortalidade, embora a ancestralidade seja ainda mais forte nas associações com os subtipos mais agressivos da doença, tendo em vista que a população brasileira é muito miscigenada. Eles acreditam que a grande mortalidade das mulheres negras por câncer de mama se deve ainda ao menor acesso aos serviços de saúde, ao diagnóstico tardio da doença e à dificuldade de completar o tratamento. 

Um trabalho científico de associados da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)3 revelou que, embora a incidência de câncer de mama seja maior em mulheres brancas, a taxa de mortalidade é mais alta entre as pacientes negras. A causa estaria associada a questões sociais, como viver em áreas subdesenvolvidas, não possuir um parceiro, ter baixa escolaridade e apresentar maior consumo de álcool em comparação às mulheres brancas. Segundo os autores, 60% das mulheres negras recebem diagnóstico da doença em estágio avançado e têm taxa de mortalidade 3,83 vezes maior do que as brancas. 

As desigualdades socioeconômicas também seriam responsáveis por encurtar a sobrevivência das pacientes negras com câncer de mama. Autores de um estudo4 da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, consideraram que a baixa renda, o uso do serviço público de saúde e o diagnóstico tardio contribuíram para que apenas 44% das pacientes negras sobrevivessem ao câncer de mama durante dez anos. Nesse período, a proporção de sobreviventes brancas do câncer de mama foi de 69%. O trabalho avaliou 481 mulheres com câncer invasivo, diagnosticadas entre 2003 e 2005.
 

Câncer de mama

O câncer de mama é o tumor mais comum entre as mulheres, sem considerar o câncer de pele não melanoma. O INCA5 estima que este ano 73.610 mulheres serão diagnosticadas com a doença, a maioria nas regiões Sudeste e Sul. Em 2021, a enfermidade provocou a morte de 18 mil mulheres.

O fator de risco mais importante é a idade acima de 50 anos. Outros fatores são histórico familiar, condições hormonais ou reprodutivas, obesidade, consumo excessivo de bebidas alcoólicas e sedentarismo.

 

Oncologia D’Or

Referências

  1. Alexandra Harris et al. Multilevel Stressors and Systemic and Tumor Immunity in Black and White Women With Breast Cancer. JAMA Netw Open. 2025;8(2):e2459754.
  2. INCA. Disponível em https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/noticias/2024/inca-investiga-por-que-ha-mais-casos-de-cancer-de-mama-agressivo-nas-brasileiras-negras
  3. Jessé Lopes da Silva. Ethnic disparities in breast cancer patterns in Brazil: examining findings from population-based registries. Breast Cancer Res Treat. 2024 Jul;206(2):359-367.
  4. Mário Círio Nogueira et al. Racial disparity in 10-year breast cancer survival: a mediation analysis using potential responses approach. Cad. Saúde Pública 34 (9), 2018.
  5. Estimativa | 2023 Incidência de Câncer no Brasil, Rio de Janeiro, RJ, INCA.


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