A doença pode provocar problemas
cardíacos, primeira causa de morte entre homens e mulheres no país
Mulheres que entraram na menopausa são mais propensas a
desenvolver aterosclerose, doença que afeta as artérias, provocando o acúmulo
de placas de gordura, colesterol e outras substâncias nas suas paredes. Estas placas
podem reduzir o fluxo de sangue e oxigênio para os órgãos e tecidos do corpo, aumentando
o risco de complicações graves, como infarto do miocárdio
(ataque cardíaco) e acidente vascular cerebral (AVC), conhecido como derrame
cerebral.
Embora a aterosclerose seja mais precoce nos homens, as mulheres
também estão sujeitas ao problema e às consequências da enfermidade como as
cardiopatias. Segundo dados da Sociedade Brasileira de
Cardiologia (SBC), as doenças cardiovasculares em mulheres ultrapassam as
estatísticas de câncer de mama e de útero e, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), elas respondem por um terço das mortes de
mulheres no mundo, com 8,5 milhões de óbitos/ano, ou seja, mais
de 23 mil mulheres por dia. Entre as brasileiras, principalmente acima dos 40
anos, as cardiopatias chegam a representar 30% das causas de morte, a maior
taxa da América Latina.
Uma das razões para essa alta mortalidade é que a aterosclerose
nas mulheres costuma ser mais silenciosa e subestimada do que nos homens,
porque os sintomas podem ser diferentes ou menos evidentes, dificultando o diagnóstico
precoce e o tratamento adequado4. Os principais fatores de risco para a
mulher são:
- aumento da
pressão arterial;
- índice de massa
corpórea elevado;
- alimentação
inadequada, não saudável;
- LDL-colesterol
elevado;
- tabagismo;
- glicemia de
jejum elevada.
Com relação ao risco de doença
aterosclerótica cardiovascular, as mulheres compartilham alguns
fatores de risco tradicionais com o sexo masculino, enquanto outros são
pouco reconhecidos:
Diabetes mellitus (DM)
Mulheres com DM têm 45% mais chances de ter doença
isquêmica do coração (DIC). O risco relativo de mortalidade por doença
cardiovascular (CV) é maior em mulheres do que nos homens, assim como o risco
de mortalidade por causas CV. O infarto do miocárdio (IM) ocorre mais cedo nos
homens, mas tem maior mortalidade nas mulheres do que nos homens com DM. O
risco de doença arterial coronária (DAC) fatal em mulheres com diabetes é três
vezes maior do que nas mulheres não diabéticas.
Hipertensão
A
prevalência de mulheres com hipertensão arterial após os 60 anos de idade é
maior do que nos homens da mesma faixa etária, sendo menor a taxa de controle
da hiipertensão nas mulheres.
Sobrepeso
e obesidade
O impacto da obesidade no desenvolvimento de doenças CV parece
ser maior nas mulheres do que nos homens. No Framingham Heart Study (Estudo
de Framingham), o excesso de peso aumentou o risco de doença coronária em
64% nas mulheres e, em 46% nos homens. A obesidade é mais prevalente nas
mulheres brasileiras do que nos homens. Além disso, a obesidade é um fator de
risco mais importante para hipertensão nas mulheres e está associada a
desfechos adversos na gravidez.
Inatividade física
A prevalência de inatividade física e de comportamento
sedentário é maior nas mulheres do que nos homens: 25% das mulheres não
praticam atividade física regular.
Tabagismo
Em recente meta-análise, foi demonstrado que em
todas as faixas etárias, exceto dos 30 aos 44 anos, as mulheres
têm um risco 25% maior de doença coronária associada ao tabagismo em comparação
com os homens. O risco de eventos aterotrombóticos (formação de
trombo em placas de aterosclerose) é ainda maior nas que usam contraceptivos.
Síndrome metabólica
A síndrome metabólica (SM) aumenta o risco de
desenvolvimento de diabetes e de doenças CV. A SM é definida como um conjunto
de fatores de risco CV, incluindo obesidade, dislipidemia aterogênica,
hipertensão arterial e resistência à insulina.
Existem características típicas da síndrome metabólica nas
mulheres. Um
estado de resistência à insulina associado à síndrome dos ovários policísticos
e ao aumento da gordura abdominal podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome
metabólica nas mulheres e aumentar o risco cardiovascular.
A menopausa leva ao declínio dos níveis circulantes de
estrógenos, o que pode
aumentar o risco cardiovascular por seus efeitos na adiposidade,
metabolismo lipídico, e no estado pró-trombótico.
Diagnóstico
O diagnóstico da aterosclerose é feito pelo
histórico médico e por exames de sangue para medir colesterol e os
triglicerídeos (lipídios). A triagem lipídica é recomendada para pessoas
adultas a partir dos 20 anos, e para as que apresentam outros fatores de risco,
independentemente da idade.
Exame clínico
O exame clínico pode incluir:
- medida da pressão arterial e da frequência cardíaca;
- Exame de urina;
- Colesterol, triglicérides, ácido úrico, creatinina,
glicemia, sódio e potássio no sangue;
- ultrassom com doppler (ecocardiograma);
- eletrocardiograma;
- teste de esforço;
- angiografia;
- ressonância magnética do coração;
- testes de imagem, como tomografia, que possibilitam ao
médico visualizar o fluxo sanguíneo.
Tratamento
A aterosclerose pode ser controlada com mudanças no
estilo de vida, medicamentos, cirurgia e outros procedimentos, a fim de reduzir o
risco de desenvolvimento de doenças cardíacas e de derrame cerebral, por meio
do conhecimento e controle, por exemplo, da pressão arterial, do diabetes e do
colesterol. Também é importante para o controle da doença:
- parar de fumar;
- praticar atividade física regularmente;
- ter uma alimentação saudável;
- controlar o peso;
- reduzir o consumo de álcool;
- gerenciar o estresse;
- manter as consultas médicas de rotina.
- O tratamento da aterosclerose também é feito com medicamentos
que ajudam a estabilizar as artérias, denominados antiagregantes
plaquetários.
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