Hiperidrose acomete entre 2% a 4% da população mundial
O
suor excessivo pode ser um problema constrangedor, mas o que poucas pessoas
sabem é que se trata de uma doença e que ela tem soluções razoavelmente
simples. A principal função do suor é o controle da temperatura do corpo.
Quando está calor ou são realizadas atividades físicas a temperatura do corpo
aumenta e o Sistema Nervoso Autônomo (SNA) produz suor para que evapore e
diminua a temperatura corporal. O SNA também é responsável por regular várias
funções do corpo de forma automática, como a frequência cardíaca, a motilidade
do intestino e das pupilas e outras.
O médico Marcos Chesi,
cirurgião torácico e especialista em tratamento de hiperidrose do Hospital
VITA, em Curitiba, explica que quando uma pessoa apresenta suor acima das
necessidades, causando desconforto, constrangimento social ou dificuldade para
executar os afazeres diários, pode-se dizer que ela tem suor excessivo ou,
tecnicamente falando, hiperidrose.
De acordo com o cirurgião
torácico, se a ocorrência do suor for principalmente nas mãos, axilas e planta
dos pés, isoladamente ou em conjunto e não for encontrada uma causa específica
(doença de base) para o suor excessivo, pode-se classificar como hiperidrose
primária ou essencial. O especialista destaca que o suor aparece mesmo quando
está frio e que a hiperidrose primária também pode acometer a cabeça, com a
presença ou não do rubor facial (face vermelha), principalmente quando a pessoa
passa por alguma emoção mais forte.
Segundo levantamento da
Academia Americana de Dermatologia, o problema acomete entre 2 e 4% da população
mundial, normalmente surge na infância ou na adolescência, frequentemente causa
desconforto físico e até perturbações sociais e raramente melhora na fase
adulta. “A ansiedade normalmente piora os sintomas, mas não é a principal
causa”, destaca o Dr. Chesi.
O simples ato de
cumprimentar alguém, manipular papéis ou usar roupas escuras pode ser muito
desconfortável para uma pessoa com suor excessivo. O suor das axilas pode
escorrer pelo corpo molhando e estragando roupas. “É comum que uma pessoa com
hiperidrose tenha que trocar de roupa mais de uma vez ao dia. Além disso,
alguns trabalhos podem se tornar perigosos, como manipular equipamentos
elétricos ou conduzir veículos”, alerta o especialista.
Quanto ao tratamento, o
médico conta que depende da intensidade dos sintomas, ou seja, o nível de
desconforto do paciente conforme a intensidade e regularidade do suor. Pode ser
feito com o uso de medicamentos que diminuem a produção do suor, aplicação de
toxina botulínica, dietas específicas, iontoforese ou cirurgia, que normalmente
é reservada para os casos com suor bem localizado e com maior intensidade.
Existe também a hiperidrose
secundária, na qual o suor ocorre no corpo todo de forma generalizada e pode
haver uma causa específica, uma doença de base como alteração hormonal, uso de
alguns medicamentos, obesidade ou sensibilidade aumentada ao consumo de
alimentos hiperidróticos.
Já nos casos de hiperidrose
secundária, o tratamento é direcionado conforme a origem encontrada. O excesso
de suor pode favorecer a proliferação de algumas bactérias que podem produzir
um cheiro desagradável, causando a bromidrose.
Uma avaliação médica com
suporte multidisciplinar de psicólogo, nutricionista e endocrinologista é
importante para a definição do diagnóstico e previsão da melhor forma de
tratamento, pois varia conforme a necessidade e diagnóstico de cada paciente.
Técnica cirúrgica
O nervo do Sistema Nervoso
Autônomo que estimula a da glândula sudorípara está no tórax, logo, a cirurgia
é realizada, habitualmente, por um cirurgião de tórax. A simpatectomia (nome
dado ao procedimento) é realizada nos dois lados do tórax, simultaneamente. O
procedimento atua sobre o nervo que estimula a glândula sudorípara, a glândula
não é modificada pela cirurgia, apenas bloqueia o estímulo que chega até ela.
As incisões têm
aproximadamente 0,5cm e normalmente não há necessidade de pontos, apenas
aproxima-se os bordos com micropore especial, que será retirado no consultório,
com a finalidade de obter-se melhor resultado estético.
O médico explica que o
paciente é internado no mesmo dia da cirurgia, e pode receber alta hospitalar
no dia seguinte. Em alguns casos selecionados o paciente poderá receber alta
hospitalar no mesmo dia do procedimento.
Na alta, o paciente receberá
prescrição de medicação analgésica e a orientação dos cuidados específicos. Os
curativos podem ser molhados durante o banho e secados com o uso de secador de
cabelo ou toalha macia e limpa, durante cinco dias, até serem retirados pelo
médico. Nesse período o paciente deverá evitar fazer esforços físicos de maior
intensidade.
O paciente poderá retornar
às atividades habituais de três a quatro dias após a cirurgia. O médico poderá
informar quais as principais restrições nas semanas seguintes à cirurgia.
Suor compensatório ou rebote
O especialista ressalta
também, que quando bloqueado o estímulo das glândulas sudoríparas, em alguma
parte do corpo o estímulo que iria para aquela região pode ser distribuído para
outras áreas do corpo, como o tronco e face interna das coxas. Isso pode
acontecer em até 40% dos pacientes. O suor compensatório costuma aparecer em
dias quentes ou atividades físicas, diferentemente da hiperidrose primária que
piora com a ansiedade e aparece mesmo em dias mais frios.
A intensidade do suor
compensatório, quando aparece, pode variar de leve a intenso. Normalmente
ocorre por um período de adaptação do organismo após a cirurgia. Cada paciente
tem um período de adaptação diferente. Algumas medicações ajudam muito na
diminuição do suor compensatório caso se torne incômodo.
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