Com
a maior exposição a ambientes externos e ao sol no verão, devemos dar mais
atenção aos cuidados relacionados à exposição solar para evitar problemas
sérios e até doenças. Muitos adultos sabem que devem usar protetor solar e
evitar passar muito tempo sob o sol, mas quem cuida de crianças deve ter a
atenção redobrada, pois elas ainda não entendem o quanto o sol pode ser
perigoso. Falamos disso todos os anos, mas se trata de um tema relevante, que
precisa ser discutido a cada verão.
Embora
a incidência de câncer de pele em crianças seja baixa se comparada com a de
pessoas adultas, ela existe – de 1% a 3% dos casos de câncer infantil trata-se
de câncer de pele. E justamente pelo fato de ser rara, a doença tende a ser
diagnosticada tardiamente, impactando no tratamento e na cura. Além disso, o
calor, a umidade e a exposição solar podem causar outras condições bem chatas
de lidar e doloridas para os pequenos. Portanto, entre dezembro e janeiro,
precisamos relembrar a população a respeito das medidas preventivas ao
surgimento de câncer de pele, queimaduras, brotoejas, infecções cutâneas e
dermatoses.
O
câncer de pele é resultado dos efeitos da exposição solar em médio e longo
prazo e pode aparecer a partir do surgimento de lesões pigmentadas – conhecidas
como pintas ou nervos melanocíticos, os quais podem evoluir ou não para um
quadro maligno durante a vida. Ele aparece em adultos, crianças e adolescentes,
pois nossa pele tem “memória” e acumula os danos solares ao longo da vida.
O
grande problema é que, em média, as crianças se expõem três vezes mais ao sol
do que as pessoas adultas, e a maior parte da radiação UV (ultravioleta), cerca
de 80%, vai se acumulando na derme durante a infância e adolescência. A maior
preocupação é esse dano solar crônico, que vai acontecendo progressivamente
como resultado da exposição solar diária sem proteção em qualquer atividade ao
ar livre, como na escola e no carro, sem a devida prevenção – o que ocorre
durante todo o ano, não somente no verão. Além disso, outro fator de atenção é a
hereditariedade: quando há histórico de melanoma na família, é essencial tomar
todos os cuidados preventivos possíveis. E, mais uma coisa: queimaduras solares
na infância aumentam as chances de o adulto desenvolver câncer de pele.
Sobre
as outras condições que surgem no calor, mães e pais conhecem bem as chatinhas
brotoejas, dermatoses e infecções diversas. No calor elas tendem a aparecer
mais e a incomodar mais também. Depende de nós, mães, pais e cuidadores,
estarmos atentos a alguns cuidados importantes que vão deixar as férias mais
prazerosas e ajudar a evitar a possibilidade de câncer de pele no futuro.
- Evite
levar bebês menores de um ano à praia ou piscina. Se levar, mantenha-o
sempre à sombra, protegido com chapéu de abas largas, bonés. Tem também
aquelas roupinhas que protegem contra raios UV, algumas da cabeça aos pés.
Aposte nelas, desde que tenham certificado de eficiência.
- Crianças
devem aproveitar o sol da manhã, até as 10h, e do final da tarde, a partir
das 16h, evitando o pico de incidência de radiação ultravioleta B,
principal responsável por queimaduras e alterações que podem levar ao
câncer de pele;
- Lembre-se
de proteger bem (com protetor solar e acessórios) rosto, o couro cabeludo,
as orelhas, o pescoço, os antebraços, e as mãos;
- Evite
deixar as crianças com roupas úmidas por muito tempo, lembrando sempre de
secar bem partes como virilha, vão dos dedos, pescoço e outras regiões do
corpo com dobrinhas de pele.
- O
filtro solar precisa ser de marcas reconhecidas por sua eficácia, com
proteção contra radiação UVA e UVB. Aplique-o sempre à sombra, pelo menos
20 minutos antes da exposição ao sol. Reaplique a cada duas ou três horas.
E atenção, se a criança ficar mais de 5 minutos na água, o ideal é
reaplicar o produto novamente na pele seca logo em seguida. Lembrando que
menores de 6 meses não podem usar protetor solar químico pela fragilidade
da pele e somente protetores de barreira como roupas e chapéus.
- Ofereça
bastante líquido para evitar a desidratação e peça orientação ao pediatra
sobre quais cremes utilizar;
- Fique
atento aos dias nublados. Superfícies como areia,
água e concreto refletem os raios solares e aumentam o risco de
queimaduras;
- Mantenha a
hidratação das crianças, isso é fundamental. Ofereça também frutas ricas
em líquidos, como melancia, melão e
mamão
- Cuidado
com o consumo de alimentos perecíveis com armazenamento duvidoso, como
aqueles vendidos em praias e parques. A incidência de doenças diarreicas
no verão é comum e pode levar a quadros de desidratação e internação.
Na
dúvida, não deixe de procurar seu pediatra ou dermatologista de confiança. Ele
é a melhor pessoa para indicar os produtos mais adequados à pele de seus filhos
e orientar quanto aos cuidados com o sol e o calor.
Claudia Lopes - pediatra e professora do curso de
Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.
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