Efeitos
colaterais discutidos nas redes sociais não estão necessariamente ligados ao
remédio, mas a condições relacionadas aos processos de emagrecimentoAdobe Stock
A busca pelo emagrecimento ganhou um
novo destaque nos últimos meses com um novo potencial aliado, o Ozempic. A
semaglutina, princípio ativo do medicamento, é indicada para tratamento de
diabetes tipo 2.
Mais recentemente, foi aprovada nos
Estados Unidos para controle de peso em casos específicos de obesidade e
sobrepeso - porque age diretamente no sistema nervoso central, liberando
hormônios que dão sensação de saciedade.
Dentre as preocupações com o uso do
remédio está o chamado “rosto de Ozempic". Ou seja, o resultado que ocorre
na face com a perda rápida de peso provocada pelo medicamento. A semaglutida,
princípio ativo do Ozempic (nome comercial), é indicado no tratamento da
diabetes, mas tem sido usado em dietas de emagrecimento.
"O ‘rosto de Ozempic’, não está
ligado diretamente ao remédio, mas sim à perda de peso”, diz o dermatologista
Otávio Macedo. “Ao emagrecer, perde-se gordura, que é o que queremos. Mas, em
geral, perde-se também a massa magra, tanto do corpo quanto da face, o que leva
à flacidez", explica o dermatologista Otávio Macedo.
Segundo ele, alguns efeitos colaterais
da semaglutida refletem na falta de vontade de comer e em enjoos. Quando não há
ingestão de alimentos, o metabolismo consome o que há disponível para gerar
energia, queimando no processo a gordura, mas também músculos, massa magra,
ocasionando perda de colágeno.
"Esse medicamento é uma inovação e
ótima alternativa para o tratamento de diabetes e obesidade. Mas o uso
indiscriminado do medicamento como alternativa para perda de peso está atrelado
a uma busca irreal por padrões de beleza", diz ele. “A busca pelo corpo
perfeito ainda existe, e hoje é impactada pelas redes sociais com receitas
‘milagrosas’, diversos tipos de dietas restritivas para emagrecer e até mesmo o
uso de alternativas como a semaglutida”, afirma.
Emagrecimento saudável sem aspecto de
rosto ‘derretido’
O colágeno é a proteína mais importante
para dar sustentação e firmeza para a pele. Segundo Otávio Macedo, é preciso
repor o aporte de proteína adequado de acordo com a quantidade de quilos de
peso de cada pessoa e suplementar com colágenos, como o Verisol, e peptídeos,
como o Peptan.
Além disso, uma dieta equilibrada
associada a ingestão de água, minerais e silício orgânico (exsynutriment,
conhecido como ‘pílula da beleza’), ajuda na formação do colágeno. A vitamina C
também tem um papel importante. Além da produção de colágeno, possui ação
antioxidante e fortalece o sistema imunológico. “É importante acrescentar
aporte proteico nas dietas. Dietas muito restritivas ou veganas costumam não
suprir essa quantidade”, diz o médico.
Já na parte estrutural, a perda de peso
e de gordura faz com que o rosto fique mais flácido. Para diminuir esse
aspecto, o médico indica que o ideal é fazer estimulação de colágeno com
tratamentos que utilizam aparelhos de radiofrequência (que vai até a derme) e
ultrassom microfocado - que trabalha a musculatura levando a um efeito lifting.
É importante também trabalhar a
musculatura do rosto para dar firmeza. Otávio compartilha que a grande novidade
apresentada no IMCAS, importante congresso europeu de dermatologia, é um
aparelho: o Emface, da BTL. “É um aparelho com campos eletromagnéticos que
trabalha a musculatura da face e estamos trazendo novo eletrodo para a região
da papada para o Brasil, que estará disponível na Clínica Otávio Macedo &
Associados em junho”, conta o médico.
Outra indicação para tratar esse
aspecto de rosto “caído” é repor um pouco de volume com ácido hialurônico em
pontos específicos. "O mais adequado é que seja feita essa associação de
tratamentos com acompanhamento médico durante o processo de emagrecimento. No
primeiro sinal de uma flacidez facial por consequência da perda de peso muito
rápido, é preciso repor colágeno com tecnologias e injetáveis, além de muita
água e exercícios físicos”.
Para o corpo, o médico enfatiza a
importância das atividades físicas e deve ser incluída a musculação,
principalmente por causa da perda muscular, da massa magra muscular.
"Aparelhos de campos eletromagnéticos, como o CMSlim, ajudam, trabalhando
o interno da coxa, interno dos braços, abdômen para fortalecer o core e a
musculatura, evitando dor nas costas e no assoalho pélvico”, afirma.
Ozempic pode causar queda de cabelo?
Estudos indicam que a semaglutina
isoladamente não causa a queda dos fios, mas as condições estressantes do
emagrecimento podem adormecer os folículos capilares.
Nos ensaios clínicos do Ozempic,
produzidos pelo laboratório para aprovação de medicamentos, a queda de cabelo
não foi relatada como efeito colateral. Em relação a outro medicamento com o
mesmo princípio ativo, o Wegovy, os testes apresentaram essa queda como um
efeito colateral raro, atingindo 3% dos pacientes.
Segundo o dermatologista Bruno Lages,
da clínica Otávio Macedo & Associados, embora os estudos indiquem que o
Ozempic não cause diretamente essa condição de perda acentuada de cabelos,
outros fatores podem influenciar.
“O que sabemos até então é que isolada,
a medicação raramente provoca esse problema. Mas quando associada a outras
questões a grandes níveis de estresse, como uma cirurgia bariátrica, essa proporção
tende a ser muito maior”, diz Bruno.
Sabe-se que a perda de peso acelerada é
um processo estressante para o organismo. Com dieta restritiva e medicamentos
de suporte, o corpo tem à disposição menos calorias do que o usual. Por isso,
embora os testes indiquem que a semaglutina não afeta diretamente o cabelo, o
processo como um todo pode levar ao enfraquecimento dos fios.
“Existe uma condição chamada eflúvio telógeno em que os folículos capilares ‘adormecem’ diante de uma situação muito estressante. No geral, a queda de cabelo pode levar meses até ser percebida e o crescimento retoma ao normal quando o estresse é regulado”, afirma o dermatologista.
Bruno ainda ressalta que a automedicação é um dos grandes problemas na busca pelo emagrecimento. “Remédios, de forma geral, são aliados se usados da forma correta. E isso só pode ser definido a partir da avaliação e acompanhamento médico. Usar qualquer medicamento sem indicação médica gera grandes riscos para a saúde”, finaliza.
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