Diretor de rede de ensino de São Paulo vê a proibição com ressalvas
O governo do Reino Unido anunciou
recentemente uma proibição abrangente do uso de celulares nas escolas,
incluindo durante os intervalos, com o objetivo de melhorar o comportamento dos
alunos e reduzir distrações em sala de aula. A medida, anunciada pela
Secretária de Estado da Educação, Gillian Keegan, levanta questões sobre como
uma decisão semelhante poderia impactar o Brasil, onde a discussão sobre a
proibição de celulares nas escolas está em curso há anos.
Por aqui, essa discussão começou há mais de
uma década, com o Projeto de Lei 2.246-A de 2007, que
propõe que os aparelhos de telefonia móvel sejam desligados durante as aulas, a
fim de evitar interrupções no processo educacional. No entanto, até o momento,
não existe uma lei vigente que proíba o uso de celulares nas escolas
brasileiras.
José Teiga, fundador da Rede Ápice, que opera
escolas em São Paulo, questiona a proibição . "A escola tem que incentivar
o uso do celular de forma consciente. Até os 10 anos, o celular de fato não é
recomendado, mas a partir dessa idade, o aparelho começa a fazer sentido porque
quando essa criança sair da escola, ela vai estar no mercado de trabalho, vai
usar o celular como ferramenta - e temos que prepará-los para lidar com isso.
Então tirar o celular pode ser um retrocesso", diz Teiga.
E para reter a atenção do aluno e impedir que
o celular o distraia, Teiga acredita que é uma questão de como o conteúdo das
aulas estão sendo passados. "Temos que falar na linguagem do aluno e
colocar o conteúdo no contexto do dia a dia. Isso sem dúvida, prende a
atenção", afirma.
A proibição também tem o objetivo de alinhar
o Reino Unido com outros países europeus que já adotaram essa medida. Segundo
dados do Relatório Global de Monitoramento
da Educação 2023, divulgado em julho pela Unesco, Organização da ONU
para Educação, 25% dos países têm leis que proíbem o uso de celular nas
escolas. De acordo o relatório, a simples presença desses dispositivos pode
resultar em distrações para os estudantes e ter um impacto prejudicial no
processo de aprendizagem. Países como França, Itália, Finlândia, Holanda e
Estados Unidos já implementaram proibições relativas ao uso de telefones
celulares e redes sociais nas escolas.
Para Teiga, a decisão do Reino Unido também
pode influenciar o debate sobre a proibição de celulares nas escolas
brasileiras. “Sou a favor do debate e também temos de observar como a proibição
impactou nos outros países. O Brasil pode agora reexaminar essa discussão com base
nos resultados e nas experiências do Reino Unido”, diz.
José Teiga -
dedica-se ao universo escolar, a partir da idealização e construção do Colégio
Dom Henrique, em Osasco. O investidor entende a educação como um mecanismo
transformador. Além da grade curricular convencional, tem o objetivo de formar
líderes de suas próprias vidas, pessoas capazes de realizar sonhos,
movimentar carreiras e gerir investimentos, entendendo das melhores formas
de investimento, a importância da autonomia financeira, métodos de investimento
inteligentes e a gestão das emoções. Em 2019, fez a aquisição do Colégio Tutor,
na zona Sul de São Paulo, em 2023, o Colégio Marillac, em Santana.
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