Taxa de mortalidade dos pacientes que chegam vivos aos hospitais varia de 40 a 70%. Se considerarmos os óbitos pré-hospitalares, esse percentual sobe para 90%
Quando se trata da manutenção da saúde arterial, o
diagnóstico precoce pode ser decisivo para o sucesso de um tratamento e salvar
vidas. Qualquer doença considerada grave, ao não ser detectada cedo, pode
trazer consequências fatais, como é o caso do Aneurisma da Aorta Abdominal
(AAA). Essa condição evolui de forma assintomática e, por muitas vezes, só vem
a ser descoberta quando não há mais a possibilidade de reverter o quadro.
A Aorta, principal e maior artéria do corpo humano,
é a responsável por transportar o sangue do coração para todas as partes do
corpo. Ela se ramifica em diversas outras artérias, passando pelo peito,
abdômen e membros inferiores. Nos casos do Aneurisma da Aorta Abdominal, a
artéria localizada no abdômen sofre uma dilatação de, no mínimo, 50% do seu
diâmetro natural. Para a maioria dos pacientes adultos, a dilatação acima de
três centímetros já é considerada aneurismática.
Ao longo do tempo essa dilatação vai se
enfraquecendo até que se rompe, e esse processo pode levar a pessoa ao óbito.
“A ruptura de um AAA, quando não tratada em tempo hábil, é fatal. A taxa de
mortalidade dos pacientes que chegam vivos aos hospitais varia de 40 a 70%. Se
considerarmos os óbitos pré-hospitalares, esse percentual sobe para 90%. A
maioria dos óbitos ocorre em decorrência de complicações pós-operatórias
motivadas pelo choque hemorrágico e sua consequente resposta inflamatória
sistêmica”, explica o cirurgião vascular e membro da Comissão de Aneurismas da
Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo
(SBACV-SP), Dr. Alexandre Maiera Anacleto.
A periculosidade desta condição se dá por sua
evolução silenciosa, com poucas manifestações – sendo elas dores abdominais ou
lombares, hipotensão (pressão baixa), choque, isquemia de membro (falta de
fornecimento sanguíneo) e febre – ou praticamente assintomática. “O
diagnóstico pode ser feito ocasionalmente por meio de um exame de imagem para
diagnosticar outra patologia, como ultrassom, ressonância magnética e
tomografia do abdômen ou da coluna lombar”, esclarece o Dr. Anacleto. Ainda de
acordo com o profissional, a probabilidade de se identificar a doença com
exames físicos é bem baixa, de 30 a 40% das vezes, assim como as chances de
outros sinais se manifestarem. “O aparecimento de outros sintomas relacionados
ao AAA, como embolia periférica, compressão de estruturas adjacentes e trombose
do aneurisma, é raro”, declara.
Os casos de AAA costumam ser mais frequentes em
homens acima dos 60 anos, com uma incidência anual de 6,5 pacientes masculinos
a cada mil habitantes. Nas mulheres ocorrem mais tardiamente, mas, em média, as
artérias se rompem com diâmetros 10 mm menores do que em pacientes masculinos.
Segundo o Dr. Anacleto, estima-se que em São Paulo, de 1,8% a 3% das pessoas
com 50 anos ou mais tenham aneurisma da aorta abdominal. No subgrupo de homens
com 60 anos ou mais, a prevalência está entre 4,3% e 8%.
O tabagismo é o principal fator de risco para o
desenvolvimento da doença. Um tabagista possui sete vezes mais chances do que
um não fumante de desenvolver o AAA, e o tempo de exposição ao fumo aumenta
essa probabilidade, mais do que o número de cigarros consumidos. Outros fatores
como a hipertensão arterial, a obesidade e o colesterol alto contribuem para a
evolução da doença.
Ao receber o diagnóstico de aneurisma, é necessário
ter acompanhamento clínico e realizar, anualmente ou semestralmente, o exame de
Eco Doppler para observar a sua progressão. Se a dilatação ultrapassar os
níveis considerados estáveis - 5,0 cm para pacientes de baixo risco cirúrgico,
e 5,5 cm para os que possuem risco moderado - o médico deve avaliar se é
necessário um tratamento cirúrgico tradicional ou endovascular. “Cada técnica
tem suas vantagens e desvantagens, sendo necessário discuti-las com seu
cirurgião vascular para ver qual é a melhor para cada paciente”, pontua o Dr.
Alexandre.
“O Aneurisma da Aorta Abdominal é uma das principais causas de mortalidade cardiovascular. Não é incomum que a primeira manifestação da doença seja a ruptura, que está associada a altíssimos índices de mortalidade. Por isso, é muito importante que toda a população com mais de 60 anos, sobretudo aqueles que possuem fatores de risco para a doença aterosclerótica como a hipertensão, tabagismo, dislipidemias, obesidade e o sedentarismo, procure um cirurgião vascular para uma consulta médica e, eventualmente, realizar um Eco Doppler Vascular. Isso é válido também para todos aqueles que possuem histórico familiar”, declara o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular da Regional São Paulo, Dr. Fabio H. Rossi.
Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo – SBACV-SP
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