Contato com a água e alimentos contaminados em enchentes aumentam o risco de doenças como a hepatite A e leptospirose; veja dicas de cuidados
Com a chegada do
período de chuvas mais intensas em diversas regiões do país, aumentam os casos
de enchentes em diversas cidades. Além dos transtornos mais comuns, como perda
de bens e dificuldade de locomoção, há ainda a preocupação com a saúde, já que
muitas doenças podem ser transmitidas em alagamentos.
“Em cheias, a
água da chuva se mistura com a água do esgoto, que está contaminada com urina e
fezes infectadas por vírus e bactérias causadoras de doenças, como a hepatite A
e leptospirose”, explica Juan Carlos Boado, diretor Técnico do Hospital Bom
Pastor, localizado em Guajará-Mirim, Rondônia.
“O acúmulo de
água também favorece a proliferação do aedes aegypti, transmissor da dengue,
zika, chikungunya e até febre amarela”, complementa o especialista.
Pertencente à
Pró-Saúde, uma das maiores entidades filantrópicas de gestão hospitalar do
país, o Hospital Bom Pastor realiza consultas, exames, cirurgias, partos e
internações, com estrutura pensada especialmente para a população indígena em
uma localidade remota do Brasil.
Confira
mais detalhes sobre algumas doenças:
Dengue: O perigo das enchentes se encontra nas poças que
permanecem no local e acúmulo de água em lixo e outros objetos. Durante o
verão, esses locais se tornam criadouro para o mosquito transmissor da dengue,
que geralmente provoca inflamação nos vasos sanguíneos, causando febre, dor nas
articulações, dor muscular, falta de apetite, enjoo, vômito e manchas vermelhas
no corpo. "Dores intensas na barriga, vômitos persistentes,
acúmulo de líquidos na região do abdômen, coração ou pulmão, sangramento,
pressão baixa e aumento do fígado podem indicar dengue hemorrágica. Nesse caso,
é indispensável recorrer ao atendimento médico”, diz o doutor.
Hepatite
A: Trata-se de uma doença causada por
vírus, que tem acesso ao organismo por meio da ingestão de líquidos e alimentos
contaminados pela água de enchente. Por isso, é importante descartar qualquer
alimento que entrou em contato com a água, mesmo os embalados. É necessário ter
atenção também à caixa d’água e outros reservatórios da residência. “Tomar
banho com a água contaminada também propicia a disseminação de hepatite A, já
que a água encosta na boca e mucosas do corpo, infectando o indivíduo”, alerta
Dr. Juan. Não existe um tratamento específico para o vírus, mas há vacinas
disponíveis para crianças menores de cinco anos, e pessoas com doença no
fígado.
Leptospirose:
Conhecida como doença do rato, é
transmitida pela urina de roedores infectados que se espalha na enchente. Ao
entrar em contato com a água contaminada, a bactéria Leptospira consegue
invadir a pele, causando a doença – feridas aumentam as chances de
contaminação. Casos críticos da leptospirose causam icterícia (pele e olhos
amarelados), hemorragias, insuficiência renal, hepática e respiratória.
“Geralmente, os sintomas são parecidos com os de outras doenças, como a gripe e
a dengue. Por isso, ao buscar ajuda médica, é importante avisar que você entrou
em contato com a água da enchente”, enfatiza Juan.
Medidas
de proteção
Também existem
outras doenças relacionadas à contaminação da água, como diarreia bacteriana,
febre tifoide, micose e até mesmo tétano. Para manter a proteção à saúde nessas
ocasiões, o Hospital Bom Pastor lista algumas dicas, confira:
• Beba água
potável. Para garantir que a água é segura, ferva-a por ao menos um minuto, ou
adicione duas gotas de água sanitária para cada litro de água;
• Evite o
contato direto com a água de enchentes. Caso isso não seja possível, é
importante permanecer o menor tempo na água ou na lama;
• Jogue fora
todo alimento ou medicamento que entrou em contato com a água da enchente;
• Limpe os
ambientes atingidos pelo alagamento, mantendo os membros superiores e
inferiores protegidos com sacolas, ou botas e luvas;
• Mantenha a
vacinação em dia. Doenças como diarreia por rotavírus, influenza, meningite,
rubéola e tétano podem ser evitadas pela vacinação;
• Os utensílios
domésticos podem ser higienizados com desinfetante, água sanitária e água (os
de madeira, como taboas, devem ser descartados);
• Pisos, paredes
e móveis podem ser limpos primeiramente com uma solução de água e sabão, e
posteriormente com água e água sanitária.
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