Dr. Thiago Volpi, nutrólogo à frente do
Espaço Volpi, lista a importância dos principais nutrientes para a manutenção e
cuidado da saúde mental Alimentos que influenciam no bem-estar da mente
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O tópico saúde mental está em alta nos últimos anos. O mês de
janeiro, marcado pela campanha de Janeiro Branco, é dedicado à conscientização
sobre a saúde mental e emocional. Durante esse período, a campanha visa
conscientizar o maior número de pessoas sobre a importância do tema.
Atualmente, estima-se que mais de 16 milhões de pessoas sofrem de depressão,
enquanto a ansiedade atinge mais de 18 milhões.
Segundo o Dr. Thiago Volpi, ex-atleta e
médico nutrólogo à frente do Espaço Volpi, um dos mais
conceituados de São Paulo, a relação entre alimentação e saúde mental é
complexa e multifatorial, envolvendo aspectos bioquímicos, hormonais e
emocionais. A alimentação adequada fornece nutrientes essenciais para a síntese
de neurotransmissores, como serotonina, dopamina e GABA, que são fundamentais
para a regulação do humor, controle do estresse e bem-estar emocional. “Estudos
demonstram que padrões alimentares ricos em alimentos ultraprocessados,
açúcares refinados e gorduras trans estão associados a um aumento no risco de
depressão e ansiedade, enquanto dietas anti-inflamatórias, como a mediterrânea,
estão ligadas à proteção contra esses transtornos” comenta.
Os alimentos consumidos diariamente têm um impacto significativo
no humor e na disposição, influenciando tanto aspectos físicos quanto
emocionais. Isso ocorre porque a alimentação é diretamente responsável pela
oferta de nutrientes necessários ao metabolismo energético celular e à
regulação hormonal, além de influenciar os níveis de inflamação e a saúde
intestinal. Pensando nisso, Thiago listou algumas classes de alimentos que são
essenciais para preservar e manter a saúde mental em dia. Confira, abaixo,
quais são eles:
1. Alimentos fontes de Ômega-3
Entre os principais nutrientes para a saúde do sistema nervoso
central, destacam-se os ácidos graxos ômega-3, especialmente o DHA e o EPA,
encontrados em peixes de águas frias, como salmão e sardinha, além de fontes
vegetais como chia e linhaça. “Eles são fundamentais para a integridade das
membranas celulares e para a plasticidade sináptica, sendo amplamente
reconhecidos por sua ação anti-inflamatória e neuroprotetora, além de estarem
associados à redução do risco de depressão e declínio cognitivo”, ressalta
Volpi.
2. Vegetais Verdes-escuros
Alimentos de coloração verde-escuro, como espinafre, brócolis,
couve são ricos em folato e magnésio, nutrientes importantes para a produção de
neurotransmissores como serotonina e dopamina. “As folhas e vegetais dessa
coloração são ricos em vitaminas, minerais e fibras e podem ser incluídos na
alimentação de diversas formas, como em saladas, sanduíches, omeletes e
smoothies", comenta o especialista.
3.
Oleaginosas
Popularmente conhecidas como oleaginosas, as nozes, castanhas e
amêndoas são fontes de selênio, vitamina E e gorduras saudáveis, que atuam como
antioxidantes e ajudam na proteção contra o estresse oxidativo cerebral. “A
quantidade a ser consumida varia de acordo com as necessidades de cada
indivíduo. Lembrando que o consumo em excesso pode ser prejudicial, por isso, é
importante alinhar a dieta e manter o consumo saudável e equilibrado. Uma dica
para quem não consegue consumir in natura é acrescentar em iogurtes e
saladas", reforça o profissional.
4. Probióticos
Os probióticos, como kefir, iogurte natural e kimchi, nada mais
são do que bactérias benéficas que ajudam a equilibrar a microbiota intestinal,
promovendo a produção de ácidos graxos de cadeia curta que têm efeito positivo
no cérebro. "A microbiota intestinal desempenha um papel crucial,
funcionando como um ‘eixo cérebro-intestino’. O consumo de fibras, prebióticos
e probióticos melhora a diversidade microbiana e a produção de ácidos graxos de
cadeia curta, que impactam positivamente a saúde cerebral", complementa
Volpi.
5. Frutas ricas em Vitamina C
A ingestão de frutas ricas em vitamina C ajuda a fortalecer o
sistema imunológico, uma vez que essa classe de vitamina é importante para o
funcionamento do corpo, pois ajuda na formação de ossos, pele e tecido
conjuntivo, funcionando também como um antioxidante que protege as células
contra danos causados por radicais livres. “Frutas como laranja, kiwi e acerola
são essenciais para a modulação do cortisol e redução do estresse oxidativo”,
comenta Dr. Volpi.
6. Alimentos ricos em triptofano
Outro nutriente indispensável para o bem-estar mental é o
triptofano, aminoácido precursor da serotonina e neurotransmissor que
desempenha papel essencial na regulação do humor e na sensação de bem-estar.
“Alimentos como ovos, peixes, leite, castanhas e sementes são ricos nesse
nutriente”, ressalta.
7. Alimentos ricos em vitaminas do complexo B
De acordo com Volpi, o equilíbrio emocional também depende de
vitaminas do complexo B, especialmente B6, B9 (folato) e B12, que participam do
ciclo da metilação, um processo bioquímico fundamental para a produção de
neurotransmissores como dopamina e serotonina. “Fontes ricas dessas vitaminas
incluem vegetais verdes-escuros, carnes magras, ovos e leguminosas”,
complementa Volpi, que também destaca a importância da vitamina D, uma vez que
sua deficiência está associada a quadros de maior vulnerabilidade a transtornos
emocionais, como ansiedade e depressão.
8. Alimentos ricos em magnésio
Volpi também reforça a importância do magnésio, que exerce um
papel significativo na modulação da resposta ao estresse, regulando a
hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e promovendo relaxamento
neuromuscular. “A ingestão adequada de alimentos ricos desse mineral, como
espinafre, sementes de abóbora e cacau, contribui para a regulação dos níveis
de cortisol, hormônio associado ao estresse”, reverbera.
Por fim, o Dr. Thiago Volpi ressalta que a alimentação é um elemento central na promoção da saúde mental, mas deve ser considerada como parte de um conjunto de hábitos que inclui sono adequado, prática de atividade física e manejo do estresse. “O equilíbrio emocional depende da interação entre esses fatores, que, juntos, contribuem para uma resposta mais eficiente do organismo às adversidades cotidianas e para a melhora da qualidade de vida”, finaliza.
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