A obesidade, com a licença do trocadilho, vem ganhando corpo no Brasil. Um dos últimos levantamentos sobre a incidência da doença aconteceu em 2019, pela Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). O resultado do estudo mostra que o país já possui 20,3% de sua população adulta composta por obesos. Isto significa que um em cada cinco brasileiros está com o índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30.
Comparando
aos números de 2006, a quantidade de adultos obesos cresceu 72%. Mas entre
crianças e adolescentes, o alerta também já está ligado. Informações do
Ministério da Saúde e da Organização Panamericana da Saúde indicam que 12,9%
das crianças com idade entre 5 e 9 anos estão obesas, ao passo que entre os
adolescentes na faixa dos 12 aos 17 anos, esse índice é de 7%.
“Os números
são preocupantes, mas certamente não são mais reais. A partir de 2020,
enfrentamos uma pandemia que trouxe muitas sequelas, dentre elas a elevação da
obesidade como consequência de uma profusão de casos de ansiedade e pelo
próprio período dentro de casa em razão do isolamento”, explica o cirurgião
bariátrico e do aparelho digestivo, e diretor do Instituto Mineiro de Obesidade
(IMO), Dr. Leonardo Salles
Uma estudo
realizado pela Ipsos2 em 30 países, intitulado Diet & Health Under Covid
19, revelam que mais da metade dos brasileiros (52%) ganharam em média 6,5 kg
extras desde o início da pandemia, sendo que homens e mulheres tiveram
crescimentos semelhantes do peso corporal. “Certamente entre os brasileiros
adultos os obesos já ultrapassam os 21%”, estima Dr. Leonardo.
Entre as
capitais, Belo Horizonte ocupa uma posição intermediária. Os dados da Vigitel
2019 indicam que 20,7% dos homens são obesos, enquanto o percentual de mulheres
é de 19,2%. Com a ressalva: os números são anteriores à pandemia. A capital
mineira ainda está aquém de Rio Branco (AC), onde 23,3% e 23,4% de homens e
mulheres, respectivamente, estão com IMC no mínimo em 30. Por outro lado, a
população de homens obesos supera consideravelmente a quantidade observada em
Vitória (ES), onde “apenas” 16% encontra-se nessas condições. Já entre as
mulheres das duas capitais, há um empate técnico.
“É relevante
compreender onde BH se situa nesse cenário nacional, mas mais ainda é
necessário nos atermos ao futuro. Há muitas estimativas que sugerem que o
Brasil entrará na próxima década com cerca de 30% da sua população adulta
composta por obesos”, afirma o médico do IMO. “Isso pode provocar um colapso na
saúde pública e simplesmente estourar os casos de problemas cardíacos no país
daqui a alguns anos”, complementa.
Segundo ele,
é necessário adotar medidas para combater e prevenir obesidade. Ele considera o
balão intragástrico, por exemplo, um método que alia eficiência à superação da
resistência de quem não consegue se enquadrar numa mudança rigorosa de hábito.
“O tratamento do balão, junto com a equipe multidisciplinar, auxilia no combate
à obesidade. Ele trata o peso, enquanto a equipe composta por psicólogos, nutricionistas,
psiquiatras e endocrinologistas, entre outros profissionais, cuida dos aspectos
mecânicos que interferem no peso do paciente. Com a ajuda de um profissional,
podemos vencer a obesidade de goleada”, afirma.
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