Especialista afirma que quanto mais cedo a empresa se preparar para enfrentar esse desafio, maiores serão suas chances de sucesso
O Brasil está entre os maiores países agrícolas do
mundo e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio
Vargas (FGV-Ibre), o crescimento do setor deve ser de 8% neste ano. Se o número
se confirmar, será o maior crescimento do setor desde 2017, quando a alta foi
de 14,2%. Além disso, segundo a pesquisa Projeções do Agronegócio, do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), até 2030 a produção
agrícola brasileira deve crescer mais de 20%.
E justamente por se tratar de um dos setores mais
relevantes do país, sendo responsável pela criação de mais de 17 milhões de
empregos, segundo a Universidade de São Paulo (USP), as empresas que adotarem
estratégias e modelos de negócios alinhados às melhores práticas de ESG
(Environmental, Social, Governance) se diferenciarão no mercado e criarão as
bases de seu crescimento e perpetuidade.
Em um cenário em que os recursos naturais estão se
tornando cada vez mais escassos e ocorre uma previsão de crescimento
populacional ainda maior, é necessário refletir sobre o modo de consumo e de
produção. Estimativa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação (FAO) prevê que, até 2050, será preciso aumentar a produção de
alimentos em 70%.
Alinhar a produção agrícola às práticas de ESG se
tornou um assunto tão importante que a Serasa Experian lançou uma ferramenta
para avaliar boas práticas de ESG de produtores rurais – pessoa física – com o
objetivo de auxiliar na tomada de decisão de concedentes de crédito,
fornecedores e até consumidores. Dessa forma, entidades financeiras terão mais
condições de fazer uma análise de risco combinando fatores de crédito, com o monitoramento
do cumprimento de boas práticas de governança ambiental, social e corporativa.
O advogado especialista em Direito do Agronegócio e
Meio Ambiente Rafael Guazelli esclarece que as empresas precisam o quanto antes
buscar alinhamento às melhores práticas de ESG, pois dessa forma poderão evitar
problemas no futuro.
“É fundamental que o foco dessas
organizações esteja nos temas relevantes e estratégicos e que elas respondam à
crescente demanda dos stakeholders por informações claras e seguras sobre
atuação e desempenho. Quanto mais cedo a empresa se preparar para enfrentar
esse desafio, maiores serão suas chances de sucesso”, explica o
especialista.
Rafael Guazelli lembra ainda que outros benefícios
que a agenda ESG traz para o agronegócio são:
- Produtos desenvolvidos a
partir de ações ESG são percebidos como de melhor qualidade no mercado e
tornam-se mais competitivos;
- A transformação digital
promove processos mais ágeis e custos mínimos de produção. Isso porque
automatiza rotinas e reduz custos operacionais, aumentando a performance
do campo;
- Aumento nas exportações, já
que os produtos brasileiros ganham maior destaque no mercado
internacional. Melhor qualidade atrai investidores e compradores
estrangeiros.
Em suma, as práticas de ESG no agronegócio são o
grande balizador do setor para os próximos anos. Tais práticas são uma questão
de sobrevivência, não só para quem atua no agro, mas em qualquer outro setor.
No mesmo caminho das práticas ESG, cabe ao poder público e ao setor corporativo
desenvolver ou aperfeiçoar ações que resultem na redução ou neutralização das
emissões de GEEs. Só assim será possível continuar a produzir alimentos para as
próximas gerações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário