Neste dia Mundial do Diabetes, 14/11, Sociedade Médica reforça a importância dos testes de rastreamento, uma vez que diabetes pode ser uma condição silenciosa e, frequentemente, é descoberta tardiamente, aumentando a chance de complicações no organismo.
O diabetes
mellitus é uma condição silenciosa que afeta muitas pessoas e é uma das doenças
crônicas mais prevalentes em todo o mundo. Os sintomas frequentemente não
aparecem ou podem ser confundidos com questões do dia a dia. Afinal, ter muita
fome, sede e vontade de urinar nem sempre está relacionado a uma doença. O
Brasil ocupa a sexta posição no ranking dos países com maior incidência de
diabetes mellitus, sendo líder entre as nações da América do Sul e Central com
o maior número de casos. Nesse cenário, o Brasil já soma 16 milhões de pessoas
vivendo com diabetes, dos quais cerca de 40% ainda não descobriram a condição.
Por isso, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial
(SBPC/ML) reforça, neste Dia Mundial do Diabetes, 14/11, a importância dos
testes de rastreamento como dosagem de glicose e/ou hemoglobina glicada e um
eficaz monitoramento da doença quando diagnosticada.
O endocrinologista e patologista clínico membro da SBPC/ML, Pedro Saddi Rosa, explica que o diabetes pode interferir em diversos aspectos do funcionamento do organismo, e correlacionar esses aspectos com os exames de laboratório é muito importante. "Analisar os resultados laboratoriais conhecendo as características clínicas da pessoa que vive com diabetes e os mecanismos através dos quais o diabetes pode interferir no organismo maximiza a qualidade desses resultados e minimiza a chance de erros. O diagnóstico e a pesquisa de eventuais lesões de órgãos como rins são obtidos por meio de exames. E diante dos resultados, determinamos todos os procedimentos necessários como mudança de estilo de vida e medicamentos, melhorando a qualidade de vida dos pacientes", ressaltou. Saddi explica que a compreensão dos aspectos clínicos do diabetes, história familiar, sintomas, exame físico e fatores de risco, é essencial para o tratamento adequado.
O diabetes mellitus é uma condição crônica caracterizada por concentração elevada de glicose no sangue, resultando de problemas na produção ou ação da insulina, um hormônio que regula a glicose. O tipo mais comum do diabetes mellitus, que representa cerca de 90% dos casos, é o tipo 2, que costuma ocorrer em adultos e está relacionado ao excesso de peso, à falta de atividade física e a uma alimentação pouco saudável. É o diabetes mais comum, e frequentemente existem outros casos na família.
"É o que mais cresceu nas últimas décadas, porque tem essa associação com o estilo de vida, e, como a população está aumentando o excesso de peso e praticando menos atividade física, o número de pessoas vivendo com diabetes vem aumentando", destacou Saddi.
O diabetes tipo 1 é o segundo mais frequente. Ele pode ser diagnosticado em qualquer faixa etária, mas o clássico é em jovens e crianças. O patologista clínico da SBPC/ML explica que este tipo não está associado ao estilo de vida. "Trata-se de uma doença autoimune, na qual ocorre a destruição das células que produzem insulina. E é por isso que esses indivíduos precisam usar insulina desde o início do tratamento".
Há também o
diabetes gestacional, que é transitório e não uma condição permanente. "Ele
é caracterizado por uma elevação da glicemia durante a gravidez. Quando termina
a gestação, o médico reavalia essa mulher, que pode voltar a apresentar a
glicemia sob controle ou ser reclassificada com outro tipo de diabetes",
explicou Saddi, acrescentando que as mães que desenvolvem diabetes gestacional
têm um risco aumentado de desenvolver o tipo 2 da doença no futuro.
Testes para Diabetes
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sociedade Brasileira de Diabetes e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, a glicemia em jejum, o teste de tolerância à glicose ou a dosagem de hemoglobina glicada podem ser usados para diagnosticar diabetes e identificar pessoas com pré-diabetes.
“Cada exame tem indicações, vantagens, desvantagens e limitações. Por exemplo, a glicemia em jejum exige um jejum de 8 horas. O teste de tolerância à glicose requer uma glicemia em jejum, seguida da ingestão de uma dose padronizada de glicose e uma nova glicemia após 2 horas. Para a hemoglobina glicada, não é necessário o jejum de 8 horas ou a coleta de diversas amostras em horas diferentes, mas o exame não é recomendado para todos. Não deve ser usado para o diagnóstico de diabetes gestacional nem em pessoas que tiveram sangramento importante ou transfusões de sangue recentes, pessoas com doenças crônicas renais ou hepáticas, ou pessoas com distúrbios sanguíneos como anemias e determinadas variantes de hemoglobina. Por outro lado, somente métodos de dosagem de hemoglobina glicada padronizados devem ser utilizados para fins diagnósticos e de triagem. Se o resultado inicial de um exame for anormal, é necessário que ele seja repetido em outro dia para confirmar o diagnóstico de diabetes ou, é necessário um outro teste alterado na mesma amostra”.
Pessoas com diabetes podem monitorar seus próprios níveis de glicose, para ajustar sua medicação de acordo com as instruções do médico. Isso é feito colocando uma pequena gota de sangue (obtida por punção da pele com uma lanceta) em uma tira reagente, que é inserida em um glicosímetro, aparelho que fornece uma leitura digital da glicemia.
A hemoglobina
glicada, (também chamada hemoglobina A1C ou glico-hemoglobina) também é usada
para acompanhamento da pessoa com diabetes podendo ser solicitada de 2 a 4
vezes por ano. Representa uma medida da quantidade média de glicose presente no
sangue nos últimos 3 a 4 meses, e ajuda o médico a determinar a eficácia do
tratamento.
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