Instituição com mais de três séculos e
meio de existência e com presença em todos os municípios brasileiros, os
Correios sabem bem a importância do seu papel na sociedade para a promoção da
cidadania em todos os aspectos. Um deles reside no trabalho para incentivar a
inclusão social. Nesse sentido, entre os projetos e programas desenvolvidos
pela estatal para incentivar a acessibilidade, um dos focos é a comunidade
surda.
O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) estima que o número de pessoas com deficiência auditiva no
Brasil ultrapasse 10 milhões de brasileiros, o que corresponde a cerca de 5% da
população. Desse total, 2,7 milhões apresentam surdez profunda, ou seja, não
ouvem nada.
Para a maior parte do povo surdo, a
comunicação só é possível por meio da língua de sinais. No Brasil, há exatos 20
anos, a Libras, sigla de Língua Brasileira de Sinais, foi reconhecida como meio
legal de comunicação e expressão no país pela lei nº 10.436/2002.
Libras está na lista de cursos
oferecidos a todos os empregados pela Universidade Correios desde 2011. Com um
total de 16 horas, “Aprendendo Libras como Segunda Língua – nível básico” foi
desenvolvido pelo Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e tem como
intenção principal o atendimento ao cliente. Na modalidade online, a proposta é
oferecer as noções básicas da Língua Brasileira de Sinais, de forma
descomplicada, prática e aplicável no dia a dia, podendo ser a porta de entrada
para quem deseja se aperfeiçoar.
De 2014 ao início de maio de 2022,
mais de 27 mil empregados concluíram o curso e muitos sentiram-se estimulados,
a partir desse primeiro contato com a língua de sinais, a seguirem os estudos,
ampliando a fluência em Libras.
A língua de sinais não pode ser
confundida com uma linguagem e, muito menos, com mímica ou gestos aleatórios.
Como toda língua falada, ela possui uma gramática própria, tem as suas próprias
construções, semânticas e regionalismos. Inclusive não existe uma língua de
sinais universal, cada país tem a sua, assim como é com os idiomas verbais.
“Pesquisas de 1960 já detalhavam a estrutura das línguas de sinais e
comprovaram que possuem os mesmos universais linguísticos das línguas orais.
Tudo que podemos fazer utilizando as línguas orais, também podemos fazer
utilizando as línguas de sinais: poesias, metáforas, memes, piadas, discursos
formais e informais, produzir textos acadêmicos, jornalísticos etc. Existem muitos
regionalismos em Libras, por exemplo, o sinal para ‘pai’ no Rio Grande do Sul é
diferente do utilizado em Santa Catarina, que é o sinal composto de ‘homem +
benção’”, explica a professora do IFSC e doutora em Linguística Simone
Gonçalves de Lima da Silva.
Para além do curso, os Correios também
divulgam a língua de sinais e incentivam a acessibilidade por meio da
Filatelia. Em 2020, a empresa lançou a emissão especial Alfabeto
em Libras. A folha composta por 30 selos traz cada uma das representações
dos sinais que simbolizam as 26 letras do alfabeto em Libras e quatro
expressões muito usadas: Brasil, Brincar, Eu te Amo e Acessível em Libras. O
lançamento foi acompanhado de um vídeo
sobre a importância da língua de sinais.
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