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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Saúde ocular: mudanças na visão podem não ser percebidas pela criança e assim, atrasar o diagnóstico precoce de problemas oculares na infância

 

As crianças podem não ser capazes de perceber mudanças na visão, não indicando que existe algo de errado com ela, principalmente quando não há sinais que possam ser visíveis aos pais ou cuidadores. A Oftalmopediatra Dra. Célia Nakanami explica quando a primeira consulta deve acontecer e o que levar em consideração



As crianças demonstram uma notável capacidade de adaptação, o que desempenha um papel crucial em seu desenvolvimento. No entanto, quando o assunto é a visão, essa habilidade pode se tornar prejudicial, por elas ainda não terem capacidade de perceber ou não conseguirem expressar de forma clara o que estão sentindo e irem convivendo com as dificuldades visuais. 

Segundo estimativa do Conselho de Oftalmologia Brasileiro, mais de 250 mil crianças, entre 5 e 15 anos, têm dificuldade para enxergar. Ademais, após o período pandêmico, os casos de miopia em crianças e adolescentes disparou. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, apenas na cidade de São Paulo, os casos cresceram em 134% entre 2019 e 2022. 

Além de fatores genéticos, o aumento dos casos está também relacionado a mudanças comportamentais e estilo de vida das crianças. “Isso porque durante o período de isolamento social, o tempo que as crianças passavam em frente a telas, seja televisão, computador ou celular, aumentou bastante. Desta forma, os problemas de visão acabaram se desenvolvendo em maiores proporções”, comenta a Dra. Célia Nakanami.
 

Saiba como identificar sinais de problemas de visão em crianças

Para garantir o tratamento adequado o mais breve possível, é importante saber identificar os sinais de distúrbios de visão de forma clara. Abaixo, a especialista Dra. Célia elencou alguns indícios (sinais e sintomas) que podem apontar doenças ou distúrbios oculares em crianças e adolescentes:

  • Olhos lacrimejantes e/ou vermelhos frequentes após períodos de muito esforço visual (escola, cinema, leitura, tarefas escolares)
  • Piscar excessivamente
  • Coçar ou esfregar os olhos
  • Estrabismo
  • Sentar-se muito perto da TV ou segurar objetos muito próximos dos olhos
  • Dificuldades ou baixo desempenho na escola
  • Dispersa a atenção com facilidade ou perde o interesse visual pelas atividades de perto ou longe
  • Franzir a testa ou inclinar a cabeça ao olhar para objetos
  • Dor de cabeça ou dor nos olhos após períodos de esforço visual

Os sintomas muitas vezes aparecem de forma silenciosa e sutil. Uma criança com miopia, por exemplo, pode apertar os olhos para enxergar melhor, se aproximar muito da televisão ou do quadro na escola, ou fazer leitura ou escrever muito próximos dos olhos. Esses indicativos podem passar despercebidos pelos pais e professores, já que muitas vezes não existe nenhum sinal de incômodo. 

Segundo a Dra. Célia Nakanami, o histórico familiar é outro ponto que deve ser levado em consideração. "É importante estar ciente de que a visão pode ser influenciada pela genética, portanto, um histórico familiar de condições oculares, como miopia, astigmatismo ou estrabismo, aumenta a probabilidade de crianças desenvolverem essas disfunções visuais”, explica, “deve-se ficar atento na identificação de alguma condição visual semelhante aos dos familiares”.
 

Com que idade os problemas de visão aparecem?

O aparecimento de doenças ou distúrbios oculares depende do tipo de problema e de fatores individuais. É muito comum que distúrbios como miopia, astigmatismo ou hipermetropia surjam entre os 6 e os 12 anos de idade, durante o período escolar. No entanto, existem doenças presentes desde o nascimento, como catarata ou glaucoma congênito, que necessitam ser diagnosticadas e tratadas logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida. 

O teste que precisa ser feito em todo recém-nascido é o teste do reflexo vermelho, também conhecido como teste do olhinho. A recomendação é que seja repetido ao menos três vezes ao ano, a partir dos 6 meses de vida. Já a primeira consulta oftalmológica completa pode ser agendada ainda no primeiro ano de idade e, de forma anual, conforme recomendado pelo oftalmologista. 

Consultas regulares com um oftalmologista são essenciais para identificar condições visuais em crianças, mesmo que elas não apresentem sintomas ou sinais evidentes. Quanto mais cedo um problema visual for detectado e tratado, melhor será o prognóstico para a saúde visual da criança.
 

Importância de exames oftalmológicos regulares

A Dra. Célia Nakanami explica que para evitar atrasos no diagnóstico, é fundamental que as crianças façam exames oftalmológicos regulares ou passem por triagem visual. “Os pais, professores e profissionais de saúde devem estar atentos às alterações de visão e qualquer sinal de alerta - referido acima, deve ser investigado prontamente”. 

A detecção precoce e o tratamento adequado de problemas visuais são essenciais para garantir o desenvolvimento saudável da visão das crianças e, à medida que os problemas de visão são identificados e tratados, é necessária a rápida habilitação/reabilitação visual com o uso dos óculos ou lentes de contato e terapia visual, aproveitando, de forma positiva, a adaptação da criança que se ajusta às correções ópticas necessárias. 



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