Profissionais
da educação e de organizações da sociedade civil buscam opções para coibir
episódios de violência contra crianças e adolescentes
Quase cinco mil
pessoas se inscreveram no curso sobre prevenção de violência on-line na
primeira infância; 1.672 já receberam seu certificado
Um episódio da novela “Travessia”, exibido na rede Globo em março deste ano, chamou a atenção do público ao mostrar uma cena de assédio virtual ocorrido contra uma adolescente. O assunto recebe ainda mais notoriedade neste mês em razão da campanha “Faça Bonito”, que promove o Dia de Combate ao Abuso e Exploração Sexual, em 18 de maio.
Conforme dados da Central Nacional de Denúncias da Safernet, crimes como o abordado na novela têm o mais alto índice de registro, ficando à frente de preconceitos raciais, cyberbullying e intolerância religiosa. De acordo com o levantamento, o Brasil registrou mais de 110 mil denúncias de abuso sexual infantil virtual em 2022, contabilizando 12 denúncias a cada uma hora.
“Apesar de os números de denúncias já
serem altos, infelizmente, existem muitos casos subnotificados. Sem uma
orientação e um acompanhamento de um adulto, crianças e adolescentes acabam
sendo vítimas fáceis para esses criminosos. Cabe às famílias e aos professores
conversarem sobre os riscos ao navegar na internet, pois o maior aliado no
combate a essa violência é a informação”, explica a coordenadora de
Desenvolvimento e Soluções do Itaú Social, Cláudia Petri.
A preocupação com os riscos na internet recebeu atenção da professora Tainá Almeida Antunes, de Duque de Caxias (RJ), ao descobrir que uma das crianças do seu bairro havia sido vítima desse crime. “Quando começamos a abordar esse assunto em nosso cotidiano, outros adolescentes vieram relatar denúncias sobre o mesmo tema”.
A docente foi uma das cursistas do “Prevenção da violência on-line na
primeira infância”, oferecido pelo Polo, ambiente de
formação do Itaú Social. O curso é gratuito, certificado e oferece
materiais de apoio e ferramentas para potencializar o diálogo sobre a
construção de rotinas saudáveis de uso das tecnologias.
Após a conclusão do curso, Tainá adotou uma nova rotina que envolvia proteger seus alunos e as crianças de sua comunidade religiosa. “O conteúdo da plataforma traz métodos eficazes de prevenção que podem ser aplicados para cada faixa etária entre zero e seis anos”.
A professora não está sozinha, a formação recebeu quase cinco mil inscrições de profissionais da educação e do terceiro setor, além de pessoas preocupadas com a segurança de crianças no ambiente virtual, como Ana Paula Silvéria Quinan, formada em gestão pública e pós-graduanda em direito em Aragarças (GO).
“Mulheres que são vítimas de violência
doméstica e não conseguem romper o ciclo de dependência, muitas vezes, não
enxergam outra saída senão manter o relacionamento. E, nessa dinâmica, de
conflitos constantes, os filhos se veem sozinhos. Não surpreende que a internet
acabe virando um recurso para anestesiar as emoções daquela criança. É aí que
ela fica exposta a verdadeiros predadores, começando uma convivência que pode
gerar traumas e oferecer risco à sua integridade física” explica Quinan.
Dicas para educadores
de como proteger o estudante durante a navegação:
·
Disponibilize a escola como um espaço de disseminação de
informações e debates sobre o tema;
·
Reflita sobre o uso responsável das redes sociais e aplicativos de
mensagem instantânea, como o WhatsApp;
·
Inclua discussões sobre sexualidade e a sua banalização e
superexposição nos meios de comunicação;
·
Promova encontros de reflexão e atividades de integração entre
pais, professores e alunos;
·
Promova com os alunos a noção de autocuidado e autoproteção no
âmbito da educação para autonomia;
·
Use dados estatísticos, histórias reais e notícias de fontes qualificadas
para informar a todos sobre a melhor maneira de proteger crianças e
adolescentes do abuso on-line e da pornografia infantil, além de evitar sua exposição
a conteúdos inapropriados;
·
Observe o comportamento dos alunos e alerte-os sobre os riscos da
internet.
*Fonte:
Navegar com segurança / Childhood Brasil, instituição
colaboradora do curso.
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