Justin Bieber, Avril Lavigne, Ben Stiller e Alec Baldwin são personalidades que lutam contra a enfermidade
A Doença de Lyme acomete nomes
como Justin Bieber, Avril Lavigne, Ben Stiller e Alec Baldwin, podendo até ter
sido a causadora da morte de Charles Darwin. A enfermidade é combatida por
antibióticos direcionados à bactéria causadora, Borrelia bugdorferi ou Borrelia
mayonii; o carrapato vetor não é encontrado no Brasil.
O cantor Justin Bieber, de 28 anos, cancelou
apresentações que faria neste mês de junho na América do Norte devido à piora
do quadro de sua saúde. Uma das doenças que o astro possui é a Doença de Lyme,
infecção bacteriana transmitida por carrapatos que pode acarretar complicações
cardíacas e neurológicas. Nomes como Avril Lavigne, Ben Stiller e Alec Baldwin
também são vítimas da condição. Inclusive, um estudo feito pelos pesquisadores
holandeses Kompanje e Jelle Reumer, do Museu de História Natural de Roterdã,
divulgado em 2019, discute a possibilidade de a patologia ter sido a
responsável pela morte de Charles Darwin em 1882.
João Otavio Ribas Zahdi, médico clínico,
nefrologista, coordenador do serviço de Clínica Médica do Hospital
Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM) e professor do estágio de Clínica
Médica da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) destaca que a
enfermidade é combatida por antibióticos direcionados à bactéria causadora, Borrelia
bugdorferi ou Borrelia mayonii. “Dependendo da fase da doença e dos
órgãos acometidos, o tempo de antibioticoterapia varia entre 10 e 28 dias.
Conforme a repercussão clínica, terapêuticas adjuvantes podem ser utilizadas.
Para manejo das dores articulares, além da antibioticoterapia, os
anti-inflamatórios não-esteroidais são boa opção. Caso haja derrame articular,
seu esvaziamento por meio de artrocentese também traz imediata resposta à
limitação dolorosa. Em caso de bloqueios cardíacos, não raro é indicado
marca-passo temporário”, recomenda.
Casos não tratados podem evoluir, em especial, com
sequelas articulares, como artralgias persistentes e cistos articulares ou
neurológicas, com neurite motora, sensitiva, até mesmo déficit cognitivo.
Segundo o especialista do Mackenzie, com o tratamento adequado, há erradicação
da bactéria e a consequente cura, porém, alguns pacientes mantêm repercussões
persistentes, como artralgias e neuropatias, secundárias à manutenção da
resposta imune do organismo, necessitando de acompanhamento e terapêuticas
específicas.
João Otavio afirma que, por ser uma doença
transmitida por carrapatos, a exposição está diretamente relacionada ao risco
de contágio. “Ela é mais comum em população jovem, por tratar-se de grupos com
maior exposição a áreas florestais. A melhor maneira de prevenção consiste em
evitar ao máximo o risco de contato com o carrapato transmissor. Caso a
exposição seja inevitável, deve ser feito exame minucioso do corpo inteiro,
removendo qualquer carrapato encontrado”. No entanto, ele pontua que o
carrapato pode passar despercebido em uma inspeção menos detalhada, visto que é
menor do que aqueles encontrados em cães.
Camila Sacchelli, imunologista da Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM), avalia que até o momento não há vacinas,
contudo, o tratamento é eficaz para a forma aguda da doença. “Em alguns casos,
o quadro grave ocorre na fase crônica, quando alguns pacientes apresentam
quadros de autoimunidade, com dores reumáticas, ou até mesmo encefalites”. A
imunologista ainda ressalta que há uma vacina da Pfizer em fase de teste
clínico, tendo chances de ser disponibilizada em breve. “Se baseia em uma
proteína de superfície da bactéria e está sendo testada em adultos e crianças”.
É de suma importância a avaliação do paciente por
um profissional experiente em doenças infecciosas sempre que houver a mínima
suspeita, porque o diagnóstico depende de uma associação
clínico-epidemiológica-laboratorial. A prevenção e o diagnóstico precoce são
sempre a melhor alternativa.
No Brasil, a enfermidade é considerada
rara. Camila Sacchelli salienta que o
carrapato vetor não é encontrado em território brasileiro, mas que podemos
enfrentar uma doença parecida, causada possivelmente por uma outra bactéria do
mesmo gênero: a doença de Lyme símile. “Vale salientar que temos outras
espécies de carrapatos que transmitem a febre maculosa (Rickettsia), doença
potencialmente fatal, para qual há tratamento no SUS, mas que deve ser iniciado
o quanto antes”.
Os principais sintomas de Lyme são: cansaço; febre; calafrios; dor de cabeça; rigidez no
pescoço; dores nas costas, músculos e articulações; manchas vermelhas; náuseas;
vômito; dor de garganta; e inchaço nos linfonodos. Os sinais de infecção podem
aparecer de 3 a 32 dias após a picada de um carrapato.
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