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segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Homens grávidos? Síndrome faz com que pais tenham sintomas como enjoos e ganho de peso

Crédito: Amina Filkins
A paternidade também traz desafios emocionais profundos, muitas vezes até desconhecidos. No mês dos pais, é hora de reconhecer isso. A psicóloga perinatal Rafaela Schiavo ajuda a entender algumas dessas questões pouco discutidas.

 

Já pensou que possam existir “homens grávidos”? Parece estranho, mas é o que acontece, ou quase, na síndrome de couvade. Quando pensamos em gravidez, imaginamos a mulher passando por todas as transformações físicas e emocionais. No entanto, alguns homens também podem apresentar sintomas típicos de gestação, como enjoos, tonturas, sonolência e até aumento do abdômen. E não é só isso: eles podem enfrentar depressão durante e após a gravidez de suas parceiras. Estudos recentes mostram que essas experiências estão se tornando mais comuns do que se imagina, mas ainda são pouco conhecidas.

A Profª-Dra. Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do Instituto MaterOnline (@materonline no Instagram), explica que essas condições, como a síndrome de couvade e a depressão perinatal paterna, precisam ser mais discutidas. Ela destaca a importância de dar atenção à saúde mental dos homens durante o período de gestação de suas parceiras.


Pais “grávidos”: o que é síndrome de couvade? 

A síndrome de couvade, também conhecida como gravidez “solidária” ou “fantasma”, faz com que alguns homens apresentem sintomas típicos de gestação, como enjoos, tonturas, sonolência e até aumento do abdômen.

“São poucos os pais que apresentam esse comportamento, não é uma prevalência alta, mas a gente começou a perceber cada vez mais nos pais modernos. São homens que vão apresentar sintomas de gestação. Então, quando suas parceiras estão grávidas, eles também começam a manifestar alguns dos sintomas”, explica.

Embora a síndrome de couvade não seja amplamente conhecida, estudos indicam que ela está se tornando mais perceptível. Homens podem apresentar sintomas durante o primeiro trimestre da gravidez de suas parceiras, conforme apontado por um estudo publicado no Journal of Psychosomatic Research em 2020.


E a depressão paterna? 

Pesquisas realizadas pela American Journal of Men's Health em 2020 mostram que cerca de 10% dos homens podem sofrer de depressão pós-parto, especialmente quando suas parceiras também apresentam a condição. Esses homens podem começar a sentir os efeitos da depressão ainda durante a gestação de suas parceiras, conhecida como depressão perinatal.

“Há poucos anos, a ciência começou a investigar se o homem poderia, durante a gestação e pós-parto das suas parceiras, apresentar sintomas de depressão. Essa condição é uma realidade que precisa ser mais discutida. Identificar e tratar esses sintomas é fundamental para o bem-estar de toda a família”, alerta.


Pré-natal para os pais 

O pré-natal do pai é essencial para garantir que ele esteja preparado emocionalmente para a chegada do bebê. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou em 2020 a necessidade urgente de mais pesquisas para explorar a ansiedade, o estresse e outras alterações emocionais significativas nos homens durante o período perinatal.

“Assim como existe o pré-natal da mãe, há também o pré-natal do pai. Esse pré-natal é um direito e há, inclusive, recomendações de como realizá-lo com material da própria Secretaria de Saúde”, aponta.


Como os pais podem enfrentar essa condição?

Para os pais que apresentam sintomas de síndrome de couvade ou depressão perinatal, Rafaela Schiavo sugere as seguintes dicas:

  1. Procure apoio psicológico: Buscar a ajuda de um psicólogo pode ser fundamental para entender e tratar esses sintomas.
  2. Participe do pré-natal: O pré-natal do pai pode ajudar a prepará-lo emocionalmente para a chegada do bebê.
  3. Comunique-se com a parceira: Manter uma comunicação aberta com a parceira pode aliviar o estresse e fortalecer a conexão emocional.
  4. Informe-se sobre a saúde mental paterna: Entender que esses sintomas são comuns e podem ser tratados é o primeiro passo para buscar ajuda.
  5. Busque redes de apoio: Conversar com outros pais que passaram pelas mesmas experiências pode ser muito útil.

“Qualquer pessoa que estiver nessa transição precisa de avaliação psicológica para verificar seu estado emocional. Há altas chances de uma parcela significativa dessa população necessitar de apoio devido aos efeitos emocionais dessa fase”, conclui a especialista.


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