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terça-feira, 14 de junho de 2022

3 insights sobre o futuro da aquicultura

Pesquisadores do setor apontaram as tendências e oportunidades da área durante o Alltech ONE Conference

 

A aquicultura é a proteína que mais cresce no mundo – mas a indústria aquícola está pronta para atender a essa demanda? Foi a partir desta pergunta central que especialistas em aquicultura ao redor do mundo se reuniram no Alltech ONE Conference, que ocorreu de 22 a 24 de maio em Lexington, Kentucky (EUA), para debater temas relacionados à importância da nutrição e de recursos mais sustentáveis na aquicultura global, apresentando uma visão holística de saúde intestinal, precursores de probióticos e acompanhamento da pegada de carbono, além do que um mundo pós-pandemia reserva para o futuro do setor.

 

Tecnologia à frente 

 

O pesquisador da Universidade de Glasgow, Dr. Martin Llewellyn, compartilhou em sua apresentação no Alltech ONE Conference os mais recentes avanços na nutrição de peixes. Um deles foi desenvolvido pelo próprio Llewellyn em parceria com a Alltech, o SalmonSim: simulador do sistema digestivo de salmão que facilita as pesquisas sem precisar envolver o animal vivo em laboratórios ou no campo. “O programa consegue assim reduzir custos, reutilizar o “modelo biológico” quantas vezes for preciso e substituir o animal vivo por uma avaliação ‘in vitro’”.

 

De acordo com o pesquisador, existe uma economia de tempo e recursos gerada com o sistema, uma vez que as avaliações “in vivo” são extremamente caras e demoradas para a espécie. “Os microorganismos ficam vivos por até 20 dias no sistema, permitindo que sejam avaliados os índices de sobrevivência de probióticos, digestibilidade de nutrientes, desenvolvimento de simbióticos, ação de patógenos, avaliação dos medicamentos e ação de probióticos no crescimento da microbiota. Com esses resultados é possível, então, escalarmos as melhores opções de matérias-primas e aditivos para a avaliação nos animais vivos”, explica. 

 

Uma das pesquisas apresentadas pelo palestrante mostrou que a inclusão do prebiótico da Alltech, o Bio-Mos, apresentou maior produção de ácidos graxos voláteis, como ácido fórmico, ácido propiônico, ácido valérico e ácido 3-metil butírico. “Com essas alterações, foram observadas mudanças na composição da comunidade microbiana, como o aumento de Carobacterium, um ácido lático produzido por bactérias e que é estudado como potencial probiótico, mostrando que este é um aditivo importante a ser adicionado nas rações”, explica. 

 

Pegada de carbono na aquicultura

 

Quem também marcou presença no Alltech ONE Conference foi a pesquisadora de nutrição da Alltech Coppens, Maud Valkenaars. De acordo com ela, para melhor quantificar os impactos ambientais de forma direta e indireta, além de questões sociais e econômicas, é preciso acompanhar o produto até o fim da vida, considerando o processamento dos materiais e produtos, distribuição e transporte. “A Alltech Coppens possui um cálculo que apresenta o ônus da sustentabilidade de um recurso ou setor que é baseado no uso de avaliações do ciclo da vida (LCA, sigla em inglês), que é utilizado para tomada de decisões a favor de um desenvolvimento sustentável”, afirma. 

 

A pesquisadora afirma que atualmente esse acompanhamento é visto como um diferencial para algumas empresas, mas se tornará exigência em alguns anos, uma vez que as tomadas de decisão individuais dos consumidores podem afetar um todo de modo significativo. “Uma aquicultura forte precisará de trabalho preciso e boa percepção, comunicação, consciência e transparência”, afirmou em sua apresentação. 

 

Enzimas para aquicultura

 

Para o gerente global de aquicultura da Alltech, Phillip Lyons, as enzimas para aquicultura ainda são subutilizadas, ainda que elas tenham uma importância imprescindível na absorção de nutrientes e redução de custos de ração. “Há um trabalho que demonstra melhor aproveitamento do fósforo em bagres, mesmo a dieta tendo passado pelo processo de extrusão e secagem”, afirma. 


Para ele, o acesso a mais fontes de pesquisa ajudará a mostrar realidades como a das enzimas aos produtores. “Empresas grandes como o Google já olham com atenção para o setor, e a entrada de tecnologias que monitoram a alimentação, crescimento, comportamento, tempo de vida, qualidade de barbatanas e desenvolvimento morfológico, nos dão uma visão de como nossa realidade já é diferente. Por isso técnicos especialistas em big data serão mão de obra importante para uma produção de sucesso”, prevê o especialista.


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