Em reunião na Associação Comercial de São Paulo o governador de Goiás (dir.) pediu a recriação do Ministério da Segurança com foco na integração das polícias e coordenação de ações de inteligência
A recente crise de segurança
pública no Rio de Janeiro escancara a ineficiência do poder público em combater
o crime organizado, algo que está disseminado por praticamente todas as regiões
do país. Enfrentar essa realidade, segundo Ronaldo Caiado, governador de Goiás,
exigiria uma maior atuação do governo federal.
Para Caiado, que obteve
resultados positivos na área de segurança em seu primeiro mandato, o governo
Federal deveria recriar o Ministério da Segurança, hoje ligado à pasta de
Justiça, sob a gestão de Flávio Dino. Ao novo ministério caberia integrar as
polícias e coordenar ações de inteligência.
Sem uma ação mais incisiva da
União, segundo o governador, será impossível frear o avanço do crime organizado
para dentro das diferentes esferas sociais, como a jurídica e a política.
“Antigamente, o narcotráfico
tinha a preocupação de se relacionar com políticos, financiando campanhas.
Hoje, elege deputados, prefeitos. Não tem só interlocução com o poder, estão
dentro do poder”, disse Caiado durante reunião do Conselho Político e Social
(Cops), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), nesta segunda-feira,
9/10.
A penetração do crime em
diferentes níveis da sociedade, disse, mostra sofisticação e inteligência.
“Eles conseguem que o Estado instale unidades de saúde em localidades dominadas
pelo tráfico, para terem acesso a estoque de éter, usado na fabricação de
drogas. Ganham concessão para coleta de lixo, e assim circulam livremente pelas
comunidades”, afirmou o governador.
Segundo ele, a estrutura das
facções criminosas expandiu ao ponto de ameaçar o Estado. Dados do governo
Federal apontam que há pelo menos 60 facções criminosas atuantes no país. “Ou
enfrentamos a situação, ou admitimos que caminhamos para nos tornar uma
Venezuela, uma Colômbia, onde a exportação de cocaína quase supera a de
café.”
Uma das linhas de enfrentamento
defendidas por Caiado é o que ele chama de “polícia sem fronteira”, que
passaria pela integração das forças policiais dos Estados, sendo que a atuação
delas seria em nível regional, não só estadual.
Essa experiência começou a ser
adotada na semana passada em Estados do Centro-Oeste, após convênio assinado
entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Tocantins, no Norte.
“Aqui não temos mais fronteira para a segurança pública.”
Outra frente defendida pelo
governador para combater o crime organizado é a retomada do sistema
penitenciário pelo Estado, hoje nas mãos das facções.
Caiado adotou uma linha mais
dura nas prisões de Goiás, acabando com visitas íntimas em presídios de
segurança máxima e rotacionando chefes de facções entre os presídios da região.
“Se ficarem muito tempo em um presídio, os chefes de facções criam ramificações
e contaminam o sistema’”, disse o governador.
Mas essas iniciativas, disse,
muitas vezes encontram barreiras no judiciário. “Não vale a folha corrida do
bandido, não vale a palavra do governador, precisa do judiciário, e muitas
vezes levamos seis meses, um ano para fazer a transferência”, afirmou.
O governador lembrou que
políticas desse tipo exigem o apoio da União. “Narcotráfico e contrabando de
armas são crimes federais, mas que acabam combatidos pelos Estados. Só temos o
ônus.”
Em Goiás, Caiado fez da
segurança pública a bandeira dos seus primeiros quatro anos de gestão. Segundo
ele, quando assumiu o estado em 2018, havia um clima de “conformismo” com a
situação da criminalidade. “Não se debatia o assunto, como se essa violência
fosse o normal.”
Os números de roubos de cargas,
de veículos, sequestros e homicídios em Goiás estavam entre os maiores do país.
O governador disse que priorizou a segurança pública em tempo integral com
ações que envolveram o reajuste dos salários dos policiais, criação de
batalhões especializados, investimento em equipamento e inteligência e a
criação de três novos presídios no Estado.
Os resultados dessa política
foram apresentados pelo governador na reunião da ACSP. Dados apresentados por
ele apontam que, entre 2018 e 2022, houve queda de 80% nos roubos de carga; as
fugas de presídios diminuíram em 93%. Caíram consideravelmente também os roubos
de veículos (-85), roubos a comércios (-75%) e os homicídios (45%).
Além disso, destacou, desde que assumiu o Estado, não houve nenhuma nova ação do chamado novo cangaço, modalidade criminosa que envolve grupos fortemente armados que praticaram assaltos a bancos extremamente violentos em pequenas cidades da região até 2019.
Redação DC
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/caiado-cobra-mais-acao-do-governo-federal-no-combate-ao-narcotrafico
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