Tratamento é recomendado em pacientes com leucemia linfoblástica, linfoma não Hodgkin e mieloma múltiplo refratários à quimioterapia convencional
O CAR-T Cell
é uma técnica relativamente nova no mundo, mas que já apresenta bons
resultados, inclusive, com propostas de cura. Conhecida também como CAR-T, o
tratamento consiste na alteração das células T do paciente em um laboratório
com o objetivo de reconhecer e combater as células do câncer. O termo “CAR”
refere-se a um receptor de antígeno quimérico (chimeric antigen receptor, em
inglês). Já o “T” vem de linfócitos T, que são as células do sangue
responsáveis pelo combate a infecções e alguns tipos de câncer. Atualmente, o
procedimento já é adotado nos Estados Unidos e em outros países para tratar o
mieloma múltiplo, linfomas e leucemias avançadas como último recurso.
No Brasil, o
primeiro caso de uso da técnica ocorreu em 2019. O aposentado Vamberto Castro,
à época com 62 anos, estava com linfoma em estado grave e sem resposta aos
tratamentos convencionais. Cerca de 20 dias após o CAR-T Cell, o paciente já
apresentou melhora. Os exames passaram a mostrar que as células cancerígenas
desapareceram. No fim do mesmo ano, o paciente faleceu em decorrência de um
acidente doméstico, não tendo completado o tratamento.
Vendo e
estudando a eficácia do tratamento, o médico hematologista Guilherme Muzzi
resolveu se aprofundar mais no método. Então, agora em 2023, ele decidiu fazer
o curso de CAR-T Cell, na Europa. Foram aproximadamente seis meses de estudos,
com o acompanhamento de cerca de 50 pacientes adultos, além de muito
aprendizado. “Tive a oportunidade de trabalhar com médicos de referência em
CAR-T Cell na Europa e aprender na prática essa nova técnica. Tenho certeza de
que é uma grande esperança para as pessoas que já tentaram de tudo no
tratamento do câncer e ainda não obtiveram sucesso”, destaca o médico.
O
hematologista explica que o procedimento é relativamente simples e muito
eficaz. “O processo começa com a coleta de linfócitos T do sangue do próprio
paciente com câncer por meio de uma máquina. Em seguida, eles são geneticamente
modificados para expressar um receptor quimérico, que lhes confere a capacidade
de reconhecer e atacar especificamente as células cancerígenas. É como equipar
as células do sistema imunológico do paciente com um detector de alvo
especializado. Essa técnica é muito eficiente e tem apresentado resultados surpreendentes”,
conta.
“Podemos
dizer que o CART- Cell é um dos maiores avanços no tratamento do câncer dos
últimos anos”, comemora o hematologista.
Efeitos colaterais
“Como todo
tratamento contra o câncer, o CAR-T Cell não é diferente. Ele pode apresentar
reações. Entre elas, febre, queda da pressão arterial e confusão mental, que às
vezes precisam ser tratadas em uma unidade de terapia intensiva. Em alguns
casos o paciente precisa, inclusive, tomar remédios por um longo período para
melhorar a imunidade”, explica Muzzi.
Próximos passos
O médico
explica que o tratamento ainda é muito caro e o desafio é que o procedimento se
torne cada vez mais acessível. “Atualmente o custo do tratamento com CAR-T Cell
é de cerca de R$ 2 milhões e 500 mil reais, mas tenho certeza de que daqui a um
tempo ele ficará mais acessível para a população brasileira. Estou trabalhando
junto ao Hospital Felício Rocho para implantarmos essa terapia e tenho certeza
de que em breve a nossa unidade estará ofertando o serviço para a população”,
conclui o médico.
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