A proposta também deverá chegar ao Brasil, que comemora no dia 26 de junho o Dia Nacional do Diabetes.
A perda de peso está sendo apontada
mundialmente como um dos principais passos para evitar a progressão do Diabetes
Tipo 2 e garantir o controle da glicemia. A informação começou a ser divulgada
no início do mês de junho, durante o 82nd Scientific Sessions of the
American Diabetes Association, realizado no Estados Unidos, onde as
Sociedades Americana e Europeia de Diabetes propuseram um novo algoritmo,
orientado que o tratamento da obesidade é o passo inicial para o tratamento do
diabetes tipo 2 e, consequentemente, para reduzir os índices glicêmicos.
Um novo algoritmo significa rever as
diretrizes que irão guiar o tratamento de uma doença, principalmente de doenças
crônicas como diabetes tipo 2. Os algoritmos - publicados anualmente pela
Sociedade Americana de Diabetes - regulam desde o tratamento nos consultórios e
chegam até a revisão de políticas públicas para o tratamento do diabetes tipo 2
no país. Isso inclui o passo a passo dos cuidados, como será a infraestrutura e
a ordem de condutas, sejam elas clínicas ou cirúrgicas.
A proposta também deverá chegar ao
Brasil, que comemora no dia 26 de junho o Dia Nacional do Diabetes.
"As novas diretrizes são
revistas e publicadas anualmente pela Sociedade Americana e, com toda certeza,
servirão como ponto chave para a publicação das novas diretrizes brasileiras em
breve", explica o médico endocrinologista André Vianna, que também é
coordenador do departamento de educação da Sociedade Brasileira de Diabetes
(SBD).
Segundo ele, sempre se soube que a
obesidade era o fator fundamental, bem como a tarefa mais desafiadora para uma
pessoa com diabetes tipo 2. "No entanto, apenas agora está sendo colocado
este fator em primeiro lugar", destacou o endocrinologista.
Embasamento
científico - A mudança proposta pelas Sociedades
Americanas e Européia de Diabetes, utilizaram como base um estudo científico,
publicado em setembro de 2021, na revista The Lancet, importante periódico
internacional, demonstrou que naqueles pacientes portadores de diabetes
associados à obesidade, a perda de peso é o primeiro passo para controle da
glicemia e para evitar a progressão da doença e de suas complicações, como a
insuficiência renal e eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e AVC
(acidente vascular cerebral). Os novos agentes farmacológicos, apesar de ainda
com estudos com curto tempo de seguimento, têm resultados excelentes em relação
à perda de peso e controle da glicemia. Porém, como acontece com qualquer
tratamento médico, existem pacientes que não têm a resposta esperada ao
tratamento medicamentoso. Assim, para aqueles onde o melhor tratamento não
consegue o objetivo, a cirurgia metabólica aparece com destaque no novo
algoritmo proposto.
O artigo do The Lancet contou com a
participação do Dr. Ricardo Cohen, Coordenador do Centro Especializado em
Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, além de pesquisadores dos
EUA, Austrália e Irlanda. “Esta é a primeira vez que a perda de peso é mencionada
como passo inicial no tratamento do diabetes tipo 2 para que depois haja
redução na glicemia, ou seja, o emagrecimento foi apontado como a principal
ferramenta para interromper a evolução da doença a longo prazo”, afirma o Dr.
Ricardo Cohen, coordenador do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz e um dos autores da publicação.
Dados -
Recentemente, a Federação Internacional de Diabetes (IFD, na sigla
em inglês) publicou a 10ª edição do Atlas do Diabetes. Os dados mostram o
crescimento da doença e colocam o Brasil no ranking entre os países em que há
maior prevalência e despesas com tratamento.
Neste ano, o custo estimado do diabetes
no Brasil é de 42,9 bilhões de dólares, ficando atrás apenas da China e Estados
Unidos, com US$ 165,3 bi e US$ 379,5 bi, respectivamente. Segundo o
relatório, o Brasil é o sexto país do mundo com o maior número de pacientes com
diabetes. São cerca de 15,7 milhões de pessoas convivendo com a doença. Até
2045, a estimativa é que tenhamos no país cerca de 23,2 milhões de pacientes.
Por ser uma doença que não apresenta sintomas em sua fase inicial, o diabetes é
difícil de ser diagnosticado. A nova edição do Atlas estima que só no Brasil
cerca de 5 milhões de pessoas não saibam que estão com diabetes.
Sobrepeso e
obesidade são fatores de risco
Estima-se que 90% dos casos de diabetes
no mundo sejam do Tipo 2. Apesar da genética ter uma forte influência no
desenvolvimento da doença, o sobrepeso e a obesidade são os principais motivos do
crescimento deste tipo de diabetes no mundo. O tratamento para o Diabetes tipo
2 inclui tratamento clínico, mudanças no estilo de vida, prática de exercícios
físicos e a introdução de uma dieta adequada. Pacientes com IMC acima de 30 que
não estão obtendo resultados com mudanças no estilo de vida e medicamentos
podem ter indicação para a cirurgia metabólica.
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