As crianças podem não ser capazes de
perceber mudanças na visão, não indicando que existe algo de errado com ela,
principalmente quando não há sinais que possam ser visíveis aos pais ou
cuidadores. A Oftalmopediatra Dra. Célia Nakanami explica quando a primeira
consulta deve acontecer e o que levar em consideração
As crianças demonstram uma notável capacidade de
adaptação, o que desempenha um papel crucial em seu desenvolvimento. No
entanto, quando o assunto é a visão, essa habilidade pode se tornar
prejudicial, por elas ainda não terem capacidade de perceber ou não conseguirem
expressar de forma clara o que estão sentindo e irem convivendo com as
dificuldades visuais.
Segundo estimativa do Conselho de Oftalmologia Brasileiro, mais de
250 mil crianças, entre 5 e 15 anos, têm dificuldade para enxergar. Ademais,
após o período pandêmico, os casos de miopia em crianças e adolescentes
disparou. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, apenas na cidade de
São Paulo, os casos cresceram em 134% entre 2019 e 2022.
Além de fatores genéticos, o aumento dos casos está também
relacionado a mudanças comportamentais e estilo de vida das crianças. “Isso
porque durante o período de isolamento social, o tempo que as crianças passavam
em frente a telas, seja televisão, computador ou celular, aumentou bastante.
Desta forma, os problemas de visão acabaram se desenvolvendo em maiores
proporções”, comenta a Dra. Célia Nakanami.
Saiba como identificar sinais de problemas de visão em
crianças
Para garantir o tratamento adequado o mais breve possível, é importante
saber identificar os sinais de distúrbios de visão de forma clara. Abaixo, a
especialista Dra. Célia elencou alguns indícios (sinais e sintomas) que podem
apontar doenças ou distúrbios oculares em crianças e adolescentes:
- Olhos lacrimejantes e/ou vermelhos frequentes após períodos
de muito esforço visual (escola, cinema, leitura, tarefas escolares)
- Piscar excessivamente
- Coçar ou esfregar os olhos
- Estrabismo
- Sentar-se muito perto da TV ou segurar objetos muito próximos
dos olhos
- Dificuldades ou baixo desempenho na escola
- Dispersa a atenção com facilidade ou perde o interesse visual
pelas atividades de perto ou longe
- Franzir a testa ou inclinar a cabeça ao olhar para objetos
- Dor de cabeça ou dor nos olhos após períodos de esforço
visual
Os sintomas muitas vezes aparecem de forma silenciosa e sutil. Uma
criança com miopia, por exemplo, pode apertar os olhos para enxergar melhor, se
aproximar muito da televisão ou do quadro na escola, ou fazer leitura ou
escrever muito próximos dos olhos. Esses indicativos podem passar despercebidos
pelos pais e professores, já que muitas vezes não existe nenhum sinal de
incômodo.
Segundo a Dra. Célia Nakanami, o histórico familiar é outro ponto
que deve ser levado em consideração. "É importante estar ciente de que a visão
pode ser influenciada pela genética, portanto, um histórico familiar de
condições oculares, como miopia, astigmatismo ou estrabismo, aumenta a
probabilidade de crianças desenvolverem essas disfunções visuais”, explica,
“deve-se ficar atento na identificação de alguma condição visual semelhante aos
dos familiares”.
Com que idade os problemas de visão aparecem?
O aparecimento de doenças ou distúrbios oculares depende do tipo
de problema e de fatores individuais. É muito comum que distúrbios como miopia,
astigmatismo ou hipermetropia surjam entre os 6 e os 12 anos de idade, durante
o período escolar. No entanto, existem doenças presentes desde o nascimento,
como catarata ou glaucoma congênito, que necessitam ser diagnosticadas e
tratadas logo após o nascimento ou nos primeiros meses de vida.
O teste que precisa ser feito em todo recém-nascido é o teste do
reflexo vermelho, também conhecido como teste do olhinho. A recomendação é que
seja repetido ao menos três vezes ao ano, a partir dos 6 meses de vida. Já a
primeira consulta oftalmológica completa pode ser agendada ainda no primeiro
ano de idade e, de forma anual, conforme recomendado pelo oftalmologista.
Consultas regulares com um oftalmologista são essenciais para
identificar condições visuais em crianças, mesmo que elas não apresentem
sintomas ou sinais evidentes. Quanto mais cedo um problema visual for detectado
e tratado, melhor será o prognóstico para a saúde visual da criança.
Importância de exames oftalmológicos regulares
A Dra. Célia Nakanami explica que para evitar atrasos no
diagnóstico, é fundamental que as crianças façam exames oftalmológicos
regulares ou passem por triagem visual. “Os pais, professores e profissionais
de saúde devem estar atentos às alterações de visão e qualquer sinal de alerta
- referido acima, deve ser investigado prontamente”.
A detecção precoce e o tratamento adequado de problemas visuais
são essenciais para garantir o desenvolvimento saudável da visão das crianças
e, à medida que os problemas de visão são identificados e tratados, é
necessária a rápida habilitação/reabilitação visual com o uso dos óculos ou
lentes de contato e terapia visual, aproveitando, de forma positiva, a
adaptação da criança que se ajusta às correções ópticas necessárias.
EssilorLuxottica
Nenhum comentário:
Postar um comentário