Infectologista chama a atenção para a
importância do teste rápido
Desde 2017, todo mês de dezembro acontece nacionalmente
a campanha de prevenção ao HIV, Aids e outras Infecções Sexualmente
Transmissíveis (ISTs). Denominada “Dezembro Vermelho”, a ação tem foco na
prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas
que convivem com o vírus.
O HIV é transmitido por meio de relações sexuais
(vaginal, anal ou oral) desprotegidas (sem camisinha) com pessoa que já tem o
vírus, compartilhamento de objetos perfurocortantes contaminados (agulhas,
alicates etc.) e da mãe soropositiva, sem tratamento, para o filho durante a
gestação, parto ou amamentação.
Conforme dados da UNAIDS, programa das Nações Unidas
sobre HIV/Aids, em 2021, 38,4 milhões de pessoas no mundo viviam com a doença,
sendo que 1,5 milhão se tornaram recém-infectadas por HIV e 650 mil morreram
por doenças relacionadas à condição.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, de 1980 a
junho de 2022, foram identificados mais de 1 milhão de casos da doença. Só em
2021 foram notificados 40.880 casos de infecção por HIV.
De acordo com a infectologista Dra. Lilian Branco,
atuante no Hospital Dia M’Boi Mirim II e Hospital Dia Campo Limpo, gerenciados
pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a
Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, é importante entender que HIV e
Aids não são sinônimos, pois nem todas as pessoas que têm o vírus desenvolvem a
Aids.
Ela destaca que o HIV é o vírus que infecta o
indivíduo, enquanto a Aids é caracterizada quando o paciente contaminado pelo
HIV tem o sistema imunológico prejudicado, causando síndrome da
imunodeficiência adquirida (Aids). As células mais atingidas pelo vírus são as
de defesa, os linfócitos T CD4+.
“É fundamental que todo indivíduo que tenha relação
sexual ativa desprotegida, independentemente de ter um parceiro fixo, realize o
teste, porque não existem sintomas específicos de alerta à infecção pelo HIV.
Normalmente, demora um tempo. Em alguns casos, pode chegar em até mesmo uma
década para a pessoa infectada desenvolver um quadro de infecção oportunista que
faça o médico desconfiar de uma possível contaminação por HIV”, explica.
Quando o paciente faz o tratamento corretamente, é
possível chegar a um nível em que o HIV deixa de ser detectável no exame de
carga viral. Especificamente nestes casos, o indivíduo deixa de ser
transmissor, mesmo que haja relação sexual desprevenida. A especialista reitera
ainda que, quando o tratamento é realizado de forma adequada, o paciente tem a
mesma expectativa de vida que um indivíduo não infectado pelo HIV.
Quanto ao teste rápido de farmácia, Dra. Lilian
afirma que funciona bem e pode ser utilizado como triagem. Mas enfatiza que ele
sozinho não é diagnóstico. Neste sentido, vale salientar que, quando o teste de
farmácia der positivo, é preciso uma consulta médica, para confirmar o
resultado.
Avanços preventivos
A
infectologista do CEJAM destaca dois protocolos de saúde que fazem uso de
antirretrovirais e são acessíveis gratuitamente por meio do SUS: Profilaxia
Pós-Exposição (PEP) e Profilaxia Pré-Exposição (PrEP).
A PEP é uma medida preventiva de urgência que atende
pessoas expostas ao vírus HIV. Para que haja mais eficácia, é importante que o
indivíduo exposto inicie o tratamento o mais rápido possível, de preferência em
até 72 horas após o contato com o vírus.
Segundo a Secretaria
de Saúde Municipal de São Paulo, de 2017 até maio
de 2022, a rede de saúde paulista registrou a realização de mais de 78 mil
tratamentos com este protocolo.
Já a
PrEP é voltada para pessoas com maior risco de infecção pelo HIV. No caso,
exemplifica a especialista, ela funciona como um medicamento anti-HIV, é
ingerido diariamente para prevenção da contaminação, antes da exposição
ocorrer. “Importante ressaltar que a PrEP não imuniza contra outras ISTs, sendo
assim, se faz necessário outros meios de proteção, como o uso de preservativo”,
alerta.
Neste
cenário e em alusão ao “Dezembro Vermelho”, o CEJAM vem promovendo uma série de
ações de prevenção e conscientização nas unidades de saúde as quais gerencia.
Na Unidade Saúde da Família (USF) Jardim Planalto, em Mogi das Cruzes, por
exemplo, estão sendo realizados atendimentos em demanda livre para testes
rápidos de sífilis e HIV.
No Centro Especializado de Reabilitação (CER) IV M’Boi Mirim, na zona Sul de São Paulo, a população conta com palestras nas salas de espera, enquanto no Hospital M’Boi Mirim, também na zona Sul, os pacientes vêm sendo sensibilizados quanto a importância do uso do preservativo, como forma segura de prevenir ISTs.
Em linha com o projeto, a Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) Vera Cruz e a UBS Jardim São Bento estão distribuindo
preservativos e intensificaram a orientação sobre o HIV durante as visitas
domiciliares e as consultas.
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