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terça-feira, 10 de outubro de 2023

Caiado cobra mais ação do governo Federal no combate ao narcotráfico

Em reunião na Associação Comercial de São Paulo o governador de Goiás (dir.) pediu a recriação do Ministério da Segurança com foco na integração das polícias e coordenação de ações de inteligência

 

A recente crise de segurança pública no Rio de Janeiro escancara a ineficiência do poder público em combater o crime organizado, algo que está disseminado por praticamente todas as regiões do país. Enfrentar essa realidade, segundo Ronaldo Caiado, governador de Goiás, exigiria uma maior atuação do governo federal.

Para Caiado, que obteve resultados positivos na área de segurança em seu primeiro mandato, o governo Federal deveria recriar o Ministério da Segurança, hoje ligado à pasta de Justiça, sob a gestão de Flávio Dino. Ao novo ministério caberia integrar as polícias e coordenar ações de inteligência. 

Sem uma ação mais incisiva da União, segundo o governador, será impossível frear o avanço do crime organizado para dentro das diferentes esferas sociais, como a jurídica e a política. 

“Antigamente, o narcotráfico tinha a preocupação de se relacionar com políticos, financiando campanhas. Hoje, elege deputados, prefeitos. Não tem só interlocução com o poder, estão dentro do poder”, disse Caiado durante reunião do Conselho Político e Social (Cops), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), nesta segunda-feira, 9/10.  

A penetração do crime em diferentes níveis da sociedade, disse, mostra sofisticação e inteligência. “Eles conseguem que o Estado instale unidades de saúde em localidades dominadas pelo tráfico, para terem acesso a estoque de éter, usado na fabricação de drogas. Ganham concessão para coleta de lixo, e assim circulam livremente pelas comunidades”, afirmou o governador. 

Segundo ele, a estrutura das facções criminosas expandiu ao ponto de ameaçar o Estado. Dados do governo Federal apontam que há pelo menos 60 facções criminosas atuantes no país. “Ou enfrentamos a situação, ou admitimos que caminhamos para nos tornar uma Venezuela, uma Colômbia, onde a exportação de cocaína quase supera a de café.” 

Uma das linhas de enfrentamento defendidas por Caiado é o que ele chama de “polícia sem fronteira”, que passaria pela integração das forças policiais dos Estados, sendo que a atuação delas seria em nível regional, não só estadual. 

Essa experiência começou a ser adotada na semana passada em Estados do Centro-Oeste, após convênio assinado entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Tocantins, no Norte. “Aqui não temos mais fronteira para a segurança pública.”

Outra frente defendida pelo governador para combater o crime organizado é a retomada do sistema penitenciário pelo Estado, hoje nas mãos das facções. 

Caiado adotou uma linha mais dura nas prisões de Goiás, acabando com visitas íntimas em presídios de segurança máxima e rotacionando chefes de facções entre os presídios da região. “Se ficarem muito tempo em um presídio, os chefes de facções criam ramificações e contaminam o sistema’”, disse o governador. 

Mas essas iniciativas, disse, muitas vezes encontram barreiras no judiciário. “Não vale a folha corrida do bandido, não vale a palavra do governador, precisa do judiciário, e muitas vezes levamos seis meses, um ano para fazer a transferência”, afirmou. 

O governador lembrou que políticas desse tipo exigem o apoio da União. “Narcotráfico e contrabando de armas são crimes federais, mas que acabam combatidos pelos Estados. Só temos o ônus.”

Em Goiás, Caiado fez da segurança pública a bandeira dos seus primeiros quatro anos de gestão. Segundo ele, quando assumiu o estado em 2018, havia um clima de “conformismo” com a situação da criminalidade. “Não se debatia o assunto, como se essa violência fosse o normal.”

Os números de roubos de cargas, de veículos, sequestros e homicídios em Goiás estavam entre os maiores do país. O governador disse que priorizou a segurança pública em tempo integral com ações que envolveram o reajuste dos salários dos policiais, criação de batalhões especializados, investimento em equipamento e inteligência e a criação de três novos presídios no Estado. 

Os resultados dessa política foram apresentados pelo governador na reunião da ACSP. Dados apresentados por ele apontam que, entre 2018 e 2022, houve queda de 80% nos roubos de carga; as fugas de presídios diminuíram em 93%. Caíram consideravelmente também os roubos de veículos (-85), roubos a comércios (-75%) e os homicídios (45%). 

Além disso, destacou, desde que assumiu o Estado, não houve nenhuma nova ação do chamado novo cangaço, modalidade criminosa que envolve grupos fortemente armados que praticaram assaltos a bancos extremamente violentos em pequenas cidades da região até 2019. 



Redação DC
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/caiado-cobra-mais-acao-do-governo-federal-no-combate-ao-narcotrafico


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