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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Especialista explica as diferenças entre dengue, covid e gripe

 

A médica Renata Beranger, infectologista do Hospital Samaritano Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, explica as diferenças entre covid, dengue e gripe, em um momento com alta de casos de dengue em diversas regiões do país. São perguntas e respostas fundamentais, que ajudam a alertar sobre cada situação, bem como atenção necessária neste cenário. Confira abaixo:

 

Qual a definição de dengue, covid e gripe?

 

A dengue é uma arbovirose. Isso quer dizer que ela é uma doença infecciosa, causada por um vírus, que é transmitida pela picada de mosquitos fêmeas principalmente da espécie Aedes Aegypti.

A covid-19 é uma infecção respiratória causada pelo coronavirus SARS-COV-2, assim como a gripe, causada por um vírus, o Influenza que possui quatro tipos A, B, C e D, sendo o A o responsável pelas epidemias.

 

 

Quais as causas e formas de contágio dessas doenças?

 

A infecção pelo vírus da dengue ocorre após a picada de mosquitos fêmeas da espécie Aedes Aegypti.

A covid-19 e a gripe são doenças de transmissão respiratória, que acontecem após contato direto com as secreções respiratórias de pessoas infectadas e, menos comum, após contato com superfícies contaminadas.

 

 

Quais os principais sintomas de cada uma delas?

 

A dengue é uma doença febril, que afeta todas as idades. A infecção pode ser assintomática ou pode apresentar sintomas que variam de febre baixa à alta, com fortes dores de cabeça, dores atrás dos olhos, dores musculares e nas articulações, além de erupções na pele. A doença pode progredir para a forma grave, caracterizada por choque, falta de ar, sangramento intenso e/ou complicações severas nos órgãos. A infecção com um sorotipo seguida por outra infecção com um sorotipo diferente aumenta o risco de dengue grave e até morte.

 

A infecção pelo SARS-CoV-2 tem como principais sintomas: febre, cansaço e tosse seca. Outros sinais, que podem afetar alguns pacientes são a perda de paladar ou olfato, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta, dor de cabeça, dores nos músculos ou juntas, assim como diferentes tipos de erupção cutânea, náusea ou vômito, diarreia, calafrios ou tonturas.

 

Os sintomas mais comuns da gripe são: febre, dor de garganta, tosse, dor no corpo e dor de cabeça. 


 

Qual a forma mais indicada para quem está em dúvida sobre qual essas doenças? Exames? Testes? Avaliação médica?

 

Somente com os sintomas e os sinais clínicos é muito difícil ter certeza do diagnóstico correto, principalmente no primeiro dia do início da febre. Alguns sinais estão mais presentes nas doenças respiratórias como tosse, congestão nasal e coriza. Porém, a dor no corpo, chamada de mialgia, pode estar presente nas três. Desse modo, uma anamnese bem detalhada, que é a avaliação e a conversa com o paciente, além de um exame clínico, poderão guiar o médico à uma suspeita diagnóstica.

 

Para ter certeza e confirmação será necessária a realização de exames laboratoriais. Para dengue, um exame de sangue pode aumentar a suspeita, caso de um simples hemograma, mostrando baixa de leucócitos, queda de plaquetas e hemoconcentração nos dá muitas pistas, mas apenas com um teste rápido ou sorológico existe a certeza. Nos casos da covid-19 e da influenza são necessários testes com secreções nasofaringeas, com a coleta de swabs (teste do cotonete no nariz). Devemos respeitar o tempo de sintomas para a positividade destes exames. Se eles forem realizados muito precocemente ou muito após o início dos sintomas, é possível que um diagnóstico não seja confirmado.

 

Mais importante do que descobrimos qual é a doença que está causando os sintomas, é conhecer os sinais de alerta que indicam a procura de um serviço de emergência imediatamente. São eles: dor abdominal intensa e continua, vômitos persistentes, acúmulo de líquidos no corpo, pressão baixa, sangramento das mucosas, sonolência e dificuldade para respirar.

 

Nos casos das infecções respiratórias é importante realizarmos o diagnóstico especialmente em pacientes imunossuprimidos, extremos de idade e gestantes, pois nesses casos temos terapias antivirais que podem diminuir as chances da evolução para casos graves. Mas não podemos esquecer a extrema necessidade de vacinação.

 

 

Qual o tratamento indicado para cada uma delas?

 

Não existe um medicamento específico para tratar a dengue. Manter uma hidratação adequada é a medida mais efetiva no acompanhamento da doença. É importante prestar atenção na coloração da urina como uma avaliação da efetividade do volume ingerido. Se a urina ficar com a coloração amarelo escura ou marrom, o volume deve ser aumentado e se, mesmo assim não clarear ou se o paciente não conseguir aumentar a ingesta devido a náuseas e vômitos, um serviço de emergência deve ser procurado com urgência, pois provavelmente será necessário a hidratação venosa.

 

No caso da covid-19, os pacientes com mais de 65 anos e os imunossuprimidos podem ser medicados com dois antivirais, que promovem a diminuição do risco de evolução para casos graves. No entanto, esses devem ser iniciados até o quinto dia do início dos sintomas, após o diagnóstico confirmado por um teste.

Na gripe o tratamento com o antiviral fosfato de oseltamivir está indicado para todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e casos de Síndrome Gripal (SG) com condições ou fatores de risco para complicações. O início do tratamento deve ocorrer, preferencialmente, nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas.

 

 

É possível ter mais de uma destas doenças ao mesmo tempo?

 

Sim. Apesar de raro, as coinfecções podem ocorrer, principalmente e, cenários de epidemias. O mais importante é a avaliação médica, realização de exames para o diagnóstico de certeza, principalmente, nos extremos de idade e em imunossuprimidos que tem indicação de realização de tratamento com antivirais nos casos de gripe ou covid-19.

 

 

Quem está com alguma destas doenças pode tomar vacina contra as outras?

 

Nenhuma vacina deve ser administrada em pacientes com quadros febris agudos. O ideal é aguardar a resolução do quadro para então realizar a atualização das vacinas e, em caso de dúvidas sempre consultar um médico.



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