As
empreendedoras Lella Malta, Juliana Guimarães e Mariana Miranda são exemplos de
empresárias no DF que enfrentaram dificuldades e hoje, estão à frente de
grandes negócios
De
acordo com dados do Instituto Rede Mulher, o Brasil ocupa a sétima posição no
ranking mundial de empreendedorismo feminino. Com isso, o dia 8 de março ganha
destaque como representante da trajetória das mulheres para atingir tal
patamar, resultante de anos lutando contra a desigualdade de gênero e a
marginalização política e econômica.
Ingressar no mercado de trabalho como empreendedora é sinônimo de enfrentar
desafios, dado que, mesmo anos buscando condições justas e igualitárias, as
mulheres ainda são submetidas a circunstâncias sexistas nesse cenário. Baixo
faturamento, dupla jornada e o preconceito são alguns dos obstáculos, que
implicam em consequências diretas no retorno financeiro – números da Rede
Mulher Empreendedora revelam que 50% dos homens no país recebem valores
superiores a R$10 mil reais, enquanto 63% das brasileiras empreendedoras
possuem um retorno de até R$2.500 por mês.
Apesar do cenário díspar, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (PNADC) constatou que, no quarto trimestre de 2021, a participação
feminina na esfera dos negócios correspondia a 34%, com mulheres gerindo 10,1
milhões de empreendimentos no Brasil. A busca pela independência
financeira, o almejo pela ascensão profissional e a realização pessoal e familiar
são alguns dos fatores impulsionadores do aumento da presença de mulheres no
empreendedorismo. Em 2022, o boletim do Empreendedorismo Feminino do
Sebrae revelou que cerca de 61% das pessoas que empreendem no país são
mulheres.
Foi há três anos, que a escritora, cientista e preparadora literária Lella
Malta criou o projeto “Escreva, Garota!” um grupo de apoio, engajamento e
capacitação continuada de mulheres que escrevem. As participantes, que estão
distribuídas em mais de 5 países, se encontram virtualmente para debater teoria
literária, técnicas de escrita criativa, os segredos da autopublicação e o
marketing literário, em uma espécie de clube exclusivo com vários
benefícios.
Além de aulas com grandes nomes da literatura (Aline Bei, Carla Madeira e Socorro
Acioli já passaram por lá), as inscritas participam de sorteios, têm descontos
em gráficas e livrarias, e também marcam presença nos maiores eventos
literários do Brasil. Sobre isso, vale registrar que o grupo estará com um
estande na próxima Bienal do Livro de São Paulo, que acontecerá em julho, para
que as assinantes possam lançar suas obras e realizar sessões de autógrafos
para seus leitores.
"O objetivo é fortalecer uma rede de apoio feminina que se fundamenta na
troca de experiências sobre escrita", explica Lella, que também mentora
dezenas de mulheres que desejam publicar seus próprios livros. "Além de
colocar nossas palavras no mundo, é fundamental que consumamos livros escritos
por mulheres - e mulheres em toda a nossa pluralidade . Quantas escritoras você
leu nos últimos tempos? Quantas delas são negras, LGBTQIA+, nortistas,
nordestinas?", finaliza.
Para Lella, ainda existem desafios no empreendedorismo feminino. “Ser mulher é
resistir na existência. É lutar diariamente pelo direito de ser quem se é. Como
empreendedora do mercado editorial, função alinhada ao meu propósito de dar voz
a outras mulheres, ocupo espaços que por muitas vezes nos foram roubados. Provo
que faço arte, mas também faço negócios, que minhas palavras têm o poder de
reinventar o mundo, mas também de garantir minha independência financeira”,
explica.
Empreendedorismo feminino no mercado cannabis
Juliana Guimarães é empresária e especialista em estratégia e desenvolvimento
de negócios. Também é fundadora do 55Lab.co, um laboratório de negócios que
desenvolveu os primeiros programas de pré-aceleração de negócios do lifestyle
canábico do país e também é co-fundadora do ODispensário - primeiro espaço
físico Espaço físico de acolhimento, compartilhamento de informações e comercialização
de produtos lícitos do mercado canábico brasileiro.
“O ambiente de negócios no DF mudou muito nos últimos anos em decorrência de
políticas de desburocratização e desoneração tributária. Ainda existem desafios
importantes que são inerentes ao empreendedorismo em um país sem cultura
empreendedora, mas o Distrito Federal tem muitas oportunidades por ser
economicamente estável e potencial de crescimento. Empreender como mulher pode
apresentar alguns desafios a mais (principalmente para as que, assim como eu,
também escolherem também exercer a maternidade). Ainda vivemos pré-conceitos e
desafios para acessar crédito (tanto em volume de grana quanto nos prazos de
pagamentos e taxas de juros); enfrentamos também os desafios da tripla jornada
(casa, filhos e trabalho) que ainda pesa muito na rotina feminina e, em vários
momentos, dificuldades em processos de negociações e visibilidade quando
comparamos com a performance de colegas do gênero masculino”, explica.
O primeiro dispensário do país foi inaugurado no ano passado, na CLN 102 Bloco
C loja 30, na Asa Norte. O espaço conta com produtos terpenados – usados
principalmente para conferir cheiro e sabor, mas sem canabinóides, apenas
inspirados na cannabis. Quem frequentar o dispensário poderá provar cafés terpenados,
cervejas artesanais com blend de óleos, pratos especiais e até chocolates. Para
os entusiastas no lifestyle, a organização do local preparou ainda uma
curadoria especial de roupas e acessórios.
“A gente também fez uma curadoria das melhores marcas de produtos de cultivo,
extração e acessórios para fumo tanto aqui no Brasil quanto no exterior, então
é uma curadoria em que trabalhamos com um bom custo-benefício para o mercado
canábico brasileiro”, ressalta Juliana.
Paixão pela gastronomia
A arquiteta Mariana Miranda, 37 anos, sempre teve uma paixão pela gastronomia.
Há seis anos passou a comandar o tradicional restaurante italiano Don Romano,
com endereços no Lago Sul, Asa Norte e Águas Claras. Recentemente, a empresária
decidiu investir em mais um negócio do ramo. Dessa vez, a aposta é uma casa
especializada em comida havaiana e oriental, o Aloha Ni Hao, em Águas Claras.
“São dois negócios distintos, mas que tem um segredo especial e essencial para
dar certo e conquistar o público brasiliense: o afeto”, comenta.
Nesse processo, a mente criativa, a experiência com arquitetura e urbanismo e o
interesse pelo universo da gastronomia foram fundamentais para alçar o nome de
Mariana entre os profissionais mais promissores da culinária brasiliense.
"Sempre tive essa essência empreendedora. Encontrei diversas barreiras no
caminho, mas sempre dei o meu melhor e não desisti. É um desafio administrar e
empreender, mas sempre busco um caminho para que tudo dê certo. Tanto na
arquitetura, como na área da gastronomia, devemos ter atenção, ainda mais
porque vivemos em uma sociedade que a mulher ainda é subestimada. Hoje, estamos
vendo a força da mulher em vários segmentos e mostrando como somos eficazes e
também podemos ocupar esses lugares de destaque. Não só podemos, mas como
vamos, cada vez mais, ocupar”, finaliza.
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