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sábado, 17 de agosto de 2024

Afinal, é possível encontrar o sentido da vida? Psicóloga explica

Realização pessoal depende mais da autenticidade e contribuição em sociedade do que das conquistas materiais e cumprimento de expectativas de terceiros

 

Um ciclo infinito de adquirir mais coisas demanda tempo, energia e sacrifícios, mas pode não trazer uma vida mais gratificante. Um novo emprego que proporciona boa condição financeira na profissão escolhida, financiamento de automóvel e imóvel quitados estão entre metas perseguidas que, muitas vezes, não trazem aquela sensação esperada. Quando chegamos ao que entendemos como sucesso, parece que algo está incompleto. A falta desse sentimento de realização é normal quando não percebemos sentido em outras vertentes da vida, que configuram o que somos, não o que temos. 

Buscar sempre mais e não se contentar pode parecer normal, mas a busca eterna por um motivo para ser feliz somente no futuro pode ofuscar as belezas da vida no presente – as conexões reais, as virtudes mais autênticas de cada um. Tudo bem almejar o grande, mas não é preciso alcançar metas distantes para ser feliz e estar em paz consigo mesmo. 

Ter intenções claras, com consistência com suas metas, que tragam realização e sucesso palpável é como muitos entendem ser a estratégia correta para perseguir prazer e felicidade. Mas uma alegria mais perene também requer lembrar o quão boa a vida pode ser, ainda no presente, e entender o que faz mais sentido, de forma individual, para que a experiência de passar os anos traga menos arrependimentos do que ficou para trás.
 

Entendendo a diferença entre ter e ser

Dinheiro, reconhecimento pelo trabalho e status podem trazer um prazer momentâneo, mas dificilmente refletem uma sensação de pertencimento. A psicóloga explica que encontrar a verdadeira essência, o que realmente deseja, de acordo com valores e objetivos, é uma forma mais adequada de lidar com as emoções. 

Apenas o cumprimento de expectativas sociais não traz felicidade genuína – afinal, se não era você que queria ter uma casa maior, um filho, ou viajar para Paris, isso pode não fazer sentido se não é o que realmente deseja, mas sim o que os outros esperam que faça. Apenas seguir o "efeito manada" e completar prioridades que são entendidas como necessidades sociais, ao se conformar com o que outros ao seu redor desejam, e não você, pode trazer sensação de frustração e perda de conexão com seus valores e objetivos.
 

Importância da autenticidade e expressão pessoal

Estar conectado com a própria essência e expressar necessidades e sentimentos genuínos é uma das formas de se sentir mais realizado, de acordo com a psicóloga Ana Paula Jacomino. 

“A aceitação da própria humanidade e a expressão de talentos e dons podem levar a uma vida mais significativa. Procure entender o que você gosta, o que torna o dia mais leve e mais completo para você. Cada um tem uma perspectiva muito distinta do que faz a vida ter sentido no longo prazo, quais são os objetivos, sejam eles familiares, sociais, profissionais, entre outros”.
 

Propósito de vida e contribuição

Acordar cedo para apreciar o sol e meditar na praia pode ser o que traz paz para alguns e o pesadelo para outros, que preferem ler um bom livro no silêncio, ou praticar esportes de alto impacto. Achar um equilíbrio entre fazer o que gosta, praticar atividades em que haja talentos naturais, priorizar determinadas situações em busca de um objetivo são algumas formas de buscar encontrar o seu propósito de vida. 

Em um ano, o propósito pode ser firmar as bases para ter um relacionamento duradouro, o que deve ser conquistado passo a passo. Em outro momento, o propósito da vida pode ser se reconectar com familiares com quem perdeu contato. Também há momentos em que o recolhimento e a atenção às nossas necessidades próprias se tornam uma necessidade, para que estejamos bem para contemplar a vida com os outros de forma enriquecedora. 

“Não é preciso cumprir uma lista de tarefas o tempo todo. A comparação e competição com aqueles que nos rodeiam gera aflição e sentimentos negativos, enquanto o reforço de conexões, agir com gentileza e compaixão com aqueles que estão à nossa volta é uma das formas de tornar a vida mais completa”, completa Ana Paula Jacomino.
 

Superação de traumas e evolução pessoal

Virar a página nem sempre é possível, traumas como a perda de um ente querido, uma doença grave, ou vivências desagradáveis como a demissão de um emprego de décadas são situações sempre lembradas. Mas deixar as emoções fluírem e buscar auxílio de um especialista para ajudar na superação de traumas são fortes aliados da evolução pessoal.

“Muitas pessoas podem enfrentar dificuldade para focar no agora, principalmente quando o trauma é recente. Por isso, a psicologia ajuda na reflexão da vida como um compromisso real com o crescimento pessoal e contribuição para a sociedade”, conclui a psicóloga.


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