Dra. Michelle Zicker, infectologista do São Cristóvão Saúde, fala sobre prevenção, sintomas e tratamento
A hepatite B é uma infecção sexualmente
transmissível, com 70% dos casos de infecção derivados de relações sexuais sem
proteção. O vírus também pode ser disseminado pelo contato direto com sangue
contaminado e por transmissão vertical, ou seja, passar da mãe para filho
durante a gestação ou parto – nesse último caso, se as medidas de prevenção não
forem adotadas, o bebê pode desenvolver um caso crônico da doença.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde no relatório Hepatites
Virais 2023, estima-se que cerca de 1 milhão de brasileiros têm o vírus da
hepatite B, mas apenas 264 mil estão diagnosticados.
Infectologista do São Cristóvão Saúde, Dra. Michelle Zicker,
explica que na maioria dos casos a Hepatite B não apresenta sintomas. “Muitas
vezes, o diagnóstico só é feito décadas após a infecção, com sinais
relacionados a outras doenças do fígado, como cansaço, tontura, enjoo e/ou
vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, que costumam
manifestar-se apenas em fases mais avançadas da doença. A ausência de sintomas
na fase inicial dificulta o diagnóstico precoce da infecção em muitos casos”.
Diagnóstico e prevenção
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meta diagnosticar
90% das pessoas com hepatites virais, tratar 80% das pessoas diagnosticadas,
reduzir em 90% novas infecções e, em 65%, a mortalidade. O teste de triagem
para Hepatite B é realizado através da pesquisa do antígeno do HBV (HBsAg), que
pode ser feita por meio de teste laboratorial ou teste rápido. Caso o resultado
seja positivo, o diagnóstico deve ser confirmado com a realização de exames
para pesquisa da carga viral.
A principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite
B é a vacina, que está disponível gratuitamente no SUS para todas as pessoas não
vacinadas, independentemente da idade. Para crianças, a recomendação é que se
façam quatro doses da vacina, sendo: ao nascer, aos 2, 4 e 6 meses de idade
(vacina pentavalente). Já para a população adulta, geralmente, o esquema
completo se dá com aplicação de três doses, enquanto para população
imunodeprimida deve-se observar a necessidade de esquemas especiais com doses
ajustadas, disponibilizadas nos Centros de Imunobiológicos Especiais
(CRIE).
Outras formas de prevenção devem ser observadas, como usar
camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso
pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de
manicure e pedicure, agulhas e seringas, equipamentos para confecção de
tatuagem e colocação de piercings.
Para todas as crianças expostas à hepatite B durante a gestação, a
recomendação é a vacina e imunoglobulina (IGHAHB) para hepatite B,
preferencialmente nas primeiras 24 horas do pós-parto – essas medidas
realizadas em conjunto previnem a transmissão perinatal da hepatite B em mais
de 90% dos recém-nascidos.
“A Hepatite B não tem cura. Entretanto, o tratamento
disponibilizado no SUS objetiva reduzir o risco de progressão da doença e suas
complicações, especificamente cirrose, câncer hepático e até a morte. Os
medicamentos disponíveis para controle da hepatite B são a alfapeginterferona,
o tenofovir desoproxila (TDF), o entecavir e o tenofovir alafenamida (TAF) e só
devem ser administrados com a prescrição de um médico”, finaliza Dra. Michelle,
reforçando a busca por auxílio especializado em caso de quaisquer dúvidas sobre
o tema.
Grupo São Cristóvão Saúde
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