Em
busca de estabelecer mais equidade entre os alunos e suas relações de trabalho,
professores muitas vezes pensam em projetos nos quais os estudantes possam se
alinhar em relação a questões específicas como interesses, temas e atividades.
No entanto, a solidariedade que envolve o trabalho em grupo na sala de aula é
apenas o primeiro passo para a formação de um cidadão mais consciente,
principalmente em meio à crise que os impactos da pandemia de covid-19 causaram
no ensino-aprendizagem.
Promover
o protagonismo dos alunos por meio de atividades que oportunizem a
experimentação, a criatividade e a liderança, propicia a formação de uma
mentalidade global e de um entendimento de mundo mais aguçado, além do
desenvolvimento do pensamento crítico. Para isso, apenas a sala de aula como
cenário não é suficiente. É preciso incluir na vida acadêmica oportunidades de
vivenciar o que os alunos veem na teoria.
Dentro
da sala de aula, a solidariedade pode ser estimulada pelo trabalho em grupo,
que promove a aprendizagem colaborativa e proporciona diferentes formas de
aprender. Além da comunicação ser diferente e colocar o aluno como
protagonista, a aprendizagem colaborativa oportuniza aprender e ensinar ao
mesmo tempo. É como ter um sistema de hiperlinks
dentro da sala de aula, no qual cada integrante do grupo, incluindo o
professor, pode acrescentar algo ou mostrar uma nova perspectiva sobre o
assunto.
Esse
tipo de trabalho oportuniza também a expansão do círculo de preocupação e
cuidado dos alunos, ao conhecer melhor as pessoas com quem dividem a sala
de aula ou mesmo a escola. Eles passam a olhar com mais atenção para alguém com
quem não interagiam com tanta frequência e que podem ter muito em comum, ou
seja, desenvolvem um olhar diferenciado que cultiva a empatia.
Embora
seja um ambiente que promove essas interações, a sala de aula não é o único
lugar onde a solidariedade deve fazer parte na vida de um aluno. Conhecer e
compreender sua realidade local é também uma forma de conhecer o mundo. É muito
comum que escolas internacionais apresentem em seus currículos oportunidades de
trabalho voluntário ou projetos com a comunidade local. Vale ressaltar que o
chamado learning service
deve ir além do assistencialismo, um erro muito comum entre os estudantes. Ser
solidário não é apenas fazer campanhas de doação, arrecadar brinquedos no Natal
ou chocolates na Páscoa, mas também compreender a importância do processo de
construção de uma identidade ética sólida, ou seja, o desenvolvimento de uma
consciência moral que oriente nossas ações. Para isso, conhecer a realidade da
comunidade local e refletir sobre ela é de extrema importância para qualquer
projeto.
Ter
empatia e desenvolver a solidariedade nesse engajamento da comunidade escolar
em projetos assim, mostra que não se pode ajudar os outros a fazer o bem para a comunidade, mas
sim fazer o bem com
ela. É quando isso acontece que os alunos compreendem que eles podem, sim, ter
ações que impactam no mundo, mas agem nos seus limites geográficos possíveis.
Encorajar
e impulsionar o desenvolvimento da solidariedade é também uma forma de promover
o cuidado com si mesmo. Acima de tudo, o estudante deve sempre refletir sobre o
que faz, e considerar os impactos que suas ações podem ter para si e para os
outros. E este olhar voltado a si mesmo, tem sido muito importante na recuperação
dos impactos da pandemia em sala de aula. Reconhecer a aprendizagem em
situações reais é alavancar a aprendizagem para outros níveis de conhecimento e
de construção de pensamento crítico, além de perceber que não se está sozinho
nesse caminho, e que cada pequena ação pode ter um grande impacto.
Juliana Lazari - coordenadora do
IB Diploma Programme, professora de Artes Visuais do Positivo
International School.
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