Pesquisadores do setor apontaram as tendências e oportunidades da área durante o Alltech ONE Conference
A aquicultura é a proteína
que mais cresce no mundo – mas a indústria aquícola está pronta para atender a
essa demanda? Foi a partir desta pergunta central que especialistas em
aquicultura ao redor do mundo se reuniram no Alltech ONE Conference, que
ocorreu de 22 a 24 de maio em Lexington, Kentucky (EUA), para debater temas
relacionados à importância da nutrição e de recursos mais sustentáveis na
aquicultura global, apresentando uma visão holística de saúde intestinal,
precursores de probióticos e acompanhamento da pegada de carbono, além do que
um mundo pós-pandemia reserva para o futuro do setor.
Tecnologia à frente
O pesquisador da
Universidade de Glasgow, Dr. Martin Llewellyn, compartilhou em sua apresentação
no Alltech ONE Conference os mais recentes avanços na nutrição de peixes. Um
deles foi desenvolvido pelo próprio Llewellyn em parceria com a Alltech, o SalmonSim: simulador
do sistema digestivo de salmão que facilita as pesquisas sem precisar envolver
o animal vivo em laboratórios ou no campo. “O programa consegue assim reduzir
custos, reutilizar o “modelo biológico” quantas vezes for preciso e substituir
o animal vivo por uma avaliação ‘in
vitro’”.
De acordo com o pesquisador,
existe uma economia de tempo e recursos gerada com o sistema, uma vez que as
avaliações “in vivo”
são extremamente caras e demoradas para a espécie. “Os microorganismos ficam
vivos por até 20 dias no sistema, permitindo que sejam avaliados os índices de
sobrevivência de probióticos, digestibilidade de nutrientes, desenvolvimento de
simbióticos, ação de patógenos, avaliação dos medicamentos e ação de
probióticos no crescimento da microbiota. Com esses resultados é possível,
então, escalarmos as melhores opções de matérias-primas e aditivos para a
avaliação nos animais vivos”, explica.
Uma das pesquisas
apresentadas pelo palestrante mostrou que a inclusão do prebiótico da Alltech,
o Bio-Mos, apresentou maior produção
de ácidos graxos voláteis, como ácido fórmico, ácido propiônico, ácido valérico
e ácido 3-metil butírico. “Com essas alterações, foram observadas mudanças na
composição da comunidade microbiana, como o aumento de Carobacterium, um ácido
lático produzido por bactérias e que é estudado como potencial probiótico,
mostrando que este é um aditivo importante a ser adicionado nas rações”,
explica.
Pegada de carbono na
aquicultura
Quem também marcou
presença no Alltech ONE Conference foi a pesquisadora de nutrição da Alltech
Coppens, Maud Valkenaars. De acordo com ela, para melhor quantificar os
impactos ambientais de forma direta e indireta, além de questões sociais e
econômicas, é preciso acompanhar o produto até o fim da vida, considerando o
processamento dos materiais e produtos, distribuição e transporte. “A Alltech
Coppens possui um cálculo que apresenta o ônus da sustentabilidade de um
recurso ou setor que é baseado no uso de avaliações do ciclo da vida (LCA,
sigla em inglês), que é utilizado para tomada de decisões a favor de um
desenvolvimento sustentável”, afirma.
A pesquisadora afirma que
atualmente esse acompanhamento é visto como um diferencial para algumas
empresas, mas se tornará exigência em alguns anos, uma vez que as tomadas de
decisão individuais dos consumidores podem afetar um todo de modo
significativo. “Uma aquicultura forte precisará de trabalho preciso e boa
percepção, comunicação, consciência e transparência”, afirmou em sua apresentação.
Enzimas para aquicultura
Para o gerente global de
aquicultura da Alltech, Phillip
Lyons, as enzimas para aquicultura ainda
são subutilizadas, ainda que elas tenham uma importância imprescindível na
absorção de nutrientes e redução de custos de ração. “Há um trabalho que
demonstra melhor aproveitamento do fósforo em bagres, mesmo a dieta tendo
passado pelo processo de extrusão e secagem”, afirma.
Para ele, o
acesso a mais fontes de pesquisa ajudará a mostrar realidades como a das
enzimas aos produtores. “Empresas grandes como o Google já olham com atenção
para o setor, e a entrada de tecnologias que monitoram a alimentação,
crescimento, comportamento, tempo de vida, qualidade de barbatanas e
desenvolvimento morfológico, nos dão uma visão de como nossa realidade já é
diferente. Por isso técnicos especialistas em big data serão mão de obra
importante para uma produção de sucesso”, prevê o especialista.
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