Podcasts de gêneros pouco explorados há pouco mais de dois anos começam a ganhar força
Um estudo desenvolvido em
2019 pelo Núcleo de Inovação em Mídia Digital do Centro Universitário FAAP
(NiMD-FAAP) revelou que havia a oportunidade e espaço para o surgimento de
temas e novos formatos em podcasts, ainda pouco explorados no Brasil, como
conteúdo voltado ao gênero Adulto/Erotismo. De lá pra cá, houve uma
significativa mudança e, hoje, há desde conteúdos independentes até a entrada
de canais de TV neste segmento da podosfera.
No mês passado, por exemplo,
foi anunciada a segunda temporada do podcast Sexy Hot. Há ainda o “Só para
Maiores”, que estreou no final de 2021, com base nos roteiros dos filmes
originais do canal. Com uma nova temporada em vista, o podcast agora dará
vida às melhores histórias enviadas pelo público a partir de um site dedicado
exclusivamente à ação.
“Quando havia algo para este
nicho, normalmente era um episódio isolado e que estava no contexto de um
bate-papo, mas o estudo previu que havia um mercado a ser explorado, uma vez
que 24% dos que responderam à pesquisa na época demonstraram interesse nesse
tipo de conteúdo”, explica o professor de criação e produção de áudio da FAAP,
Marcelo Abud.
Outra tendência relacionada pela pesquisa do NiMD-FAAP foi para a
criação de mais conteúdos que explorassem a contação de histórias e audiodramas
(feitos nos mesmos moldes das antigas radionovelas). No levantamento feito há
dois anos, esse segmento correspondia a menos de 2% dos áudios disponíveis nas
plataformas de podcasts.
Hoje, há inúmeras iniciativas do gênero, desde aqueles dedicados a
histórias para fazer a criança ninar, que tem como um dos destaques o “Era uma
Vez Podcast”, de Carol Camanho, passando por iniciativas de grupos de teatro,
como o tradicional Galpão, que fez a radionovela “Quer Ver? Escuta!”, até
conteúdos tradicionais como a “Carta da Saudade”, de Eli Corrêa. Além disso,
plataformas como o Spotify, com o Paciente 63, e a brasileira Orelo, com “A
Febre de Kuru”, apostaram em grandes produções no formato de audiodrama.
“Um dos fatores que pode ter impulsionado a criação de conteúdos
mais elaborados é a necessidade de canais de TV e de artistas se reinventarem
para continuar a entregar conteúdos criativos e de qualidade, só que agora
produzidos a distância”, destaca o professor. Ele lembra, por exemplo, a
temporada da Nova Escolinha do Professor Raimundo e outros programas da TV
Globo que ganharam suas versões em séries de áudio.
Para além da
imposição que vem a partir do distanciamento social, o professor Marcelo aponta
que os podcasts criados nos últimos dois anos possuem uma qualidade acima do
que vinha sendo feito, o que torna a podosfera ainda mais atraente para um
público cada vez mais diverso e amplo.
Outro fator apontado pelo
professor é o cansaço do convívio com telas para as mais diferentes atividades,
que também gerou uma busca pelo áudio para gêneros mais artísticos, como cinema
e teatro.
Sobre oportunidades nesse universo, ele destaca
que a produção de trilhas originais ainda é pouco valorizada. “Há espaço para a
criação de marcas sonoras e trilhas que se identifiquem com os conteúdos. Hoje,
temos bons exemplos acontecendo, mas ainda estão restritos a audiosséries e
audiodramas. Cabe investir em trilhas para podcasts mais jornalísticos e,
também, institucionais”, finaliza.
O estudo “Tendências do
Podcast no Brasil: Formatos e Demandas”, desenvolvido em 2019, pode ser revisto
no site
do NiMD FAAP.
Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP)
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